O que é a caspa, o que a causa e como eliminar
A caspa é um problema desagradável, mas não tem de ser visto como uma fatalidade.
Saiba quais são os tratamentos mais eficazes para se livrar dela, de uma vez por todas.
Há já alguns dias que, ao passar a escova pelos cabelos, descobre partículas brancas minúsculas? A primeira coisa a fazer é certificar-se de que se trata realmente de caspa. É que, depois de várias semanas de exposição ao sol, mergulhos no mar e em piscinas com cloro, o couro cabeludo pode estar desidratado e a descamar – tanto quanto a sua epiderme.
Para tirar teimas, comece por usar, durante duas semanas, um champô ultra-suave e calmante, próprio para couro cabeludo sensibilizado e por reduzir os brushings. Este é o tempo suficiente para que a sua pele recupere o seu nível de hidratação normal.
Se tal não acontecer, não restam dúvidas: o processo de formação de caspa está em curso e convém iniciar, quanto antes, um tratamento específico, mais ou menos drástico, segundo os casos.
Porque aparece a caspa? Quais as causas?
Qualquer que seja a gravidade do estado, a caspa está sempre associada a uma multiplicação anormal de Pytirosporum ovale, ou Malassezia furfur – uma levedura que faz parte da flora natural do couro cabeludo e é indispensável para manter o seu equilíbrio. Só que, enquanto numa epiderme saudável este microorganismo está presente numa percentagem de 50 por cento, em casos de dermite seborreica pode chegar a 80 por cento.
A principal consequência deste desequilíbrio é uma aceleração do ciclo de vida das células do couro cabeludo – que passa de cerca de 28 dias para 14 ou menos. Por não completarem o seu processo natural de maturação e não terem tempo de secar, estas desprendem-se, ainda agrupadas em películas brancas visíveis: a caspa.
Esta situação está, quase sempre, relacionada com estados de hiperseborreia, já que a gordura é um meio ideal para a proliferação da Malassezia furfur; mas a caspa também pode aparecer em couros cabeludos secos. O facto de ser «seca» ou «oleosa» depende do tipo da pele.
A origem da caspa não é ainda conhecida com exactidão, mas sabe-se que há uma predisposição genética para sofrer deste problema. O factor hormonal também é determinante, bem como diversos elementos externos que, não sendo causas directas da caspa, podem favorecer o seu aparecimento – é o caso do stress, do cansaço, de uma alimentação incorrecta, da poluição ou da aplicação de produtos inadequados.
Por outro lado, a caspa também pode estar associada a outros problemas dermatológicos, como a dermite seborreica e psoríase; nestes casos, é necessário um acompanhamento médico.
Aos primeiros sinais: trave o processo
Se sente comichão no couro cabeludo e descobre de vez em quando algumas películas, sem que existam outros sinais de irritação, não se preocupe: segundo um estudo recente de Head & Shoulders, 74 por cento da população portuguesa afirma que já teve caspa em alguma fase da vida.Trata-se de uma afecção benigna – o Pityriasis simplex – que se deve a uma aceleração do ritmo da renovação celular da pele.
A partir do momento em que passam a ter um ciclo de vida mais curto, as células mortas soltam-se ainda agrupadas umas às outras, em películas visíveis a olho nu. Esta situação é incómoda e sobretudo inestética, mas não envolve nenhuma complicação dermatológica.
• O que fazer:
Recuperar o equilibrio. Nesta fase, pode ser suficiente um tratamento básico com um champô próprio para reequilibrar o couro cabeludo, eventualmente associado à aplicação de uma loção calmante, sem álcool, para reconfortar a pele irritada.
Durante as crises, tente não mexer demasiado no cabelo e evite os brushings com secador muito quente, as colorações, descolorações, permanentes e outras técnicas susceptíveis de agravar o estado. Não utilize produtos que contenham álcool ou perfumes, que são fontes potenciais de irritação. Evite massagens muito vigorosas, que podem estimular a produção sebácea.
Mitos & factos sobre a caspa
Antes de perder a cabeça com tudo o que se diz por aí sobre a caspa, conheça algumas verdades sobre este assunto. Os esclarecimentos vêm do Haircare Research Center da multinacional Procter & Gamble, um centro de investigação que se dedica exclusivamente ao estudo dos cabelos.
1. A caspa é contagiosa?
Definitivamente, não. Nem mesmo através de pentes e escovas.
2. As pessoas que sofrem de caspa têm mais tendência para a calvície?
Não. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não existe nenhuma relação entre estes dois problemas.
3. As lacas e os produtos fixantes podem provocar caspa?
Não confunda as pequenas partículas residuais que se depositam no couro cabeludo, devido ao uso frequente ou excessivo destes produtos, com caspa; não têm nada a ver com descamação da epiderme e eliminam-se facilmente com a escova ou com a lavagem.
4. Os champôs anti-caspa podem secar ou estragar o cabelo?
Não, se escolher o produto certo para o seu tipo de cabelo. Hoje em dia, existem fórmulas com excelentes qualidades cosméticas e tão suaves que podem ser usadas todos os dias. A única diferença é que um bom champô anti-caspa, além eliminar a sujidade e o sebo do couro cabeludo, contém ingredientes que controlam a formação da caspa.
Sempre que existirem problemas de pele,consulte um dermatologista
Uma caspa muito rebelde pode ser um sintoma de uma verdadeira afecção dermatológica. Neste caso, ela é acompanhada de alterações cutâneas, tais como crostas, placas vermelhas, descamação da pele na testa, sobrancelhas e asas do nariz, que devem ser observados por um dermatologista.
