Para que é usada a Losartana potássica e quais os efeitos secundários

Losartana potássica indicações, contra-indicações e efeitos secundários.

A losartana potássica, que também é vulgarmente chamada de losartan, é na realidade um fármaco pertencente à classe dos antagonistas do receptor da angiotensina II (ARA II), sendo muito utilizada em tratamentos de hipertensão arterial.

É um medicamento anti-hipertensivo, no entanto, a losartana também pode ser indicada como parte do tratamento da insuficiência cardíaca, também do fortalecimento do músculo cardíaco ou da insuficiência renal crónica, além  de ser usada também em determinadas situações para o controlo da proteinúria (que é a perda de proteínas na urina).

Tenha em atenção que este texto não aborda por completo a losartana. O objetivo é resumir sem termos muito técnicos, para que seja mais útil aos pacientes que procuram informações objetivas e em linguagem acessível ao público leigo.

ANTI-HIPERTENSIVOS ARA II

Estamos aqui a falar da losartana potássica que é apenas um dos vários fármacos que pertencem à classe dos antagonistas do receptor da angiotensina II.

Existem outros medicamentos disponíveis dessa classe, tais como:

– Candesartana.
– Irbesartana.
– Olmesartana.
– Telmisartana.
– Valsartana.

Toda a gama de medicamentos ARA II apresentam na generalidade o mesmo mecanismo de ação, partilham no geral praticamente os mesmos efeitos secundários e tem demonstrado uma taxa de eficácia bastante semelhante. Não existe na atualidade um fármaco da classe dos ARA II que seja nitidamente superior aos demais, sendo eleição do melhor medicamento desta classe individualizada, tendo em conta questões como o preço e a facilidade da posologia.

A classe ARA II são medicamentos com mecanismo de ação parecido com os IECA, classe de medicamentos que incluem os fármacos enalapril, ramipril, lisinopril, captopril, entre outros.

 

Mecanismo de actuação da losartana

A actuação da losartana, tal como ocorre em qualquer medicamento da classe dos ARA II, impede a acção de um hormónio conhecido como angiotensina II, que é na realidade um dos responsáveis pelo controle da pressão arterial no corpo humano. A angiotensina II serve para estimular a contracção dos vasos sanguíneos e uma melhor absorção de sódio pelos nossos rins, resultando assim na elevação da pressão arterial.

O efeito anti-hipertensivo da losartana surge porque impede que a angiotensina II se ligue aos seus receptores, chamados receptores AT1, impedindo assim que este hormónio execute as suas funções.

As estatísticas apontam que cerca de 75% dos pacientes que tem hipertensão apresentam níveis de angiotensina II bastante acima dos valores considerados necessários para manter uma pressão arterial normal. Assim sendo, a inibição ou controlo da sua ação através do uso da losartana acaba por se tornar uma forma bastante efectiva para baixar a pressão arterial.

Nos restantes 25% dos pacientes que não apresentam angiotensina II, a eficácia anti-hipertensiva da losartana acaba por ser bastante mais baixa.  Tendo isso em conta, a losartana não deverá ser a primeira opção de tratamento para hipertensão arterial em pacientes de etnia negra nem em idosos, sendo indicada apenas quando seja aplicada em conjunto com algum diurético, como a clortalidona ou a hidroclorotiazida que ajudará no efeito.

As pessoas mais jovens e de etnia branca são geralmente quem apresenta melhor resposta anti-hipertensiva quando são medicados com a losartana.

 

Indicações terapêuticas da Losartana potássica

A losartana potássica é geralmente prescrita sempre que o médico entende que a inibição da angiotensina II pode trazer benefícios ao paciente, essa decisão é sempre baseada em exames.

As situações mais comuns em que o paciente se enquadra são:

– Tratamento da hipertensão arterial
– Tratamento da insuficiência cardíaca
– Tratamento da hipertrofia do ventrículo esquerdo (espessamento da parede do coração).

