Rubéola ou Sarampo alemão
O que é a Rubéola ou Sarampo alemão, quais os sintomas, como prevenir e como tratar.
A Rubéola também conhecida como Sarampo alemão é uma doença considerada infecciosa aguda, que tem como agente um vírus perfilado como muito contagioso, que provoca reacções eruptivas na pele, os sintomas mais comuns são a alteração na pele geralmente designada de exantema, a dilatação dos gânglios do pescoço e febre pouco elevada.
A rubéola foi descrita pela primeira vez na Alemanha há duzentos anos e por isso também costuma ser chamada sarampo alemão. A sua sintomatologia caracteriza-se principalmente pelo aparecimento de uma erupção, primeiramente na face e no pescoço, e depois com propagação pelo resto do corpo, em aproximadamente vinte e quatro horas, embora nos casos das mulheres adultas nem sempre se verifiquem as tais manchas avermelhadas sobre a pele (as mesmas não costumam elevar-se acima da superfície).
Embora seja uma doença que compromete crianças e adultos jovens, a infecção no início da gravidez pode acarretar graves deficiências do feto, com riscos sérios de a criança nascer com problemas congénitos.
Sendo uma doença de origem viral, o seu vírus, com período de incubação em média de 18 semanas, potencia uma infecção através da mucosa do trato respiratório superior e multiplica-se, em primeiro lugar, nos nódulos linfáticos cervicais (região do pescoço). O período de maior transmissibilidade e contágio acontece durante a semana que antecede o exantema (as tais alterações na pele) e quatro dias depois do seu aparecimento.
Apesar da sintomatologia referida ante-riormente, algumas vezes a rubéola começa por provocar um mal-estar generalizado, febre baixa e o aumento dos gânglios do pescoço e só depois evolui atacando o corpo todo. Normalmente, poderá afectar-nos apenas uma vez ao longo de toda a vida, pois uma crise costuma conferir a imunidade.
Síndrome da Rubéola Congénita
Embora benigna, a rubéola é uma doença perigosa pelo facto de poder causar malformações no feto, quando ocorre nas primeiras 20 semanas de gravidez. A incidência e a gravidade das eventuais malformações varia em função do tempo de gestação e da intensidade da própria doença.
Quando desenvolvida durante a gravidez, a rubéola pode acarretar a infecção da placenta e consequentemente do feto. O vírus não destrói as células do feto, mas, à nascença, o bebé apresenta, ao nível dos diversos órgãos, um número de células inferior ao normal. Quanto mais cedo ocorrer a infecção, maior o risco de o vírus provocar graves anomalias. A infecção nas primeiras 20 semanas de gravidez provoca anomalias em cerca de 80 por cento dos casos, sendo o período mais crítico entre a 9.ª e a 12.ª semana. As infecções depois da 12.ª semana de gestação provoca defeitos assinaláveis em 15 por cento das crianças, pelo que apenas depois das 20 semanas (quatro meses e meio) é que o risco de a doença afectar o bebé é consideravelmente menor.
As crianças com rubéola congénita podem ter uma ou mais anomalias,
incluindo defeitos cardíacos, oculares (cataratas, micro-ftalmia) e possibilidades de surdez. As crianças recém-nascidas também podem apresentar um atraso no crescimento, incapacidade para se desenvolverem, anemia e riscos de paralisia cerebral.
O número de problemas que este tipo de rubéola acarreta, induz uma taxa de mortalidade entre recém-nascidos infectados pelo vírus na ordem dos 20 por cento. Outros parecem saudáveis, mas podem, posteriormente, manifestar anomalias, uma vez que o vírus continua presente 18 meses após o nascimento. A surdez, por exemplo, muitas vezes não é detectada à nascença, mas apenas meses mais tarde.
A rubéola é uma doença de vacinação obrigatória, pelo que em Portugal as crianças têm sido vacinadas e existem mais conhecimentos sobre a doença. Luísa Martins, ginecologista e obstetra da Maternidade Alfredo da Costa, afirma que se tem verificado um declínio da doença e “é já pouco frequente aparecerem mulheres grávidas com rubéola”. Em Portugal o diagnóstico da rubéola (infecção ou doença) faz-se actualmente em laboratórios especializados, entre os quais o Instituto Nacional de Saúde. As provas laboratoriais para despiste da doença fazem-se através de uma amostra de sangue, pelo qual se pretende determinar o estado imunitário da população.
Fatos que deve saber sobre a Rubéola:
- O agente da doença é um vírus e o reservatório é o homem;
- O contágio é directo ou indirecto através de contacto com doente ou com objectos contaminados;
- O período de incubação da doença é longo;
- A doença não pode ser diagnosticada apenas por critérios clínicos, é necessária confirmação laboratorial;
- A doença não é igualmente perigosa em todas as fases da gestação. Depois das 20 semanas
de gravidez os riscos são menores; - A prevenção da doença é feita mediante a vacinação;
- A mulher que é vacinada contra a rubéola deve esperar três meses antes de engravidar para verificar a imunidade à doença;
- As mulheres em início de gravidez que apresentem a doença exantemática e características clínicas de rubéola devem interromper a gravidez;
- A vacina ou a infecção conferem a imunidade.
