Esteja atento aos sinais de enfarte, os sintomas de enfarte são importantes

Identificar atempadamente os sintomas de enfarte agudo do miocárdio pode salvar-lhe a vida ou a de alguém que conhece.

Veja a que sinais devemos estar atentos e como devemos proceder em caso de enfarte.

Os enfartes nem sempre acontecem como nos filmes. Alguns enfartes podem ser mais súbitos e intensos, outros podem ser algo enganadores, por serem mais difíceis de identificar. A maioria dos enfartes até começa discretamente, com uma leve dor ou uma sensação de desconforto no peito.

Mas os sintomas podem variar em função da idade, em função do sexo ou até em função de fatores como a diabetes ou a obesidade.

Alguns enfartes podem nem parecer um enfarte numa primeira fase.

E é precisamente porque existem estas pequenas diferenças que é essencial sabermos identificar os sinais de enfarte agudo do miocárdio.

Se soubermos identificá-lo, temos a possibilidade de agir a tempo. E isso pode ser a diferença entre a vida e a morte.

José Peres é enfermeiro e membro da direcção da Associação Portuguesa de Instrutores de Socorrismo e explica-nos com maior detalhe os primeiros e mais claros sinais a que devemos estar atentos: “um desconforto ou dor torácica que surge no meio do peito, sobre o esterno e que pode ser referido como um aperto, uma pressão, ardência ou peso, que dura 30 ou mais minutos”.

Um fator que pode ajudar a distinguir é que este tipo de dor não passa com o repouso. José Peres esclarece que “normalmente apresenta irradiação para um ou para ambos os braços, para a base do pescoço, mandíbula, imediatamente abaixo do esterno [na zona do estômago, para termos uma noção] e no dorso entre as omoplatas. A falta de ar pode estar presente e pode confundir-se com mal-estar torácico“. Por vezes, verifica-se também uma sudorese intensa (suores frios), acompanhada de náuseas e/ou vómitos.

Genericamente, a sequência de sintomas de enfarte é a seguinte:

Dor torácica, ansiedade, sudorese, náuseas e vómitos. As náuseas e vómitos, por exemplo, são o tipo de sintomas que pode surgir nas mais diversas situações. Podem confundir-se com uma “simples” indigestão. Convém por isso perceber se surgem isoladamente, ou combinados com os sintomas de mal-estar e falta de ar que referimos anteriormente.

Sobre as diferenças entre homens e mulheres, o enfermeiro diz-nos que os indícios são similares aos dos homens, embora menos característicos. “Podem manifestar-se por dor abdominal, dor nas costas, náuseas, vómitos, cansaço e falta de ar, o que se pode confundir, em algumas situações, com episódios de flatulência” – com estas pequenas diferenças, sugere José Peres, a poderem ser a razão pela qual as mulheres procuram ajuda mais tarde.

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A importância de identificar os sinais de enfarte!

José Peres é muito claro: “a identificação dos primeiros sinais de enfarte pode fazer a diferença. Se a assistência hospitalar se verificar entre as primeiras três horas e a sexta hora, há fortes probabilidades de se evitar as consequências do enfarte, pois é possível uma intervenção (angioplastia), que consiste na desobstrução da coronária afetada”.

À medida que o tempo passa, mais músculo cardíaco é afetado. Mais células vão morrendo e o risco para a vida do doente é cada vez maior. Mas quando já identificámos os primeiros sinais, como devemos proceder?

“O contacto com o INEM (112) logo que possível é a melhor atitude a tomar”, adianta o enfermeiro. E é importante ter este conselho em conta. Pegar no carro quando já se sentem os primeiros sintomas é ‘manobra’ de risco elevado, que pode resultar numa paragem cardiorrespiratória durante o percurso a caminho do hospital. E o mesmo se aplica a pedir a um amigo ou familiar que leve a pessoa até ao hospital.

É um risco que não compensa (o que faria se a caminho do hospital se desse uma paragem cardiorrespiratória?). A vantagem de chamar o INEM é que torna possível uma intervenção rápida, ainda no local.

Mas há coisas que se podem fazer enquanto se espera pela equipa do INEM. Antes de tudo, é importante procurar manter a calma. Depois pode-se pedir ao doente “que faça uma inspiração profunda para aferir se durante esta houve alívio ou agravamento da dor, pressionar a região onde está localizada a dor e aferir novamente a existência de fatores de alívio ou agravamento da dor”, diz-nos o enfermeiro José Peres, que (num enfarte agudo do miocárdio a dor não apresenta fatores de alívio ou agudização com estas manobras), posicionar o paciente na posição de sentado, semi-recostado, com a cabeça elevada e com as pernas fletidas e apoiadas em almofadas”.

José Peres sugere também que se “desaperte as roupas a nível do pescoço, tórax e abdómen pois assim facilitará a ventilação”. Assim que o paciente estiver numa posição mais adequada, é importante a imobilidade absoluta pois qualquer esforço vai agudizar a situação.

sintomas de enfarte

E o que acontece depois?

O exame físico para aferir se se trata de um enfarte é essencialmente dirigido à região cardiovascular. Avalia-se a tensão arterial, faz-se a auscultação cardíaca e pulmonar e é possível confirmar ou excluir o diagnóstico com recurso a um eletrocardiograma.

Depois o paciente deverá passar por um período de reabilitação cardíaca, que à partida poderá incluir um programa de atividade física supervisionada. Mas ajudar um paciente que passou por um enfarte implica mais do que o simples retomar da atividade física; é algo que passará também por educação alimentar, apoio emocional, por técnicas de controlo de stress ou até consulta de cessação tabágica, para que no futuro se diminuam os fatores de risco, prevenindo assim possíveis novos episódios de enfarte. E estes são vários.

Questões como a idade ou um historial de problemas cardíacos na família não podem ser evitados, mas uma alimentação saudável e a prática regular de exercício físico são opções ao nosso alcance que fazem certamente a diferença em termos de prevenção.
Por vezes um enfarte foi o que levou alguns pacientes a mudanças substanciais no seu estilo de vida. O ideal para todos nós seria sermos capazes de prevenir todos os enfartes. Tal, infelizmente, não é possível.

E é por isso que é essencial sermos capazes de identificarmos estes sinais. Agir rápido, no momento certo e da forma adequada é mesmo o melhor que podemos fazer.

Saber os sintomas de enfarte não é quase como ter um ‘super-poder’ que pode salvar uma vida.

Fontes:
– José Peres, enfermeiro e instrutor de socorrismo
– Como ter um coração saudável, do Prof. Manuel Oliveira Carrageta

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