Psoríase – sintomas e tratamentos
A Psoríase é uma doença inflamatória da pele bastante comum e que causa muito desconforto.
A psoríase é uma doença normal, crónica e inflamatória da pele que se caracteriza por manchas cobertas de escamas prateadas e por prurido variável, por isso se diz que é uma doença eritemática e escamativa.
A sua origem é multifactorial, o que significa que não existe apenas um factor que a causa, mas vários.
É um problema de pele que afecta apenas cerca de dois por cento da população mundial e que causa algum desconforto físico e estético nas pessoas atingidas. Implicando um persistente e prolongado tratamento, tem na exposição moderada ao sol um aliado indispensável
Apesar de as suas causas exactas serem mais ou menos desconhecidas, há muito tempo que se sabe da existência de um factor genético, já que 30 por cento dos pacientes apresentam antecedentes familiares. As áreas afectadas podem ser extensas e provocar incómodo físico e embaraço social, pelo que muitas pessoas ficam verdadeiramente perturbadas por sofrerem de psoríase.
Cerca de dois por cento da população portuguesa são afectados por esta doença, que atinge igualmente os dois sexos, entre os 10 e os 30 anos. Embora seja menos frequente, pode também afectar bebés e idosos.
As publicações científicas mais recentes apontam para uma possível origem viral na sua transmissão. Especialistas franceses demonstraram que certos papilomavirus poderiam ser os agentes e os principais responsáveis pelo aparecimento da doença.
Sintomatologia e evolução da psoríase
Este problema manifesta-se pelo surgimento, ao nível superficial da derme, de umas pequenas placas vermelhas e arredondadas, em geral secas e cobertas de escamas prateadas e sobrepostas. Vulgarmente, aparece pela primeira vez nos primeiros tempos da idade adulta, sob a forma de uma erupção que envolve as superfícies externas das articulações dos membros, em particular os cotovelos e os joelhos, o couro cabeludo e a região sacra. Por vezes, quando se arranca uma escama, fluem diminutas gotinhas de sangue.
O aspecto das lesões provocadas deve-se ao facto de, no caso dos doentes psoriásicos, as células novas da pele serem produzidas dez vezes mais rapidamente do que o normal, mantendo-se sem alteração o ritmo de descamação das células mortas. Em consequência disso as células vivas acumulam-se e formam as características manchas espessas e cobertas por pele morta que se descama.
A evolução da doença é variável, porque as suas crises, intensidade e duração não são certos e dependem de muitos factores como a tensão emocional, o nervosismo, os traumatismos, a diabetes, o tabaco, a ingestão de medicamentos (principalmente beta-bloqueadores) ou o excesso de álcool.
Em casos mais graves da doença, a erupção cutânea pode ser acompanhada de tumefacção dolorosa e rigidez das articulações que podem conduzir à invalidez. Nestes casos estamos perante a artrite psoriásica.
O causador da doença de psoríase
Vários estudos permitiram encontrar traços de alguns papilomavirus numa grande quantidade de pacientes. Ao integrar um património celular, este tipo de vírus provoca uma mutação genética que favorece largamente o aparecimento da doença.
Esta mutação, que parece ser hereditária, permitiria explicar os casos de transmissão da doença de pais para filhos. Novos estudos estão em curso, e se estes dados se confirmarem será possível fazer um melhor acompanhamento dos doentes e seus familiares.
Existem diferenças substanciais na sintomatologia entre as crianças psoriásicas e os adultos?
De um modo geral pode dizer-se que sim. Há uma forma de psoríase infantil que só se manifesta na área das fraldas e também na segunda infância há um tipo de psoríase particular que tem a ver com factores infecciosos (como por exemplo a amigdalite) e que fazem desencadear um tipo de psoríase em pequenas lesões e gotas que diferem substancialmente da psoríase normal que afecta a maioria dos adultos.
A evolução da doença poderá desencadear outro tipo de problemas mais complexos?
A psoríase, como quase todas as doenças, tem um espectro muito largo, desde as lesões mínimas que nunca passam disso mesmo (por exemplo, no caso de uma rodela de cinco milímetros num cotovelo, pela qual não há necessidade de ir ao médico) até às formas incapacitantes que implicam internamento hospitalar (porque ocupam toda a superfície corporal) e que têm outras patologias associadas: é o caso do reumatismo psoriásico que se pode tornar invalidante quando assume formas mais graves e lesões complexas nas articulações.
Quais as possibilidades de tratamento e cura?
Há medicamentos e técnicas que ajudam a melhorar a doença significativamente. A maior parte dos casos de psoríase assume uma forma estável, com mais ou menos lesões, num ciclo evolutivo ondulante e relativamente controlável.
Existem múltiplos tratamentos, embora não exista um tratamento ideal. Os indivíduos que sofrem de psoríase podem e devem ir à praia, porque em 90% dos casos a exposição solar é benéfica. Nas lesões mais correntes deve ser aplicado um tratamento local e nas lesões mais intensas, deve ser seguido um tratamento sistémico.
Existem ainda outros tipos de tratamento que estão entre o local e o sistémico, como é o caso da fototerapia e da fotoquimioterapia, com uso de luzes ultravioleta isoladas ou seguidas da ingestão de medicamentos especiais que sensibilizam a pele para aquele tipo de ondas.
Factores emocionais e a psoríase
Não estando directamente ligada a desordens psicológicas, existem, contudo, certos factores que podem influenciar o surgimento da doença: não é raro que se desencadeiem surtos de psoríase depois de um esgotamento neuro-cerebral, profissional ou após choques emocionais de diversa ordem.
De aspecto inestético e bastante incomodativa nas zonas expostas, a psoríase pode igualmente provocar repercussões psicológicas nas pessoas atingidas no conjunto do corpo. Muitas pessoas desenvolvem complexos psicológicos por não conseguirem lidar com a apresentação da sua pele.
