Vaginose bacteriana na gravidez.
Conheça os sintomas, causas e tratamento da Vaginose bacteriana.
A Vaginose Bacteriana (VB) é uma das causas mais frequentes, e muitas vezes recorrente, de infeções vaginais, calculando-se que pode ser responsável por 20 a 40% do total de casos desta doença.
Este problema é mais frequentemente em mulheres em idade fértil, embora também possa estar presente em mulheres na menopausa. A prevalência na gravidez varia entre 10 e 30% admitindo-se que, em pelo menos metade destes casos, seja sintomática.
A Vaginose Bacteriana resulta de um desequilíbrio da flora vaginal, sendo a principal causa de corrimento vaginal.
Caracteriza-se pela diminuição de bactérias que regulam o equilíbrio da flora vaginal (lactobacilos) e pelo grande aumento de bactérias vaginais que existem habitualmente em quantidade escassa na vagina da mulher.
A vagina tem os lactobacilos como principal elemento celular regulador do equilíbrio entre as várias espécies de bactérias que aí coexistem.
Estas células produzem, por um lado, ácido láctico que é responsável por manter o ph da vagina entre os 3,8 e os 4,5 – um ph vaginal entre estes valores impede a aderência de outras espécies microbianas às paredes vaginais; por outro lado, produzem radicais livres de oxigénio que impedem o aumento das bactérias que são habituais da vagina saudável e que exercem efeito inibitório sobre alguns agentes implicados em doenças de transmissão sexual, como por exemplo o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH/SIDA) e o Vírus Herpes Simples (VHS 2).
Quais as causas Vaginose Bacteriana?
Não se conhece a causa exacta da Vaginose Bacteriana e não é certo se o que determina o seu aparecimento é uma alteração da flora vaginal ou uma infeção provocada por outros microrganismos.
Embora tenha habitualmente na sua origem fatores endógenos, também estão associados fatores de risco externos como: a etnia, o tabagismo, o dispositivo intrauterino (DIU), as relações sexuais numa idade precoce, parceiros sexuais novos ou múltiplos, os duches vaginais e a exposição a stress crónico.
Quais os sintomas da Vaginose Bacteriana?
Nas mulheres com sintomas da doença, como o corrimento abundante ou o odor vaginal desagradável (cheiro a peixe), ou ambos, o diagnóstico é fácil e estão presentes 3 dos seguintes 4 critérios:
– Corrimento fino, homogéneo, de cor branca acinzentada;
– Cheiro a peixe;
– Ph do fluído vaginal superior a 4,5 (avaliado com pequenas tiras de papel);
– Presença de “clue cells” (bactérias aderentes a células da parede vaginal, observáveis ao microscópio);
Em mulheres sem sintomas poder-se-á usar outro método de diagnóstico laboratorial que se baseia no esfregaço vaginal com coloração Gram.
A Vaginose Bacteriana na gravidez: Complicações e tratamento
A Vaginose Bacteriana tem sido associada a algumas complicações a nível obstétrico, como:
– Aborto espontâneo, o aborto após a utilização de técnicas de procriação medicamente assistida (fertilização in vitro – FIV – e injecção intracitoplasmática de esperma – ICSI);
– Parto pré-termo, ruptura prematura pré-termo de membranas, corioamnionite e endomiometrite puerperal e pós evacuação uterina.
Os trabalhos de vários investigadores demonstraram que a Vaginose Bacteriana pode estar implicada na ocorrência de abortos espontâneos no 2º trimestre de gravidez, assim como apontam para uma associação entre a presença de Vaginose Bacteriana e a ocorrência de infeção uterina grave pós parto (endomiometrite puerperal) e de parto pré-termo espontâneo.
Esta última situação é responsável por uma fatia importante na mortalidade e morbilidade périnatal.
No entanto, vários estudos e publicações científicas que abordam este tema, mostram que em algumas das situações acima referidas não se consegue estabelecer uma relação linear e direta entre a Vaginose Bacteriana e as restantes doenças.
Tal como para as mulheres não grávidas, não há necessidade de tratar o parceiro.
Texto: Dr. Álvaro Cohen, obstetra da Maternidade Alfredo da Costa
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