Lentes de contacto: tudo o que precisa saber
Lentes rígidas ou moles? Descartáveis ou reutilizáveis? E que cuidados devemos ter no dia-a-dia? Quanto melhor tomar conta das suas lentes de contacto, mais saudáveis e mais confortáveis ficarão os seus olhos e a sua visão.
As lentes de contacto são uma alternativa aos óculos. Não só por uma questão de estética mas também porque permitem obter uma boa acuidade visual, com total liberdade de movimentos. Se usa ou já usou óculos, certamente sentiu na pele o incómodo causado por este acessório visual em dias de chuva ou quando pratica exercício físico e sabe melhor do que ninguém do que estamos a falar; se é um dos felizes contemplados com uma boa visão, não saberá o que isso é mas já se terá deparado com alguém nessas circunstâncias.
De facto, as lentes de contacto – lentes óticas pequenas e finas, usadas diretamente sobre o olho – têm-se revelado muito práticas e de grande importância, pois além de melhorarem a qualidade de vida de quem as usa, têm a capacidade de corrigir erros refrativos, como a miopia e a presbiopia. Desta forma, em vez de usar dois pares de óculos, um para ver ao perto e outro para ver ao longe, apenas necessita de um par de lentes de contacto para resolver o seu problema.
Mas não basta “chutar” os óculos para um canto da gaveta e dirigir-se à ótica mais próxima para adquirir um par de lentes. A realidade é mais complexa; existe um número diversificado de conceitos desconhecidos e de escolhas que têm de ser feitas adequadamente. Já ouviu falar em lentes rígidas ou moles? Diariamente descartáveis ou reutilizáveis? Afinal, com tantos tipos diferentes de lentes de contacto disponíveis, qual é a opção mais indicada?
Antes de tomar qualquer iniciativa, consulte o seu médico oftalmologista e questione-o acerca dessa possibilidade. Caso a resposta seja positiva, o especialista terá de determinar, através de um exame pormenorizado, quais são as lentes de contacto mais adequadas para os seus olhos e assegurar de que não existem quaisquer problemas que possam dificultar o uso destas próteses visuais.
Os olhos apresentam diferentes tamanhos e formatos, pelo que é necessário ter um “encaixe” preciso para se certificar de que as suas lentes se adaptarão devidamente aos seus olhos.
Opções para todas as necessidades
Existem hoje no mercado diversos tipos de lentes de contacto, cada qual com as suas indicações, vantagens e desvantagens. Podem ser lentes de contacto rígidas, gelatinosas, de uso diário, de uso prolongado, descartáveis, coloridas… Cabe ao médico saber indicar a que melhor se aplica a cada caso.
Ana Melo Cardoso, oftalmologista, explica-nos que as lentes de contacto podem ser agrupadas de acordo com o material de que são feitas (rígidas ou moles) e com o tempo durante o qual se destinam a ser usadas (plano de uso). “Existem dois grandes grupos de lentes de contacto: as lentes rígidas gás permeáveis (RGP) e as hidrofílicas (gelatinosas). Atualmente utilizam-se mais as hidrofílicas e as RGP são só usadas em situações especiais”. A escolha do tipo de lentes também depende do seu problema de visão, ou seja, consoante se trata de miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia.
Quanto à durabilidade de uso, as lentes podem ser diariamente descartáveis, reutilizáveis ou de uso prolongado (lentes de contacto que pode usar continuamente, mesmo enquanto dorme). Aqui a decisão prende-se mais com questões práticas inerentes à vida de cada um do que propriamente com razões clínicas: “usar lentes descartáveis ou reutilizáveis depende também do estilo de vida e do conforto pessoal”, afirma a oftalmologista. No entanto, no caso das lentes rígidas, existem indicações específicas “para astigmatismos irregulares, controlo de miopia ou pós cirurgias refrativas”, acrescenta.
Quem pode usar
Quase toda a gente pode usar lentes de contacto e a idade não é propriamente um fator de exclusão. Segundo Ana Melo Cardoso, não existe uma idade mínima definida para que alguém possa começar a usar lentes de contacto. Mas quando se toma essa decisão, é necessário ter consciência das mudanças e dos cuidados que isso acarreta. E é por esse motivo que tudo depende, como nos revela, “da maturidade e responsabilidade das crianças, sendo o seu uso recomendado, em média, entre os 13 e os 15 anos”.
No entanto, se esteve atento, verá que nós dissemos que quase toda a gente pode usar lentes de contacto e não toda a gente. Aqui a palavra “quase” pode ser pequena mas faz realmente a diferença. Isto porque existem algumas exceções. A oftalmologista explica-nos que “há algumas condições preexistentes que limitam a capacidade das pessoas usarem lentes contacto. Estas incluem conjuntivite alérgica sazonal e perene, conjuntivite vernal ou primaveril, e queratoconjuntivite atópica”.
Para além destas, existem outras doenças que limitam o uso de lentes de contacto, nomeadamente “as patologias que cursam com olho seco, como doenças autoimunes, patologia da tiroide e patologias dermatológicas, como a rosácea”. A existência destas condições não é impeditiva do uso de lentes de contacto, mas exige maiores cuidados a fim de evitar complicações.
Se está a pensar em usar lentes de contacto mas está preocupado com o facto de colocar um corpo estranho nos seus olhos, saiba que a adaptação a estas próteses visuais não é muito complicada. Na verdade, na maior parte dos casos, após um curto período de tempo, nem sequer notará que usa lentes de contacto.
Mas atenção, mesmo uma lente bem adaptada pode, a qualquer momento, passar a provocar problemas. Ana Melo Cardoso revela-nos que “as queratites (infeções da córnea), úlceras de córnea e alergias são as complicações mais frequentes”. Contudo, estes riscos podem ser reduzidos com o uso de lentes de contacto descartáveis e mediante uma boa limpeza e manutenção.
Por isso, já sabe, usufrua das vantagens que as lentes de contacto podem proporcionar na sua qualidade de vida mas não abdique de as usar em segurança. Tal como a sua visão é única, também as suas lentes o são.
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