Meningite sintomas, causas e tratamento
Sintomas da meningite, quais as causas e como tratar esta doença que ataca sobretudo as crianças.
Podem ter origem numa bactéria ou num vírus. Afetam principalmente crianças mas os adultos não lhe são imunes. No limite, podem deixar lesões para a vida ou chegar mesmo a ser fatais. De que falamos quando falamos de meningites?
Meningite. A palavra pode até provocar calafrios. Embora haja diferentes tipos de meningite, a verdade e é que quando pensamos em meningites o receio é natural. Trata-se de uma doença que habitualmente afeta precisamente os seres que nos parecem mais indefesos: as crianças pequenas.
Mas antes de vermos em pormenor o que se pode fazer em termos de prevenção e a que sinais devemos estar atentos, é importante percebermos o que é uma meningite. E por que razão há casos em que, se não houver uma rápida intervenção, a situação pode tornar-se particularmente difícil.
Hugo Rodrigues é pediatra e para início de conversa explica-nos em poucas palavras o que é uma meningite: trata-se de uma “inflamação das meninges, que são uma espécie de capa que protege o nosso sistema nervoso central”. Geralmente, acrescenta ainda o pediatra, a origem da meningite “é de causa infeciosa e o grande risco é o de poder atingir o cérebro”.
Porque é preocupante a meningite?
Existem dois grandes tipos de meningite a ter em conta: as que são provocadas por vírus e as que são causadas por bactérias. Estas últimas “são as mais preocupantes, pois têm um risco e um prognóstico muito mais reservado do que as primeiras”, alerta Hugo Rodrigues.
As meningites causadas por um vírus são as mais comuns e surgem por vezes em epidemia, no pico do Verão ou do Inverno. Mais fáceis de tratar, geralmente a criança melhora rapidamente, sendo que por vezes nem se chega a descobrir ao certo o agente responsável – já que também se opta por poupar a criança (entretanto recuperada) a uma investigação exaustiva. As meningites causadas por bactérias, como veremos de seguida, implicam maiores cuidados pois os riscos também são maiores.
As meningites bacterianas podem ser causadas por vários micróbios (como por exemplo o pneumococo e o meningococo…entre outros). Estes micróbios podem coexistir com a criança durante algum tempo, sem causar sintomas de maior, até que finalmente penetram no espaço meníngeo. Nalguns casos a infeção pode fazer-se diretamente a partir de um foco próximo do espaço meníngeo (como uma otite que não foi devidamente tratada, por exemplo).
Em qualquer um dos casos, as meningites exigem sempre cuidados redobrados. No caso das virais, o internamento não é uma necessidade absoluta. Mas as meningites bacterianas, no entanto, “obrigam a internamento”, como confirma Hélder Gonçalves.
Antes de iniciar o tratamento deve-se fazer uma punção lombar. A punção lombar é o tipo de procedimento que é sempre feito com o maior dos cuidados: com a ajuda de uma agulha, retira-se o líquido cefalorraquidiano da espinal medula, procedendo-se depois à análise. É certo que uma agulha nas costas de uma criança é uma imagem um pouco assustadora mas é este exame que permite aos médicos “chegar”, passe o termo, ao sistema nervoso central de forma segura, para então proceder ao diagnóstico. É a punção lombar que nos permite confirmar se a tal membrana que protege o nosso sistema nervoso central foi atacada por um microrganismo.
Após a avaliação médica, o paciente ficará internado e o tratamento da meningite será realizado com antibióticos específicos.
As meningites podem atingir uma pessoa em qualquer idade, independentemente do género. Mas não é por acaso que este problema geralmente recai sobre pediatras. “As crianças mais pequenas, principalmente no primeiro e segundo ano de idade”, são habitualmente as mais suscetíveis de sofrer uma meningite, como alerta o pediatra Hélder Gonçalves. Hugo Rodrigues acrescenta que isto se de deve ao facto de “o sistema imunitário das crianças ainda estar a ser otimizado. Por outro lado, ao longo da vida todos nós vamos contactando com uma variedade enorme de microrganismos, o que acaba por nos dar também algumas defesas”, conclui.
“A transmissão da maior parte das meningites faz-se pelo ar, através de gotículas respiratórias”, adianta Hugo Rodrigues. Tosse, espirros ou beijos podem, portanto, tornar-se veículos de transmissão. No caso de uma criança contrair meningite, uma medida de segurança comum será retirar a criança do ambiente onde convive com outras crianças. Esta situação pode aplicar-se quando por exemplo ocorre um surto num jardim-de-infância. Mas a verdade é que a forma mais eficaz de prevenção é a vacinação, como realçam ambos os pediatras.
Hugo Rodrigues reconhece ainda que o evitar o contacto com crianças infetadas pode ser uma possibilidade, mas que “na prática implica sempre que haja um diagnóstico de meningite, para se poder proceder ao correto isolamento da criança”.
Identificar os sintomas de meningite e saber reagir aos sinais evidentes!
Os sintomas e sinais clássicos da meningite são conhecidos: febre, vómitos, dor de cabeça e prostração, com ou sem exantema (que podemos descrever como pequenas manchas). No entanto, nenhum destes sintomas é exclusivo das meningites, como muito bem sabemos, e acrescentemos a isto o facto de em crianças mais pequenas poderem verificar-se outros sintomas, ainda mais inespecíficos, e que podem dificultar a avaliação do especialista.
Para Hugo Rodrigues, “o mais importante é sempre atender ao estado geral da criança, que é o melhor indicador. Uma criança prostrada mesmo quando baixa a febre deve ser sempre avaliada por um médico”. Não se pense, porém, que os especialistas não têm mais “armas” ao seu dispor.
“Para nós, um dos achados mais importante na observação destes casos é ver se os meninos têm uma boa mobilidade do pescoço, ou seja, se conseguem dobrar o pescoço para tocar com o queixo no peito e se conseguem elevar bem as pernas quando estão deitados. Chama-se a estes ‘exercícios’ sinais meníngeos”, informa o pediatra. Em algumas meningites, como acontece por vezes com as que são provocadas pelo meningococo (um dos micróbios que referimos acima), podem também aparecer lesões na pele.
Debelar o problema de meningite!
Como vimos, as meningites virais, regra geral, evoluem de forma positiva. É com as meningites bacterianas que os riscos de sequelas assustam até o mais relaxado dos pais. Nos casos mais graves, a falta de tratamento pode levar à morte. Mas antes de chegarmos a esse cenário limite existe o risco de ficarem sequelas para a vida, como alerta o pediatra Hélder Gonçalves.
As sequelas mais frequentes são do foro neurológico podendo dar epilepsia, hidrocefalia e afetar funções da área motora, ou até a audição, a visão e a fala. No caso da surdez, algumas alterações poderão verificar-se já algum tempo após a meningite ter sido debelada. Os pais de uma criança que tenha tido meningite devem por isso estar atentos a possíveis queixas ou sinais que possam sugerir o problema.
O mais importante a reter é que uma meningite é uma emergência médica. Em caso de suspeita, é importante a intervenção médica. Quanto mais cedo se proceder ao diagnóstico e respetivo tratamento, melhores são as hipóteses de evitar sequelas e mortes.
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