Doenças alérgicas respiratórias: Rinite Alérgica e Asma
Os sintomas são muito diferentes, mas têm em comum o facto de serem ambas doenças alérgicas respiratórias e de coexistirem muitas vezes no mesmo indivíduo. Conheça os sintomas, as causas e as formas prevenção e tratamento.
Se sofre de sintomas como espirros, comichão, nariz entupido, pingo no nariz é possível que tenha rinite alérgica. A rinite alérgica é frequentemente acompanhada de conjuntivite ( olhos vermelhos, lacrimejo e comichão nos olhos).
Da mesma forma, tosse seca, aperto no peito, dificuldade em respirar e pieira são sintomáticos de asma. Mas na verdade é ainda possível que tenha os dois conjuntos de sintomas: estas duas doenças, embora muito diferentes andam muitas vezes de mão dada. A rinite alérgica causa muito desconforto, a asma, dependendo do grau de gravidade, pode provocar uma grande limitação na qualidade de vida dos doentes.
São as duas doenças crónicas inflamatórias – a rinite das mucosas do nariz e a asma dos brônquios – e estão muito relacionadas. “Estima-se que cerca de 80% dos asmáticos têm rinite e que 40% dos doentes com rinite têm asma”, explica a imunoalergologista Elisa Pedro.
Além disso “a rinite alérgica é mesmo um fator de risco para o desenvolvimento de asma, daí a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da rinite.”
De acordo com Elisa Pedro o diagnóstico desta duas alergias é feito através de uma cuidadosa história clínica para colheita dos sintomas e dos fatores desencadeantes de cada doente, de testes cutâneos com alergénios e, por fim, da análise de sangue com pesquisa de anticorpos relacionados com os alergénios (anticorpos IgE).
Além disso, os doentes asmáticos devem fazer exames, como a espirometria ou a pletismografia, que avaliam a função respiratória do paciente.
Tratar e prevenir as doenças alérgicas passa obrigatoriamente por identificar os alergénios responsáveis pelo aparecimento dos sintomas e a prevenção passa por tentar reduzir a exposição às substâncias às quais se é alérgico, explica a inunoalergologista Elisa Pedro.
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Ao identificar o alergénio, há alguns conselhos práticos relativamente simples para reduzir esta exposição:
Prevenção da exposição a substâncias alérgicas para evitar alergias:
Ácaros – É possível um grau relativamente eficaz de controlo através de medidas como:
– controlo da humidade e da temperatura das habitações;
– a aspiração frequente da casa, particularmente do quarto e do colchão, com aspiradores de alta aspiração com filtros HEPA (high efficiency particulate air);
– remoção dos animais domésticos ou confiná-los a áreas restritas da habitação;
– remoção de alcatifas e carpetes;
– preferir mobiliário simples;
– reduzir o armazenamento prolongado de alimentos em despensas ou arrecadações.
Pólenes – Embora uma evicção completa não seja possível, devem ser seguidas as seguintes medidas de prevenção:
– estar atento à divulgação dos boletins polínicos (disponíveis no site da SPAIC – Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica);
– evitar áreas de elevada concentração polínica;
– evitar atividades ao ar livre de manhã muito cedo, altura em que há uma maior concentração de pólenes;
– manter as janelas da habitação e do automóvel fechadas quando as contagens de pólenes forem elevadas e nos dias de vento forte;
– usar óculos escuros;
– evitar praticar desportos ao ar livre;
– evitar caminhadas em grandes espaços relvados;
– evitar cortar relva.
Além das medidas preventivas, as opções terapêuticas, prescritas pelo médico depois feito um diagnóstico e avaliada a intensidade dos sintomas, são diversas podendo incluir, conforme a situação corticosteróides tópicos, broncodilatadores, anti-leucotrienos, corticosteróides sistémicos, além de imunoterapia específica, ou seja, uma vacina anti-alérgica.
Este tratamento, explica a imunoalergologista, deve ser iniciado o mais precocemente possível de modo a reduzir os sintomas que são a consequência da inflamação crónica da alergia.
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Doenças alérgicas: a afetar 3 milhões de portugueses e a subir!
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Aerobiologia mais de um terço da população portuguesa sofre de pelo menos uma doença alérgica, o que significa que estas doenças afectam cronicamente mais de 3 milhões de portugueses: cerca de 30% da população tem queixas de rinite; 18% tem concomitantemente queixas oculares de conjuntivite e cerca de 10% tem asma.
Ou seja, em Portugal, estima-se que a doença alérgica afete cerca de 1/3 da população e todos os anos a taxa de incidência aumenta. De acordo com Elisa Pedro, particularmente nos últimos 20 anos, verifica-se um aumento da incidência anual das doenças alérgicas na ordem dos 2-3%.
Não é muito claro, ou não é pelo menos consensual a razão deste acréscimo tão significativo nas últimas décadas, mas o ambiente e o estilo de vida são apontados como os prováveis responsáveis.
De acordo com Elisa Pedro, o facto de o ambiente doméstico estar cada vez mais fechado ao exterior, propiciando o desenvolvimento de ácaros e fungos e a alimentação ter mais conservantes e antibióticos podem ter um papel neste aumento.
Uma outra teoria, apresentada nos finais dos anos 80, propõe outra explicação, mais polémica – é a chamada “teoria da higiene”. Em traços largos, esta teoria sustenta que se por um lado está comprovado que várias doenças deixaram de existir e a expectativa de vida aumentou em parte por causa dos nossos hábitos de higiene e limpeza, por outro, em termos de alergias, higiene a mais faz mal à saúde!
Como nos explica Elisa Pedro, esta tese gera controvérsia no seio da comunidade científica, sustentando que a diminuição das infeções na primeira infância, devido à vacinação, ao uso de antibióticos e as melhores condições sanitárias, poderão ‘desviar’ a resposta do sistema imunológico, menos ocupado com micróbios e parasitas, para os alergénios ambienciais.
Resumindo: há várias hipóteses que explicam o porque deste aumento crescente, mas não há certezas absolutas.
De acordo como o estudo “Diagnóstico da doença alérgica em Portugal: um estudo exploratório”, um dos grandes problemas das doenças alérgicas é a falta de diagnóstico: “bronquite”, “bronquiolite”, “tosse alérgica”, “constipação” e “sinusite”, são algumas das máscaras da asma e da rinite.
É urgente informar para combater este subdiagnóstico, na medida em que isso implica a ausência de tratamento adequado, causando sofrimento aos afetados e famílias.
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