O aumento de volume da barriga ou sensação de barriga inchada é um desconforto muito frequente – embora não exclusivo! – nas mulheres. Algumas regras e cuidados alimentares podem ajudar a controlar o problema.
Naturalmente que não há uma só causa associada a este desconforto. Um sintoma tão vago pode ter na sua origem causas tão diferentes como transtornos do trânsito intestinal, intolerância alimentar, stress ou situações mais complexas como síndroma do intestino irritável, ou mesmo problemas oncológicos.
A dietista Andreia Rua esclarece-nos que a distensão e a sensação de inchaço abdominal podem ser provocadas pela presença de gás, líquido ou alguma substância sólida. Mas, na maioria dos casos, “são situações que se manifestam pelo excesso de gases (flatulência), sendo que a causa mais comum são todas as substâncias que ingerimos e as intolerâncias a determinados alimentos estão na base de grande parte destas manifestações do organismo.”
“Quando o problema é a intolerância alimentar, o sintoma é repetitivo e aparece sempre acompanhado da ingestão do mesmo alimento. Quando o sintoma é esporádico e verificado com diferentes alimentos ou produtos, então estamos perante uma situação mais complexa”, adianta a dietista. Sendo, porém, certo que a simples presença de nutrientes de difícil digestão, como os oligossacarideos (um tipo de hidrato de carbono), estão na base de uma grande parte destes transtornos intestinais.
Qual a solução para barriga inchada?
A solução não é igual para todos. No que toca à sensibilidade do organismo aos alimentos, embora haja os suspeitos do costume (como alho, batata, bebidas gaseificadas, brócolos, couve-flor e produtos lácteos), não há regras. “É extremamente importante, cada um fazer a sua própria análise: os organismos reagem de forma diferente pelo que o impacto de cada alimento varia. Sempre que um episódio menos desejável se manifeste, devemos avaliar a ingestão do dia e, por tentativas, passar a excluir os alimentos menos benéficos, substituindo-os por alternativas nutricionalmente equilibradas e viáveis”, aconselha a dietista Andreia Rua.
Dicas para evitar a barriga inchada:
Além de conhecer seu organismo e os alimentos aos quais ele reage menos bem, há algumas dicas que Andreia Rua deixa e que deve sempre procurar seguir:
– Mastigar muito bem os alimentos (alimentos bem triturados facilitam a digestão);
– Ingerir o alimento necessário para cada refeição (não pecar nem por excesso, nem por defeito);
– Realizar várias refeições ao longo do dia;
– Reduzir a ingestão de líquidos à refeição;
– Algumas substâncias naturais têm o poder de neutralizar o desconforto causado pelos gases como é o caso do carvão vegetal e do funcho;
– No caso das digestões difíceis, o limonete (lúcia-lima) surge como uma boa aposta.
Mas atenção: nem sempre o problema é distensão abdominal. Às vezes, sem se dar conta, o que aconteceu foi mesmo um ganho de gordura abdominal, ou seja, a sensação é de barriga inchada, mas na realidade o problema é gordura a mais!
E esta é uma situação que nem sempre a balança caseira permite detetar.”A única referência que a balança ‘tradicional’ fornece é o conjunto do peso de toda a composição corporal: massa magra (músculo), massa gorda, massa óssea (esqueleto), água… E o peso não define o teor de gordura do organismo”, alerta a dietista. Assim, para analisar a gordura corporal, os especialistas usam outros métodos de avaliação como a medição das pregas cutâneas e perímetros e a bioimpedância (uma análise da de analisar a composição corporal através de uma leve corrente elétrica). “Estes parâmetros podem ser avaliados individualmente ou em simultâneo”, explica Andreia Rua, sendo que “o estudo simultâneo permite uma análise mais completa para futura avaliação da evolução.”
Despistar causas mais graves de ter a barriga inchada ou inflamada:
É de frisar que quando não estamos perante uma situação esporádica ou quando os sintomas provocam grande desconforto, o mais prudente é sempre avançar para uma análise mais detalhada com uma ida ao médico de família ou ao gastroenterologista.
A dietista Andreia Rua refere que, por exemplo, quando a queixa de excesso de gases e barriga inchada é frequente e não se verifica aumento do volume abdominal, o paciente pode possuir uma forma “mais suave” de síndrome do intestino irritável. “Estes pacientes apresentam uma maior sensibilidade à distensão gasosa dos intestinos, sentindo desconforto e inchaço com ligeiro aumento do volume de gás intestinal, o que, muitas vezes passa despercebido”, refere. Mas esta síndroma pode também pode levar a uma real distensão do volume abdominal, se se verificar uma dilatação do cólon por excesso de gases.
A síndrome do intestino irritável é um distúrbio funcional dos intestinos, no qual o distúrbio se dá devido à alteração funcional do órgão, sem que ocorra alteração estrutural. “Neste tipo de distúrbio a motilidade intestinal encontra-se alterada, o que leva o paciente a relatar sintomas de obstipação alternados com diarreia, sensação de barriga inchada, dor e cólicas abdominais e aumento da libertação de gases”. As diarreias frequentes, explica a dietista, provocam deficiências a nível da absorção de nutrientes no intestino e, esta a carência de vitaminas e minerais, pode levar a alterações a nível da pele, cabelo e tendência para a anemia, entre outras.
Outra doença que pode estar associada a estas queixas e que precisa de despiste médico é a doença celíaca (intolerância ao glúten). Os sintomas podem ser semelhantes e só com uma avaliação médica e a realização de análises e exames, é possível fazer um diagnóstico correto.
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