Por que temos de ter horários para comer?
Estipular horários regulares para fazer as refeições auxilia não só na organização da sua rotina, como também na “organização interna” do seu organismo, que se torna quase um “relógio” e tem mais facilidade, por exemplo, em automaticamente sincronizar órgãos para funcionarem com hora marcada. Parece de loucos? Mas não é.
Não é de hoje que a rotina pode ser cansativa, mas ao mesmo tempo ferramenta de organização muito hábil para nós, humanos. Estabelecer uma rotina, com regras e horários, parece quase sempre muito aborrecido, mas é através dessa organização que muitas pessoas administram diversas tarefas sem perder o rumo. E esse princípio pode e deve ser aplicado no que toca às refeições. Porquê? Vamos descobrir.
Muitas pessoas por serem regradas com a alimentação e com os horários para se alimentar, têm o funcionamento intestinal mais regulado do que aquelas que vivem, como se diz na gíria popular, “em terra sem rei, nem roque”. Pode até ser um exagero usar o ditado popular para ilustrar a situação, mas quem não tem disciplina com a alimentação (em qualidade e quantidade), na maioria das vezes não tem disciplina para o bom funcionamento dos intestinos.
A questão acerca dos horários não gira apenas em torno do contributo para regulação do trânsito intestinal, mas também atua de maneira positiva ou negativa no seu metabolismo, dependendo do número de horas que fica sem se alimentar ou, em contrapartida, se há uma certa tendência para comer sem regras, a todo momento e em grandes quantidades.
Já não é novidade que a sensibilidade da leptina (hormona produzida sobretudo no tecido adiposo, regulador da ingestão alimentar e do gasto energético, entre outras funções importantes) está modificada, uma vez que, segundo Dr. Robert Lustig, endocrinologista pediátrico e professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos da América, o açúcar é o culpado por comermos em maiores quantidades, desregulando assim, os níveis de leptina e dopamina (neurotransmissor que desempenha papel de prazer, recompensa).
Sendo assim, basicamente o que ocorre é que o nosso cérebro pode estar viciado em açúcar (entendam açúcar como todas as formas desta substância) e a leptina não desempenha tão bem o papel de regular o nosso apetite e fazer as outras funções incumbentes a essa hormona, daí que muitas pessoas, especialmente os obesos, tenham dificuldades em controlar o apetite. Não tem a ver com “fome psicológica” apenas, tem a ver com sistema bioquímico e fisiológico. Esse mecanismo transforma o açúcar no substrato da adição.
Portanto, quando referi acima que existem pessoas que se alimentam a toda hora e comem sem regras, provavelmente, podem estar adictas do açúcar e precisam de retirá-lo da dieta. Mas como fazer isso, uma vez que, assim como para os adictos em tabaco ou drogas, é tão difícil deixar o vício… Será que com o açúcar é diferente? A resposta é não, não é diferente. E é preciso ajuda especializada para quem sofre dos males da obesidade, compulsão alimentar, e “vício” em doces.
Percebam, que todo o metabolismo se altera e é muito mais fácil tornar-se diabético tipo 2 levando uma má alimentação, aliada ao sedentarismo e à falta de horários para se alimentar. Sim, lá estou eu novamente a falar nos horários. Eles são importantes. Regulam o nosso metabolismo e melhor do que ter horários para se alimentar, é ter uma alimentação qualitativa e quantitativamente adequada a cada indivíduo.
E para quem passa horas sem se alimentar fica o aviso: isso não é um bom sinal! Primeiro, porque o cérebro entende que é preciso poupar – afinal não chega comida de lado algum – e, depois, porque quem tem por hábito essa prática, quando faz a ingestão de algum alimento, come em maior quantidade e normalmente os nutrientes são assimilados rapidamente. É como o cálculo matemático 2+2 são 4: se come e regula os horários, o seu metabolismo acelera, entendendo que está tudo a correr bem; por outro lado, se não come e tem horários totalmente “no sense”, o seu metabolismo fica mais lento, com tendência a poupar energia, ou seja, é mais difícil emagrecer, ter energia e concentração.
Claro que para toda a regra há exceções e quando se fala em metabolismo há que pensar que cada ser humano é único e funciona de forma ímpar, mas como somos todos da mesma espécie é natural que, no geral, o metabolismo funcione de maneira similar (se o indivíduo não for diabético ou tiver a tiróide desregulada, pois nesse caso a situação complica-se um pouco mais).
Em suma, deve-se fazer uma alimentação saudável e regulada por horários, não como aos bebés, mas diria que não deve passar mais do que 4 horas sem alimentar-se (dependendo do conteúdo da refeição). Refeições com qualidade, de pequeno volume, e várias vezes ao dia (cinco a seis vezes), estas são recomendações básicas, contudo, ideais para o nosso metabolismo continuar a funcionar bem e a trabalhar em conjunto com o sistema hormonal em prol da nossa saúde.
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