Psicopatia – A ORIGEM DO MAL
A psicopatia é uma realidade e todos os dias se conhecem novos casos de psicopatas, sendo importante compreender o cérebro de um psicopata.
Neste âmbito, vale a pena referir o projeto científico pioneiro Psicopatia e Emoções em Portugal (2010), criado pelo psicólogo Armindo Freitas Magalhães com o objetivo de compreender os processos cerebrais envolvidos nas reações neuropsicofisiológicas da expressão facial da emoção, conhecer a razão pela qual o padrão de emocionalidade negativa é recorrente na psicopatia, se há diferenças de género e idade, e também procurar os motivos orgânicos e ambientais implicados, a fim de estabelecer um padrão que permita o tratamento e a profilaxia do crime.
Aproveitam a psicoterapia para aprender a manipular melhor os outros…
Para verificar e analisar o cérebro dos psicopatas e a relação correspondente à expressão facial, recorre-se à imagiologia de ressonância magnética funcional (fMRI), à psicometria neurofuncional e a plataformas informáticas que estimulam os sistemas cerebrais, particularmente o límbico, Segundo Freitas-MagaIhães, “o conhecimento do estado da psicopatia em Portugal é um preditor indispensável para o exercício do tratamento e da prevenção da violência”: “A comunidade científica comprova e defende que o processamento cerebral emocional do psicopata é diferente do da pessoa normal e, por isso, a consequente manifestação dos movimentos faciais também o é. A identificação, o reconhecimento e a frequência das emoções permitirão a constituição de uma base de dados que poderá estar ao serviço do sistema judicial.”
Por outro lado, muitos especialistas defendem que é possível vislumbrar a psicopatia desde uma idade muito precoce. Numa das suas obras mais conhecidas, Hare descreve o curioso caso de uma menina de cinco anos que os país surpreenderam a tentar atirar o gato pela sanita abaixo.
“Agarrei-a mesmo antes de voltar a tentá-lo. Parecia bastante indiferente, talvez um pouco aborrecida por ter sido apanhada. Na realidade, nunca conseguimos aproximar-nos dela, mesmo quando era bebé. Tentava sempre fazer tudo à sua maneira. Se não conseguia o que queria com bons modos, tentava novamente com uma birra”, contava a mãe.
Nesse sentido, alguns psicólogos aconselham os pais a vigiarem o comportamento dos filhos e a repararem se eles mostram traços acentuados de egocentrismo persistente, se são coléricos, agressivos ou cruéis, se recorrem continuamente à mentira para conseguirem os seus objetivos, se não mostram arrependimento pelos maus atos e se procuram constantemente fugir das suas responsabilidades.
Os tratamentos da psicopatia: UM FRACASSO
A outra grande questão é que a psicopatia não desaparece, embora, a partir dos 40 anos, tal comportamento tenda a ser menos antissocial. Segundo Hare, a razão poderá dever-se ao facto de que “as pessoas perdem ânimo, amadurecem, cansam-se de estar presas, desenvolvem novas estratégias para vencer o sistema, encontram alguém que as entende, reestruturam a visão que têm de si próprias e do mundo.,.”
Porém, isso não significa que deixam de ser perigosas: os estudos demonstram que a sua personalidade manipuladora e isenta de empatia se mantém. “A diferença é que aprendem a satisfazer as suas necessidades de forma menos antissocial”, concluí Hare.
A verdade é que nenhuma das terapias psicossociais utilizadas para modificar comportamentos psicopáticos funcionou até agora. Tal como afirma Pozueco, “o capítulo mais curto de um livro sobre psicopatia é o dedicado ao tratamento”. Os psicopatas não sentem que têm qualquer problema emocional ou psicológico, pelo que não veem motivos para participarem numa terapia.
Em geral, rejeitam a hipótese e, se aceitam submeter-se ao tratamento, agem de forma mecânica, sem assimilarem os ensinamentos, o que até pode acabar por revelar-se positivo, segundo alguns investigadores: ficou demonstrado que os tratamentos proporcionam aos psicopatas melhores estratégias para manipularem, enganarem e usarem as pessoas, além de os ensinarem a justificar os seus atos, alegando, por exemplo, abusos durante a infância ou conflitos com os próprios sentimentos, para suscitar pena ou reduzir as sentenças.
A conclusão é desanimadora: todos os especialistas ouvidos aconselham que os psicopatas sejam identificados e tratados o mais cedo possível, mesmo na infância. Tudo parece indicar que não se consegue transformar um psicopata numa boa pessoa, mas talvez possamos evitar que, em adulto, se transforme num perigoso criminoso.
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