Como a acupuntura ajuda a fertilidade?
É do conhecimento de todos que os problemas de fertilidade têm vindo a aumentar nas últimas décadas. Estima-se que um quarto dos casais tem dificuldade em conseguir uma gravidez e que um sexto dos casais acaba mesmo por recorrer a ajuda especializada, com todos os custos emocionais (e económicos) associados.
A infertilidade é mais do que um problema físico. Origina um tremendo desgaste emocional e psicológico, com repercussão na relação do casal ou na relação com familiares e amigos que parecem conseguir engravidar mais facilmente, fazendo com que o casal se possa afastar de eventos onde possa encontrar grávidas ou crianças pequenas.
A maioria dos casais tem baixa fertilidade e não esterilidade. A esterilidade total, sem hipótese de conceção natural é muito rara e só pode ser ultrapassada com recursos a técnicas de procriação assistida (inseminação intrauterina, fertilização in vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de espermatozoides, extração testicular de espermatozoides).
Numerosos estudos revelam que a integração de tratamentos de acupuntura neste tipo de técnicas aumenta a sua taxa de êxito. Como? A acupuntura pode melhorar a função ovárica (facilitando a produção de um maior número de folículos), aumentar a vascularização uterina (melhorando a espessura do endométrio e regularizando as contrações uterinas) e reduzir o stress da paciente ao longo de todo o processo, tendo como objetivo final reduzir o número de abortos espontâneos. Assim, a acupuntura pode (e deve) ser efetuada como complemento das técnicas de procriação assistida pois aumenta a sua taxa de sucesso.
Pontos e meridianos utilizados
Tal como dito acima, a maioria dos casais que nos procuram não tem esterilidade total mas sim uma baixa fertilidade, a qual poderá ser de origem feminina, de origem masculina ou não ter motivo aparente. Uma percentagem considerável dos casais que recorre à nossa consulta não tem um motivo clínico para a sua baixa fertilidade. Toda a pesquisa (analítica, imagiológica, genética) não revelou qualquer disfunção passível de justificar a dificuldade em engravidar, tanto do lado feminino como do lado masculino.
Nos casos de baixa fertilidade de origem feminina, a acupuntura pode atuar a vários níveis. A nível ovárico, pode regularizar o sistema hormonal, nomeadamente o eixo hipotálamo-hipófise-ovário, permitindo a regularização do ciclo menstrual de modo a que, a cada ciclo, se dê a produção e libertação de um ovócito de qualidade. Há milhares de anos atrás, os orientais não utilizavam este tipo de terminologia mas já sabiam que a regularização do meridiano chamado Ren Mai (Vaso Conceção), era, tal como o seu nome indica, essencial para a fertilidade feminina, permitindo ter um ciclo menstrual regular de 28 dias, com alteração do muco cervical (sinal de que a mulher está no seu período fértil) entre o 13º e 14º dia. Atualmente, os pontos do Ren Mai (Vaso Conceção) são utilizados nos protocolos de fertilidade, sobretudo na presença de ovários poliquísticos.
A nível uterino, a acupuntura ao aumentar a vascularização uterina, pode regularizar a mucosa do útero, melhorando a espessura do endométrio (o que facilita o processo de nidação, isto é, o processo de fixação do embrião ao útero); e reduz as contrações do miométrio, reduzindo a probabilidade de aborto espontâneo. O que nos dias de hoje é designado por “aumentar a vascularização uterina”, os clássicos da acupuntura designam por “abrir o Chong Mai para nutrir o Zi Gong (Útero)”. Chong Mai é um meridiano cujos pontos são frequentemente utilizados nos protocolos de fertilidade feminina bem como em numerosas patologias ginecológicas (miomas uterinos, endometriose), sendo potenciados pela combinação com o ponto Zi Gong (Ponto do Útero), localizado no baixo-ventre.
Atualizado a: