Picadas de insectos: cuidados e repelentes naturais que podem ajudar
Uma picada de inseto pode ser simplesmente incómoda ou tornar-se um caso clínico. Saiba mais sobre a que devemos estar atentos em caso de picada, que repelentes naturais podemos usar e que cuidados devemos ter para evitar futuras “comichões”. Embora não sejam tão engenhosos quanto os minúsculos liliputianos que conseguiram capturar o “gigante” Gulliver, a verdade é que os insetos, por mais pequenos e pouco engenhosos que sejam, são bem capazes de nos conseguir incomodar.
Uma picada… e no mínimo teremos direito a uma incómoda comichão – no máximo poderemos ter mesmo uma reação alérgica severa.
A imunoalergologista Susana Piedade explica-nos que, o mais comum, é surgir no local onde a pele foi picada “uma mancha ou baba avermelhada, com ou sem vesícula, e com comichão associada”. Se a picada for na cabeça, sobretudo na região ocular ou redondezas, corremos mesmo o risco de, com o inchaço, termos alguma dificuldade em reconhecer o nosso próprio rosto. Mas habitualmente, para a maioria de nós, o resultado é simples: uma picada é sinónimo de inchaço e prurido.
Menos frequente, diz-nos a imunoalergologista, é acontecer uma “reação sistémica traduzida por generalização das queixas, com o aparecimento de lesões cutâneas várias e dispersas pelo corpo e/ou a associação de queixas respiratórias, digestivas (náuseas, vómitos, cólicas, diarreia), ou cardiovasculares (descida acentuada da tensão arterial, sensação de desmaio ou perda dos sentidos)”.
Susana Piedade aconselha mesmo que os “doentes com uma reação local extensa (quando os sinais inflamatórios, a vermelhidão e o inchaço, se estendem por uma área superior a 10 cm de diâmetro) e/ou sistémica deverão procurar uma consulta de especialidade para que se avalie a gravidade da situação e se trace um plano terapêutico”.
Nalguns casos excecionais, as reações alérgicas às picadas são por vezes graves e potencialmente fatais. Nem sempre nos podemos precaver mas é importante a pessoa procurar conhecer desde logo as suas alergias. Existem exames que se podem fazer para tal e, quando identificada a situação, a pessoa deve ter consigo um kit de emergência, específico para tratar a sua picada em caso de alergia. No caso de a pessoa estar a sentir alguns dos sintomas que referimos no parágrafo anterior, em resultado de uma picada, o melhor mesmo é procurar rapidamente cuidados médicos.
Para a maior parte das picadas de insetos, aquelas que qualquer um de nós já terá sofrido a dada altura da sua vida, existe um considerável número de soluções para diminuir o inchaço e “acalmar” a comichão, bem como uma série de repelentes naturais para evitar futuras picadas.
Da simples compressa a ajudas naturais contra as picadas!
Habitualmente, a reação local regride espontaneamente. Ainda assim, a solução mais prática e imediata passa mesmo pela aplicação de compressas frias ou gelo, o que ajuda logo reduzir o inchaço. Deve-se também ter sempre o cuidado de “garantir que a pele lesada permanece limpa”, alerta Susana Piedade.
As compressas servem para qualquer picada simples. No entanto, se for um pouco mais extensa (atenção aos 10 cm de diâmetro de que falámos antes) a especialista alerta que além de compressas a terapêutica comum deverá passar por “anti-histamínicos orais para aliviar a comichão e corticoides locais ou orais durante 3 a 5 dias para a redução dos sinais inflamatórios”.
Existem, ainda assim, algumas soluções práticas quando a compressa não está à disposição. Soluções essas que também podem ajudar no alívio de inchaço e comichão, na ausência de algum anti-histamínico ou de algum gel anti-prurido.
O Guia prático das Urgências Familiares, de Anne Geoffroy, sugere soluções tão diversificadas como a aplicação de um pouco de algodão em leite frio, pressionado sobre a picada, untar a zona da picada com mel líquido, para o alívio da dor, a aplicação de uma cebola cortada na zona da picada de inseto ou até colocar uma saqueta de chá húmida sobre a picada.
Aprender a evitar picadas.
Na procura da melhor solução possível para evitar ficar na mira de insetos, há quem procure soluções mais ambientais. Velas, incensos e alguns aromatizadores são o tipo de coisa que até pode “desnortear” alguns insetos, diminuindo o risco de picada. Não oferecem, no entanto, uma proteção tão eficiente contra as picadas quanto os repelentes tópicos (que se aplicam sobre a própria pele).
Os repelentes naturais, que podem basear-se em determinadas ervas, em frutas cítricas (com o limão em destaque), em óleos como os de citronela, coco ou até soja, são o tipo de soluções que, de forma empírica, o ser humano tem utilizado ao longo de séculos. Podem ter, nalguns casos, relativa eficácia. Mas à falta de algum spray ou gel repelente, muitas vezes as soluções passam pelo nosso próprio cuidado.
É aqui que entram cuidados tão simples como estar atento ao clima (em climas quentes e húmidos, os insetos e respetivas picadas proliferam) ou evitar usar luzes à noite em zonas abertas (que naturalmente convidam muitos mais destes ‘amigos indesejáveis’).
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