Pode tratar-se de uma dermite seborreica – uma dermatose frequente ligada à proliferação de micro-organismos, acrescida de problemas de queratinização e seborreia.
Os tratamentos mais eficazes no tratamento da caspa
Só o médico os pode prescrever. Outra possibilidade a considerar é que se trate de psoríase, uma doença inflamatória crónica que se caracteriza por placas de escamas no couro cabeludo e em certas partes do corpo. Neste caso, é necessário um tratamento a longo prazo, já que a psoríase está intimamente ligada a factores genéticos e psicológicos.
Escolha bem os seus produtos de tratamento
Um bom champô contra a caspa deve ter uma base ultra-suave, que permita lavagens frequentes mas não agressivas, e duas espécies de activos: agentes anti-fúgicos para regular a proliferação do Malassezia Furfur (ou Pityrosporum oval), e substâncias queratolíticas, como o ácido salicílico, que fazem uma ligeira esfoliação para limpar a epiderme do couro cabeludo em profundidade.
Um bom champô anti-caspa é suficiente?
Pode ser, para manter a situação controlada, ou para dominar uma irritação passageira. Como nem todos os champôs anti-caspa são igualmente eficazes em todas as pessoas, é provável que tenha de experimentar vários até encontrar a fórmula mais adequada para o seu caso. Qualquer que seja a sua escolha, deve deixar sempre o champô actuar durante cinco minutos antes de enxaguar.
Convém alterná-lo com outros tratamentos?
Sim, para reforçar a sua acção. Existem champôs anti-caspa de uso frequente. Mas os tratamentos mais concentrados aplicam-se, em média, duas vezes por semana, alternados com um champô suave e neutro, para que não se tornem agressivos.
Se existir um problema de excesso de produção sebácea, o mais indicado é recorrer a um produto específico para tratar o couro cabeludo oleoso. E, quando a caspa é um problema crónico, convém fazer um tratamento preventivo regularmente.
Ao fim de quanto tempo se notam os resultados?
No final da segunda semana, já deve observar uma melhoria. Mas são necessárias entre 4 e 12 semanas para reequilibrar completamente o couro cabeludo. Caso isto não aconteça, mude de produto. Se, mesmo assim, a caspa não desaparecer, consulte um dermatologista.
Deve tratar-se de modo diferente o couro cabeludo seco e oleoso?
Em ambos os casos, a causa da caspa é idêntica e são utilizados os mesmos activos. Só que um couro cabeludo seco precisa de fórmulas muito suaves e hidratantes, ao passo que as fórmulas destinadas aos couros cabeludos oleosos contêm agentes anti-gordura, para controlar a produção das glândulas sebáceas. Existem, também, champôs anti-caspa enriquecidos com agentes condicionadores, próprios para os cabelos secos e frágeis.
É verdade que os champôs já não contêm derivados de alcatrão?
A regulamentação europeia restringiu a utilização do alcatrão, na sequência de um estudo levado a cabo na Alemanha que terá provado o efeito cancerígeno dessa substância. A partir de Julho de 1999, os produtos que o contêm só podem ser vendidos sob receita médica. Os champôs de venda livre podem conter substâncias próximas – por exemplo, derivados de alcatrão vegetal – que não têm qualquer acção nociva.
Porque é que a caspa se manifesta, quase sempre, durante a adolescência?
A dermite seborreica do couro cabeludo, vulgarmente designada por «caspa» consta de oleosidade e descamação do couro cabeludo, associadas a prurido e, por vezes, a intenso desconforto. A seborreia surge tipicamente na adolescência.
Prende-se com a estimulação das glândulas sebáceas por hormonas masculinizantes – os androgénios – cuja produção coincide com o desenvolvimento da puberdade. Curiosamente, já após o nascimento e ao longo dos primeiros meses de vida, se podem observar quadros de dermite seborreica do couro cabeludo em bebés – a crosta láctea. Têm igualmente a ver com a transmissão materno-fetal de androgénios durante a gravidez.
Um champô anti-caspa é tratamento suficiente?
Os estudos provam que o aumento de oleosidade do couro cabeludo propicia o crescimento de um fungo, o Pytirosporum ovale, que será provavelmente o responsável pelas características inflamatórias da seborreia – a descamação e o prurido – susceptíveis de provocar tanto incómodo.
Por este motivo, hoje em dia, muitos champôs anti-caspa passaram a incorporar na sua composição princípios activos com acção anti-fúngica, nomeadamente o Ketoconazol.
No entanto os champôs anti-caspa, mesmo com uma composição química mais elaborada, não são muitas vezes suficientemente eficazes para o controle da dermite seborreica. Recorremos com frequência a loções capilares que incluem substâncias diversas, como corticóides, ácido salicílico e anti-fúngicos, entre outras.
Cada vez mais complementamos o tratamento com o uso de champôs de frequência, suaves e com um pH não agressivo, que permitem o número de lavagens necessário.
Em situações mais complexas, a intervenção terapêutica pode igualmente ser mais lata, recorrendo-se pontualmente a medicação sistémica, quer no intuito de reduzir a produção de sebo, quer de induzir o rebalanço hormonal – nas mulheres – travando com hormonoterapia o estímulo pelas hormonas masculinizantes.
Em certos casos, pode haver uma relação causa-efeito clara entre os períodos de vida com maior stress emocional e sobrecarga, justificando-se por vezes o uso de ansiolíticos leves.
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