O que fazer depois dos excessos de verão?
Entre o bom tempo e o tempo livre, o verão convida-nos sempre a alguns excessos. Mas agora que o outono já espreita, é boa altura para começarmos a compensar alguns dos excessos cometidos nos últimos meses. O corpo, e em especial o nosso fígado, agradecem.
São ironias da vida, provavelmente. À medida que o verão se aproxima, o corpo volta a ser uma preocupação central: ninguém gosta de se sentir constrangido na praia. Ganha-se algum bronze, perdem-se uns “quilinhos” a mais e passamos um verão mais confiantes.
No entanto, à medida que o verão vai avançando, aos poucos vamos fazendo o caminho contrário. Aproveita-se aquele bom tempo na esplanada para beber mais uma “cervejinha”, e como o tempo de sol e as férias ajudam, lá se combina uma petiscada com amigos e acabamos a ingerir algumas calorias a mais, provavelmente já fora de horas.
É verdade que estes pequenos excessos também nos fazem bem ao espírito. Mas agora que aos poucos o verão vai dando lugar ao outono, é boa altura para voltarmos a dar ao nosso organismo o cuidado de que ele necessita.
Proteger o fígado do álcool
Ana Teresa Ramos, nutricionista, recorda-nos a importância de algo essencial à vida: a água. É certo que não deve haver receita mais simples para sugerirmos mas a água é de uma importância fulcral, especialmente quando nos excedemos com bebidas alcoólicas.
“Para começar devemos procurar ir repondo os níveis de água perdidos derivado ao consumo de álcool”, diz-nos Ana Teresa Ramos. O álcool tem um forte poder diurético, levando‐nos, por essa mesma razão, à excreção de água corporal. Trata-se de algo a que devemos dar atenção já que “em certos casos, pode levar‐nos à desidratação”, alerta a nutricionista.
O álcool não é uma fonte de nutrientes, muito pelo contrário. Embora as bebidas possam ser bem saborosas, o álcool propriamente dito queremo-lo expulso do nosso organismo para que não se acumule nos tecidos e órgãos, onde nos pode ser prejudicial. Como Ana Teresa Ramos nos explica, “é no fígado e nas células do fígado que ocorre a metabolização do álcool, ou seja, onde o organismo transforma o álcool para que este possa ser eliminado do organismo”.
O fígado é o órgão que mais sofre com as agressões do etanol (álcool). É ele quem mais trabalha para que este seja eliminado do nosso corpo. Quando o álcool escapa a este processo metabólico, é eliminado pela respiração e pela urina. Mas atenção: o consumo excessivo pode trazer consequências a médio e longo prazo. No entanto, “se estamos a falar num consumo pontual, ainda que em excesso, é mais importante falarmos na compensação nutricional de todo o organismo e não em particular do fígado”, esclarece a nutricionista. E é aqui que uma alimentação equilibrada e pouco rica em gorduras pode fazer a diferença, mesmo no curto prazo.
Uma alimentação que nos regenera
Vera Belchior é especialista em naturopatia e concorda com esta posição. Sobre o que podemos fazer a bem do nosso fígado através da alimentação, a naturopata refere que “existem determinados alimentos que atuam com maior especificidade no sistema digestivo, particularmente no fígado, nutrindo-o sem o sobrecarregar, aumentando assim a sua performance na eliminação das toxinas”.
A naturopata explica-nos que no dia-a-dia tomamos opções alimentares que são mais alcalinas ou mais ácidas (já veremos em pormenor que tipo de alimentos se enquadram em cada uma destas categorias). Nestas escolhas, deveríamos ter em conta que para o nosso organismo há um “ponto de equilíbrio ideal, que se situa entre os 70 por cento alcalino e 30 por cento acidificante”.
Nas férias, normalmente, acabamos por tender mais para opções acidificantes. Daí que Vera Belchior defenda uma abordagem que passe por voltar ao equilíbrio desejado, o que nos permitirá “uma diminuição drástica na retenção de líquidos, na eliminação de toxinas, na renovação celular hepática e no equilíbrio em geral”, refere.
Entre estes alimentos “aliados” do fígado destacam-se legumes como as cenouras, as beterrabas, courgetes, batata-doce, mas também verduras como a alface, o agrião, folhas de rábano ou rúcula). Mas há também frutas (abacaxi, limão, melancia, ameixas, bananas), cereais integrais, leguminosas (feijão azuki, lentilhas, ervilhas, feijão-frade), oleaginosas (nozes, amêndoas, avelãs) e frutos secos (passas, ameixas, figos) que nos podem ajudar.
Mas se queremos ser mais proactivos, passe o termo, em relação à saúde do nosso fígado, Vera Belchior sugere uma receita caseira simples: a ingestão de 1,5 litros de água com o sumo de um limão, por dia, durante um mês. Segundo a naturopata, “a água com limão, alcaliniza o pH do sangue, facilitando o trabalho de filtragem do fígado, além de ajudar a eliminar toxinas”.
Para a naturopata, uma dieta alimentar à base de alimentos alcalinos é uma questão importante. Vera Belchior explica-nos que, comummente, “a alimentação das férias é exageradamente rica em alimentos acidificantes, como a carne, o álcool, o queijo, o café e o tabaco, o que pode levar a diversos problemas de saúde”. Daí que seja importante procurar equilibrar o organismo com opções alimentares mais saudáveis.
Retomar a normalidade
A nutricionista Ana Teresa Ramos explica-nos ainda que o “quadro comum associado a estas situações pontuais de excesso de álcool, é a diminuição na ingestão de alimentos – porque o álcool é fornecedor de calorias e acaba por diminuir o apetite”. Nestes casos, acrescenta, “por vezes há perda de peso com diminuição da massa muscular”, pelo que é importante recomeçar uma alimentação equilibrada, que andou “perdida” devido à existência do etanol na própria digestão.
Também por essa razão, neste regresso à normalidade é importante não esquecer as regras mais essências de uma alimentação saudável. Uma alimentação variada, cheia de cores e sabores saudáveis, privilegiando cozinhados ao vapor, no forno ou cozidos em detrimento de fritos e com horários regulares.
Se juntarmos a isto o cuidado nas escolhas ao pequeno-almoço e o hábito de fazer exercício (seja uma prática mais intensa no ginásio ou simplesmente arranjar tempo para todas as semanas fazer simples caminhadas), rapidamente os excessos de verão vão tornar-se coisa do passado. E se fizer bem as coisas, quando o próximo verão chegar, já não precisará de fazer um esforço suplementar para se sentir bem com o seu corpo na praia. Basta simples desfrutar do bom tempo.
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