Muitas pessoas não sabem o que é a esquizofrenia em concreto.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a doença de esquizofrenia não é em concreto um distúrbio de múltiplas personalidades. Trata-se na realidade de uma doença crónica, muito complexa, que requer um acompanhamento e tratamento por toda a vida da pessoa acometida.
Quando falamos de esquizofrenia, referimos uma doença mental que afeta em termos estatísticos cerca de 1% da população mundial, segundo os últimos registos oficiais. Geralmente este transtorno faz-se notar com evidência entre o final da adolescência e começo da vida adulta da pessoa.
As alterações cerebrais que esta doença provoca nas pessoas, dificulta o correto julgamento sobre a realidade, assim como a produção de pensamentos simbólicos e abstratos, além da elaboração de respostas emocionais complexas.
Na atualidade ainda existe muito preconceito contra as pessoas acometidas pela esquizofrenia. Os especialistas atribuem esse fato à falta de conhecimento que a grande maioria das pessoas tem em relação a esta doença.
O que é a esquizofrenia?
A esquizofrenia designa-se como uma doença mental que se caracteriza pela presença de delírios, de alucinações, alterações do pensamento, assim como outras funções cognitivas, isolamento social e alterações psicomotoras. Estima-se que existam milhares de pessoas que padecem deste transtorno e não estão devidamente diagnosticadas.
Quais as causas da esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma doença cerebral complexa que resulta da combinação de fatores genéticos e ambientais. A prevalência de esquizofrenia na população geral é de cerca de 1%. Entre os parentes de primeiro grau de um portador de esquizofrenia, este número sobe para 10%. Gêmeos idênticos têm pouco mais de 50% de concordância para o diagnóstico. Estes números são uma evidência clara da influência de fatores genéticos na esquizofrenia.
No entanto, não se sabe ainda quais os genes responsáveis. Quanto aos fatores ambientais, eles incluem a exposição a infecções virais durante a gestação, problemas durante o parto e a exposição a determinados tipos de stress ambiental.
O cérebro de pessoas com esquizofrenia apresenta anormalidades tanto macro quanto microscópicas. Os neurotransmissores mais claramente relacionados à doença são a dopamina e o glutamato.
Foram identificadas diferenças na estrutura cerebral de doentes que padecem de esquizofrenia ocorreram durante o desenvolvimento do cérebro mas que apenas se manifestam na puberdade.
Fatores de risco de esquizofrenia:
Estudos apontam que existem alguns fatores importantes para o início das alterações neuroquímicas cerebrais e para o posterior aparecimento dos sintomas da doença no comportamento do indivíduo:
- História familiar de esquizofrenia: as chances são de 10% se tiver um irmão com esquizofrenia, 18% se tiver um irmão gêmeo não idêntico com esquizofrenia, 50% se tiver um irmão gêmeo idêntico com esquizofrenia e 80% se os dois pais forem afetados por esquizofrenia
- Ser exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe, especialmente nos dois primeiros trimestres da gestação
- Problemas no parto como falta de oxigênio (hipóxia neonatal)
- Ter um pai com idade mais avançada
- Uso de drogas, mesmo que sejam ligeiras
- Tabagismo.
Quais os sintomas da esquizofrenia?
Um surto de esquizofrenia pode começar abrupta ou insidiosamente. Frequentemente, há um período prodrômico em que o paciente apresenta uma sensação, um tanto vaga, de que algo estranho está acontecendo ou por acontecer. Pode haver, já nesta etapa, retraimento social ou queda do rendimento na escola ou no trabalho.
Existem basicamente 4 tipos de esquizofrenia:
- Esquizofrenia paranoide: cujo predomínio são as alucinações e delírios;
- Esquizofrenia heberfrênica ou desorganizada: com predominante pensamento e discurso desconexo;
- Esquizofrenia catatônica: em que o paciente apresente mais alterações posturais, com posições bizarras mantidas por longos períodos e resistência passiva e ativa a tentativas de mudar a posição do indivíduo:
- Esquizofrenia simples: nos quais o individuo, sem possuir delírios, alucinações ou outras alterações mais notáveis, progressivamente vai perdendo a sua afetividade, a sua capacidade de interagir com outras pessoas, surgindo de forma progressiva um prejuízo do seu desempenho social e ocupacional, por vezes levando os indivíduos afetados a uma vida de indigência.
Quando a doença irrompe por completo há sintomas como:
– Delírios: idéias que não correspondem à realidade, mas que, geralmente, são mantidas com forte convicção. Exemplos comuns são os delírios de perseguição. Os delírios podem incluir ideias bastante bizarras, como a de ser comandado por seres de outro planeta ou pelas ondas da televisão;
– Alucinações: geralmente auditivas ou visuais;
– Alterações do pensamento, que pode se tornar pobre, desorganizado, não lógico; o discurso pode apresentar neologismos;
– Movimentos anormais, muitas vezes sem sentido aparente;
– Dificuldade de expressar sentimentos;
– Apatia, dificuldade de iniciar atividades ou de levá-las a cabo.
Por todos estes sintomas, o comportamento do portador de esquizofrenia pode ser um tanto peculiar. Na fase mais aguda, é muito difícil manter um desempenho normal. Conforme os sintomas mais agudos cedem, a apatia pode predominar.
Qual o tratamento da esquizofrenia? Tem cura?
O tratamento da esquizofrenia baseia-se em medicamentos chamados antipsicóticos ou neurolépticos. Estes medicamentos combatem os sintomas agudos da esquizofrenia, em especial os delírios e as alucinações.
Uma vez que a fase aguda tenha sido controlada, procura-se incentivar as atividades psicossociais, tomando o cuidado para que estas não se tornem stressantes. Para tanto, pode se recorrer a terapia ocupacional para ajudar o paciente a recuperar a capacidade de cuidar de si mesmo, de realizar as atividades da vida diária, e de interagir com outras pessoas.
Normalmente, o paciente e sua família devem ser educados a respeito da doença e, em casos específicos, pode ser útil a psicoterapia. A esquizofrenia não tem cura, mas atualmente muitos pacientes conseguem retomar os estudos ou ao trabalho e levar vidas independentes.
O paciente não deve jamais parar ou reduzir a medicação sem acompanhamento médico.
As técnicas usadas nos dias de hoje pelos profissionais para integrar o paciente na sociedade novamente, fazem com que estas pessoas consigam ter uma vida quase normal, apenas precisa ter cuidados específicos, como acontece com qualquer outra doença crónica que precisa de cuidados especiais.
A doença acomete que tipo de pessoas?
Ela geralmente incide na adolescência ou começo da idade adulta; tende a começar mais cedo entre homens e um pouco mais tarde entre as mulheres. Também existem formas mais precoces, que tendem a serem mais graves. A esquizofrenia afeta cerca de 1% dos adultos e atinge indistintamente indivíduos de todas as etnias.
Existe algum tipo de prevenção?
Não. Alguns pesquisadores têm tentado desenvolver técnicas que ajudem pessoas possivelmente mais susceptíveis a desenvolver a esquizofrenia (filhos de portadores de esquizofrenia ou portadores de transtorno esquizotípico, por exemplo) a resistir ao stress na esperança de que isto evite o desenvolvimento do transtorno. No entanto, a eficácia destes métodos não é significativa.
Existe um diagnóstico precoce para a esquizofrenia?
O diagnóstico da esquizofrenia é clínico. Não é possível prever quem irá desenvolver a doença.
Assim tentamos aqui explicar o que é a esquizofrenia.
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