– Redução da proteinúria (perda de proteínas na urina)
– Redução da progressão da insuficiência renal crônica

Nomes comerciais mais conhecidos da losartana potássica:

A losartana já existe no mercado há muitos anos, podendo ser facilmente encontrada sob a forma de medicamentos genéricos. Entre os nomes comerciais utilizados, o mais conhecido é o Cozaar, do laboratório Merck Sharp & Dohme, que é considerado actualmente por muitos médicos como o medicamento de referência para a substância losartana.

Além do Cozaar, existem muitos outros nomes comerciais facilmente encontrados nas farmácias tais como:

– Aradois.
– Arartan.
– Cardvita.
– Corus.
– Cytrana.
– Lanzacor.
– Losacoron.
– Losaprin.
– Losartec.
– Lorsacor.
– Losartion.
– Lotanol.
– Torlos.
– Valtrian.
– Zaarpress.
– Zart.

 

Como tomar a losartana e quais as doses

A losartana potássica é comercializada em comprimidos de 25 mg, 50 mg e 100 mg. O calculo da dosagem deverá sempre ser efectuada pelo médico, sendo a dose inicial habitual de 50 mg diários, com ajustes a cada uma ou duas semanas até ser obtido o desejado controlo da pressão arterial.

No caso dos pacientes idosos (ou não idosos mas que fazem uso de um diurético), a dose inicial é geralmente de 12,5 a 25 mg, com incrementos também a cada uma ou duas semanas, dependendo da resposta do paciente. Deverá ter em atenção que a dose máxima  diária recomendada é de 100 mg.

Nas situações de pacientes que sofram de insuficiência cardíaca, a dose máxima pode ir até 150 mg por dia, caso o paciente tolere, devendo ser sempre considerado caso a caso.

Efeitos secundários da losartana

Mesmo sendo considerado um fármaco seguro, existem alguns efeitos secundários na losartan que são relativamente frequentes. Vamos falar aqui apenas dos mais comuns e dos mais graves:

– Hipotensão: tal como ocorre outros medicamentos anti-hipertensivo, a hipotensão arterial é um dos efeitos secundários possíveis da losartana. Os casos de hipotensão ocorrem em cerca de 5% dos pacientes.

É comum que os sintomas da hipotensão se manifestem através de tonturas, fraqueza e súbito escurecimento da visão, que ocorrem, habitualmente, quando a pessoa se levanta de forma rápida.

O efeito secundário de hipotensão é mais comum quando a dose inicial da losartana é muito elevada ou quando os pacientes apresentam uma ou mais das seguintes condições:

  • Idade acima de 60 anos.
  • Desidratação.
  • Uso concomitante de diuréticos.
  • Insuficiência cardíaca.

Tal como já foi indicado anteriormente, neste tipo de pacientes com elevado risco de hipotensão, a dose inicial da losartana deve ser sempre de 12,5 mg ou 25 mg, para minimizar os riscos.

– Hipercalemia (elevação do potássio no sangue): a elevação do potássio na corrente sanguínea é um efeito secundário relativamente comum e com um grau de perigo a ter em conta, já que ele pode provocar arritmias cardíacas que podem ser fatais.

O efeito secundário de hipercalemia pode ocorrer em cerca de 4% dos pacientes e é um dos principais motivos para uma suspensão da toma de losartana.

O risco de sofrer hipercalemia como efeito adverso é maior nos pacientes com diabetes, nas pessoas portadoras de insuficiência renal crónica, nos idosos ou que façam uso de outros medicamentos que também possam elevar os níveis de potássio, tais como são os anti-inflamatórios, anti-hipertensivos da classe dos IECA ou o diurético espironolactona.

Em determinados casos, a redução da dose, acompanhada pela otimização dos outros medicamentos e uma educação alimentar de forma a evitar alimentos ricos em potássio são  medidas suficientes para controlar os níveis de potássio no sangue.

Em certos pacientes, porém, o losartan acaba por ter que ser suspenso permanentemente, visto que, mesmo com a redução da dose e com as alterações citadas acima, os níveis de potássio no sangue permanecem em níveis considerados perigosos.

