“Quem sou Eu?” Descubra a sua verdadeira essência
A pergunta: “Quem Sou Eu?” surge frequentemente ao longo da nossa vida e com maior intensidade após os 30 anos de idade. O ser humano, como “eterno insatisfeito”, está em busca constante da sua verdadeira identidade. No entanto, concentramos os nossos pensamentos, na maioria das vezes, na nossa atividade profissional, na carreira e na família. Mas quem somos nós no núcleo da nossa essência? Será que somos médicos, advogados e engenheiros? Será que somos empresários de sucesso? Ou será que temos a família perfeita? Será que qualquer um desses atributos define quem nós somos?
Certamente não. A nossa essência enquanto seres humanos, não pode ser definida através de cargos, estatuto social ou pelo círculo de amizades. A matéria-prima que nos define é baseada não no cenário que nos rodeia, mas na bagagem emocional que absorvemos minuto a minuto. Acredito que, durante os primeiros anos de vida, a nossa essência manifesta-se de forma constante e com toda a força. De uma forma ou de outra, a educação que recebemos, seja ela académica seja ela familiar, provoca uma amnésia temporária que muitas vezes se prolonga até ao fim da vida.
Felizmente, hoje vemos boa parte da população mundial numa busca desenfreada pelo lado de lá da barreira visual. Cada vez mais existe a noção de que a Vida vai muito além do que conseguimos vislumbrar a olho nu. É na parte emocional e espiritual que encontramos a resposta para muitas das nossas dúvidas existenciais. Mas se boa parte consegue desbravar todas as “ervas daninhas” que vão crescendo com os anos, a verdade é que a maioria das pessoas não sabe como resgatar o seu verdadeiro “Eu”.
Vivemos numa sociedade onde existe pré-conceitos, ou seja, onde devemos seguir um determinado padrão comportamental, académico e vivencial se nos queremos sentir integrados. Com isso geram-se comunidades frustradas, profissionais robotizados e um vazio existencial. Os que possuem a felicidade de viver segundo os seus desejos mais íntimos encontram a paz, a harmonia e sobretudo a felicidade incondicional, aquela que não depende de bens ou pessoas e que é constante e ilimitada.
Encontre o seu “Eu” verdadeiro
O primeiro passo para conseguirmos olhar para dentro de nós mesmos é através da meditação. Com o relaxamento físico e mental, é possível atingir um estado de equilíbrio e aí completar as peças do puzzle. A meditação não é o “bicho de 7 cabeças” que a maioria das pessoas pensa. Em 10 passos irei explicar como pode facilmente usar a meditação para encontrar o seu “Eu” verdadeiro. Esta técnica que deverá fazer todos os dias começando com 5 minutos e aumentando a sua duração com a prática até 30 minutos diários.
1º – Procure um local calmo e livre de distrações. Outro ponto importante é desligar o telemóvel e qualquer equipamento eletrónico que possa perturbar o silêncio.
2º – Sente-se numa cadeira confortável com a coluna reta ou num tapete de espuma de aeróbica. Se optar pelo tapete, cruze as pernas de forma a conseguir uma posição que não exija contração muscular nas pernas.
3º – Feche os olhos e concentre-se na sua respiração. Inspire e expire cada vez mais calmamente até atingir um ritmo mais e mais lento. Inspire pelo nariz e expire pela boca. Quando atingir o ritmo mais lento que conseguir inspire, retenha o ar e lentamente expire pela boca até soltar todo o ar.
4º – Assim que atingir um nível de respiração calmo e natural irá sentir-se mais calmo e relaxado. O próximo objetivo é esvaziar a mente de todos os pensamentos desnecessários. Deverá fazê-lo de forma gradual, calmamente enquanto respira.
5º – Relaxe agora todos os músculos do seu corpo de forma a libertar todas as tensões acumuladas. Não tenha pressa, comece pelo couro cabeludo, desça por todo o rosto, passe para o pescoço, braços, costas até chegar às pontas dos pés.