Como prevenir e controlar a Rubéola:
Antes de um casal decidir ter um filho é conveniente que a futura mãe recorra a uma consulta pré-concepcional, onde serão pedidas análises para verificar, entre outras questões, se está ou não imunizada contra a rubéo-la. A pesquisa de anticorpos indicará susceptibilidade (quando se verifica ausência de anticorpos) ou imunidade (quando se verifica presença de anticorpos).
No caso de a resposta ser a susceptibilidade, a mulher deve ser vacinada antes de engravidar, porque, embora a vacina seja o melhor método preventivo da doença – originando a produção de anticorpos em 95 por cento dos casos -, pode também infectar a placenta, produzindo artralgias e artrites.
Por isso a vacina não deve ser administrada a uma mulher grávida ou a uma mulher que possa engravidar no prazo dos três meses que se seguem à vacinação, até porque nesses casos não se garante a imunidade à doença.
Como todos os cuidados são poucos e o vírus da rubéola é altamente contagioso parece sensato que todas as mulheres grávidas sejam submetidas a um teste sorológico para a rubéola e, caso este indique susceptibilidade, elas devem receber a vacina imediatamente após o parto.
Nos casos de mulheres em início de gestação adoecerem com rubéola em estado exantemático, ou seja, com a aparição de alterações na pele e com o diagnóstico clínico de rubéola confirmado laboratorialmente, deve ser proposta a interrupção da gravidez, sob pena da criança nascer com graves anomalias.
Como prevenir e controlar a Rubéola nas crianças:
A vacina também pode produzir febres episódicas breves, mas sem quaisquer efeitos secundários. Crianças vacinadas não conta-giam nem transmitem o vírus nos contactos em casa. Inversamente, crianças não imunizadas podem transportar o vírus selvagem para casa e disseminá-lo nos contactos familiares susceptíveis.
Ao longo do século xx, as epidemias de rubéola ocorreram de seis em seis ou de nove em nove anos, e quase sempre no Inverno ou na Primavera, afectando sobretudo crianças em idade escolar. Sabe-se que, num surto de 1964, mais de 20 000 crianças nasceram com graves manifestações de rubéola congénita.
Depois de introduzida a vacina e desde que a sua aplicação passou a ser corrente e obrigatória em crianças em idades compreendidas entre um e doze anos e em adolescentes e mulheres em idade fértil, o número de casos da doença diminuiu.
Frequência da infecção do feto e possibilidades de adquirir rubéola congénita:
Infecção da mãe | Frequência de infecção do feto | Frequência de rubéola congénita |
10 dias antes da concepção | = 3.5% | = 3.5% |
1ª-7ª semana de gestação | 70 – 90% | 56% |
8ª-12ª semana de gestação | 70 – 90% | 25% |
13ª -17ª semana de gestação | 54% | 16 – 10% |
17ª-26ª semana de gestação | 20% | < 35% |
27ª-38ª semana de gestação | < 35% |
Algumas repostas a perguntas muito comuns sobre a Rubéola:
Como é que a vacina contra a rubéola actua?
Provoca uma resposta do organismo, traduzida pela produção de anticorpos, pelo que, no caso de a mulher estar em contacto com o vírus, não existe possibilidade de ficar com a doença, na medida em que os anticorpos que foram estimulados pela vacinação o impedem.
O efeito preventivo da vacina da rubéola tem 100 por cento de eficácia?
Há mulheres que são vacinadas e que não respondem à vacina, mas o número é baixo. O mais importante é que as mulheres vacinadas façam um controlo pós-vacina para verificar se estão ou não imunes e evitar problemas durante a gravidez.
Uma mulher que levou a vacina em criança necessita de levar um reforço da mesma antes de engravidar?
Antes da mulher engravidar deve fazer análises que permitam verificar se está ou não imune à doença. A maior parte das pessoas vacinadas em criança, ou que já tiveram a doença, à partida estão imunizadas, mas em todo o caso convém sempre testar. O eventual reforço
só é necessário quando existem susceptibilidades por parte da mulher de apanhar a doença.
As manifestações da rubéola nas mulheres são iguais às que ocorrem nas crianças?
Nem sempre. O que geralmente acontece é que só metade das mulheres com rubéola têm manifestações externas (o exantema, as adenopatias, etc.). Muitas vezes a mulher tem febre e sente alguma impressão no pescoço, mas isto acaba por passar sem problemas de maior e a mulher esteve com rubéola e nem se apercebeu disso.
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