– Agravamento da função renal: ainda que a losartana seja um medicamento muito utilizado para a proteção dos rins, em circunstâncias específicas, ela pode acabar por ser prejudicial.

Pessoas desidratadas, hipotensas, que utilizam anti-inflamatórios ou que apresentem um quadro de  insuficiência cardíaca descompensada são os pacientes com maior risco de sofrerem alterações da função renal potencializadas pela losartana.

– Diarreia: a diarreia pode surgir como efeito secundário em 4% dos pacientes que tomam losartana.

A losartana, tal como os outros medicamentos da classe ARA II, apresentam como efeito secundário comum uma incidência de tosse e reações alérgicas mais baixa que os IECA.

Contra-indicações da losartana potássica

A medicação por losartana potássica é completamente contra-indicada nos pacientes com história de reação alérgica a qualquer medicamento da classe dos ARA II.

A losartana potássica também não deve ser nunca prescrita a pessoas com estenose bilateral da artéria renal, pessoas que possuam níveis sanguíneos de potássio elevados ou perto do limite superior da normalidade ou durante períodos de agravamento agudo da função renal.

É um medicamento não indicado para grávidas, devido ao elevado risco de malformações fetais e complicações obstétricas.

A losartana potássica também não deverá ser administrada durante o período de aleitamento materno.

Uso pediátrico: não existe experiência com o uso de losartana potássica em crianças, portanto losartana potássica não deve ser administrada a crianças.

Interacções Medicamentosas da losartana potássica

A administração da losartana potássica deve ser evitada em conjunto com os seguintes medicamentos:

– Alisquireno (Rasilez): maior risco de hipercalemia e hipotensão.
– Anti-inflamatórios: maior risco de hipercalemia, hipotensão e lesão renal aguda.
– Medicamentos da classe dos IECA: maior risco de hipercalemia e hipotensão.
– Lítio: maior risco de toxicidade pelo lítio.

A administração conjunta da losartana com os seguintes fármacos deverá ser sempre feita com cautela e monitorizando os riscos:

– Fluconazol: reduz eficácia da losartana.
– Rifampicina: reduz eficácia da losartana.
– Sulfametoxazol-trimetoprim (Bactrim): maior risco de hipercalemia.
– Espironolactona: maior risco de hipercalemia.
– Cannabis: aumenta a concentração sanguínea de THC.

Geralmente a losartana potássica não interage com alimentos ou outros medicamentos que possa estar a tomar. Contudo, o seu médico deverá ser informado sobre todos os medicamentos que você toma ou pretende tomar, incluindo os que são vendidos sem receita. É importante informar ao seu médico se estiver a tomar suplementos de potássio, medicamentos poupadores de potássio ou substitutos do sal da dieta que contém potássio. Também informe ao seu médico se estiver a tomar certos medicamentos para dor e artrite, outros medicamentos para pressão alta ou lítio (uma droga usada para o tratamento de certos tipos de depressão).

Uma nota importante: Apesar de muitas pessoas sentirem desconfiança, a losartana potássica não interfere com a eficácia dos anticoncepcionais hormonais, essa é uma dúvida de muitas pessoas.

Composição de Losartana potássica:

Cada comprimido revestido contém:

losartana potássica ………… 50 mg ………… 100 mg

excipientes q.s.p. ………… 1 comprimido ………… 1 comprimido

(lactose monoidratada, celulose microcristalina, amido, dióxido de silício, croscarmelose sódica, estearato de magnésio, dióxido de titânio, macrogol, hipromelose, polissorbato 80).

O que devo fazer quando esquecer de tomar este medicamento?

Se você deixou de tomar uma dose, deverá tomar a dose seguinte como de costume, isto é, na hora habitual e sem duplicar a dose.

O que fazer se alguém usar uma quantidade maior do que a indicada deste medicamento?

Em caso de sobredose, avise ao seu médico imediatamente para que ele possa prestar atendimento de urgência. Os sintomas mais prováveis de superdose são pressão arterial baixa e ritmo cardíaco acelerado, mas também podem ocorrer batimentos cardíacos mais lentos.

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