6º – Use o seu poder de imaginação. Transporte-se para um local agradável como uma bela praia. Visualize todos os detalhes do cenário escolhido, tente trazer cores, cheiros, sensações. Sinta o cheiro da maresia, o vento a bater nos cabelos, o som das ondas, o calor do sol no seu rosto. Relaxe nesse ambiente e sinta-se cada vez mais calmo e tranquilo.
7º – Mantenha a sua respiração harmónica e calma e deixe-se transportar completamente para esse ambiente. Veja tudo o que está à sua volta, absorva cada elemento, cada som, cada cheiro e cada cor. Sinta-se parte dessa imagem que criou. Sinta em equilíbrio completo e em plena segurança.
8º – Visualize uma luz entrando no topo da sua cabeça, com tons suaves e penetrantes. Permita que essa luz percorra todo o seu corpo, todo o aparelho circulatório e que à medida que vai preenchendo todo o seu organismo vai limpando todas as impurezas. Imagine-a como uma borracha que apaga cada elemento estranho do seu organismo. Use o poder da visualização para conseguir esta limpeza.
9º – Assim que tiver terminado de limpar todo o seu organismo com a luz, tente olhar para si mesmo no cenário de praia onde está. Imagine que tem um espelho à sua frente. Olhe diretamente para o espelho e tente ver o que ele reflete. Quem é que você vê? Quem é a pessoa que está dentro de si? Quais as motivações e crenças? Qual a vocação vivencial dessa pessoa? Como pode essa pessoa ser completamente feliz? O que a move? Vá gradualmente fazendo essas perguntas e analisando a imagem que está a criar na sua mente. Tente ver para além do óbvio, tente ver a pessoa que está bem no núcleo do seu centro emocional. Trace um perfil para essa pessoa que observa.
10º – Finalmente, chegou o momento de aceitação. Cabe-lhe a si absolver tudo o que viu e sentiu e aceitar o seu verdadeiro “Eu”. Visualize um abraço confortante ao seu “Eu” que transmita segurança, paz e harmonia. Sorria e sinta-se em pleno equilíbrio.
Mantenha-se durante alguns momento admirando-se a si mesmo. Comece uma contagem de 10 para 1. À medida que vai descendo na numeração, comece lentamente a mexer a cabeça, os ombros os dedos das mãos e dos pés. Respire profundamente e assim que chegar ao 1 abra os seus olhos de forma desperta. Mantenha-se na mesma posição por alguns momentos enquanto o seu corpo volta à condição normal.
Assim que terminar a meditação e estiver totalmente desperto, comece a descrever passo a passo o “Eu” que visualizou num bloco de notas. Tente descrever o máximo de elementos possível. Essas anotações permitirão que possa refletir dia-a-dia sobre a sua realidade. Depois, o mais importante é deixar que esse seu “Eu” saia para fora. Analise a forma como vive e tente ajustar com quem você é na realidade.
Este “Eu” é na maioria das vezes a famosa “Criança Interior”. Enquanto crianças não sabemos ser outra pessoa que não “Eu”, e à medida que os anos passam ela passa para segundo plano e encarnamos uma personagem social. Quando sabemos quem somos na nossa essência, descobrimos um mundo de possibilidades e reconquistamos o poder de sonhar. Afinal, sem sonhos a vida é um mar vazio e sem expressão.
Depois desta reconquista, é preciso agir! De nada adianta saber quem somos se nada fizer num sentido prático. Torna-se, por isso, fulcral que ajuste cada escolha que faz baseado nas características que o tornam um ser humano único. A partir do momento em que toma consciência do seu potencial, um mundo de possibilidades abre-se diante dos seus olhos. Cabe-lhe a si agarrar essa oportunidade com as duas mãos e permitir-se ser feliz.
Com o passar dos dias e assim que for aprofundando a técnica de meditação, sentirá necessidade de usar mais elementos na visualização. Crie cenários confortantes onde se sente seguro e onde consegue ser você mesmo sem limitações. Essa mesma fase da visualização poderá ser também um forte aliado na superação de desafios pessoais ou profissionais. Imaginar-se vitorioso é uma excelente forma de aumentar os níveis de autoestima e de autoconfiança.
Viva cada minuto com intensidade e siga a sua essência. O mundo precisa daquele talento especial que só você pode oferecer.
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