Variedade de psoríase
Diversas são as manifestações desta doença, as quais se distinguem por alguns factores:
– psoríase eritrodérmica: as placas espalham-se por todo o corpo;
– psoríase pustulosa: as pústulas aparecem subitamente, na maior parte dos casos na palma da mão e na planta dos pés. Esta forma não é fácil de diagnosticar e é semelhante ao eczema.
O reumatismo psoriásico é outra das formas da doença; localiza-se nas articulações, sendo mais invalidante do que a forma cutânea. Deriva, em vinte por cento, dos casos da psoríase crónica e o tratamento local deve ser acompanhado por um reumatologista e por um dermatologista em simultâneo.
Qualquer que seja o tipo de manifestação, é sempre importante tentar surprimir os surtos com um tratamento adequado, o qual, embora na maioria dos casos seja lento e aborrecido, acaba quase sempre por limitar a evolução da doença. De qualquer modo, quanto menor é a zona atingida, maior é a possibilidade de o tratamento ser bem sucedido.
Primeiras Manifestações da psoríase
O couro cabeludo é, muitas vezes, o primeiro local onde a doença se instala. Não se observam sintomas físicos, sendo o prurido excepcional e encontrando-se as áreas afectadas geralmente muito secas. Uma vez instalada, a doença persiste, aparece e desaparece, ao longo de vários anos.
A erupção pode desaparecer durante o Verão para reaparecer no Inverno ou Primavera. Não costuma verificar-se a queda do cabelo quando se sofre de psoríase do couro cabeludo. Para o tratamento deste tipo de psoríase a utilização de champôs de alcatrão permite obter bons resultados.
Sem contágio
Revestindo-se, na maior parte das vezes, de formas benignas, normalmente, não há razões para alarme. Ao contrário do que se passa com os eczemas, a psoríase não provoca queda de pele e quando isso se verifica é sempre muito escassa. Embora não seja uma doença contagiosa, deve ser tratada para evitar alastramentos e/ou formas invalidantes.
A psoríase em placas é a manifestação mais frequente da doença e ocorre quase sempre nos cotovelos, joelhos ou base das costas, mas também pode surgir ao nível das pregas cutâneas, das mucosas genitais e até mesmo no rosto (criando problemas estéticos). Quando atingem as unhas, estas placas são de difícil tratamento.
Apesar de menos frequente, a psoríase também pode ocorrer nas crianças, manifestando-se quase sempre após uma infecção rinofaríngica e traduzindo-se por uma reacção eruptiva caracterizada por pequenas “gotas” arredondadas. Alguns bebés podem sofrer de psoríase localizada nas coxas.
Como ultrapassar a doença?
Na sua forma mais ligeira, pode ser debelada complementarmente através de uma exposição moderada ao sol ou a uma lâmpada de ultravioletas e pelo uso de um emoliente. A puvaterapia é um método que associa a tomada de medicamentos foto-sensibilizantes e os ultravioletas.
As doses de ultravioletas dependem sempre do fototipo de cada pessoa e normalmente eles são aumentados progressivamente ao longo do tratamento. Esta terapia é mais recomendada para formas que atingem mais de 40 por cento da superfície corporal.
Um dos inconvenientes advém do facto de dever ser limitado, por provocar envelhecimento cutâneo acelerado, cataratas e cancro da pele, quando administrado por períodos longos. O tratamento com raios X também é benéfico durante um curto período de tempo, em especial se for usado em manchas localizadas.
Os surtos mais intensos tratam-se habi-tualmente com pomadas ou cremes cuja composição tenha alcatrão de hulha e antralina. Essas pomadas e cremes são sujos (conforme a terminologia médica), têm mau odor, mas descamam facilmente as lesões e permitem optimizar a actividade de outros tratamentos locais. Para maior eficácia, o ideal é cobrir as zonas tratadas com um penso oclusivo (principalmente à noite).
Outros métodos como as técnicas de relaxamento, as psicoterapias ou, em casos mais graves, os ansiolíticos podem ter efeitos positivos e, até, evitar determinados surtos.
Os tratamentos devem ser aplicados durante um tempo largo, mesmo depois da cura aparente, para evitar recaídas.
4 medidas essenciais:
1- Exponha as zonas infectadas ao sol,mas evite queimaduras que podem espoletar outros problemas.
2- Não coce as placas e evite contactos com roupas irritantes, pois favorecem a manutenção das mesmas.
3- Não interrompa o tratamento assim que a sua pele tenha retomado o aspecto normal, pois podem ocorrer
recaídas por vezes de maior gravidade.
4- Em caso de recaída não espere demasiado para recomeçar o tratamento.
Realidades |
O nível de incidência da psoríase na Europa em geral e, mais particularmente em Portugal, ronda os dois por cento, mas existem regiões em que se sabe que a incidência é ligeiramente maior.
São os casos da Escandinávia e do centro da Europa. Em alguns países como a Finlândia existem políticas de controlo da doença, em que são adoptadas medidas como o pagamento e suporte de custos de viagens para locais onde a recuperação é mais facilitada e melhor. Em Portugal também há regiões (embora não existam dados estatísticos) em que a incidência de casos de psoríase é mais elevada. No entanto, não existem políticas de apoio a estes doentes. À semelhança de outros países, também em Portugal existe uma associação psoriásica (Associação dos Doentes Psoriáticos, remessa livre n.º. 42.122, 1601 – 801 Lisboa), mas que não tem muito peso no âmbito das associações que visam o combate de determinadas doenças específicas. |
Texto de: Nilza Mouzinho de Sena
Com a colaboração de: António Soares, dermatologista do Hospital do Desterro
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