Tuberculose – Formas multiresistentes

A tuberculose é uma doença infecciosa provocada pela Mycobacterium tuberculosis. Esta bactéria já foi bastante comum, tristemente famosa por se ter sagrado numa das principais causas de morte no mundo. No século passado, a epidemia foi responsável por mais de um quarto dos óbitos na Europa.

Apesar da tuberculose ser considerada como uma doença controlada desde a década de 20, pode tornar a fazer estragos.

O bacilo inicial tem desenvolvido variantes para as quais ainda não existem antídotos. Há quem receie uma nova epidemia.

Sob ponto de vista epidemológico, a infecção transmite-se de pessoa para pessoa por gotículas existentes no ar. As bactérias inspiradas para os pulmões multiplicam-se e formam um foco infeccioso. Na grande maioria dos casos, e nas formas ainda tradicionais do bacilo, as nossas defesas geralmente revelam-se suficientes para travar a espiral do problema.

A tuberculose afecta, sobretudo, os pulmões e o sistema respiratório. Entre os principais sintomas contam-se a tosse (por vezes acompanhada de sangue), dores no tórax, dispneia (respiratória), febre e sudação (mais frequente durante a noite).

Ocorrem também outros sintomas como a falta de apetite e perda de peso. As principais complicações que podem advir são os derrames pleurais, pneumotórax e consequente progressão da doença até à morte.

Transmissão da tuberculose:

A transmissão ou contágio da tuberculose é direto, de pessoa para pessoa, assim sendo, a aglomeração de pessoas é o principal fator de contágio. O paciente com tuberculose expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que estão infectadas com o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo, ficando também contaminado.

Caso não seja possível evitar o contacto com o doente, devem ser tomados alguns cuidados como tentar que os locais de contacto sejam arejados e expostos à luz solar, pois o bacilo da tuberculose é muito sensível aos raios ultravioleta. Em locais com pouca ventilação, pouco arejados deve-se sempre utilizar uma máscara.

sintomas de tuberculose

Tratamentos da tuberculose:

Os fármacos modernos são muito eficazes contra as formas tradicionais da doença. Normalmente, opta-se sempre pela prescrição de quatro diferentes antibióticos. Este cuidado é observado com vista a evitar-se o desenvolvimento de resistências antibacterianas.

Desde que os tratamentos sejam integralmente cumpridos, em tomas e duração, e se estivermos perante um bacilo que ainda não desenvolveu resistências aos medicamentos, o caso não é dramático.

Contudo, as variedades resistentes são uma incógnita para os próprios especialistas. Muitas delas resistem a vários antibióticos conhecidos e para que não se torne um caso de maiores complicações, resta esperar que, pelo menos, alguns dos fármacos ainda sejam desconhecidos do agente infeccioso, actuando eficazmente.

Atualmente, já é possível fazer o diagnostico da tuberculose e testar a resistência a alguns medicamentos

em pouco mais de uma hora e meia, mas esses testes não estão ainda disponíveis em muitos países.

tuberculose

Como se transmite a tuberculose e como apareceram os bacilos resistentes?

Da maneira mais simples possível: por via respiratória. Um indivíduo infectado pode tossir numa sala de cinema, transmitindo a bactéria aos outros presentes, por inalação. As chamadas formas multi-resistentes desenvolvem-se pela falta de aderência aos tratamentos de determinados grupos, quer em termos de efectividade, quer de duração. O agente não é completamente eliminado e consegue desenvolver resistências aos fármacos, de que dispomos para o combater.

Existem maneiras de prevenir o aparecimento da tuberculose?

A BCG é, talvez, a mais antiga vacina do mundo. Está disponível desde a década de 20 mas o nível de protecção que oferece não é o melhor. Com a descoberta do genoma do bacilo da tuberculose é natural que se dêem progressos nos próximos tempos.

Actualmente, a sua utilização está mais confinada a crianças e, mesmo nestas, os níveis de protecção nunca são totalmente seguros. Além disso, os organismos de muitas pessoas nem sequer são sensíveis à vacinação. As respostas do sistema imunológico nem sempre são as esperadas, muitas vezes por mecanismos ainda desconhecidos.

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A realidade portuguesa

No nosso País, tivemos oportunidade de observar um declínio acentuado até meados da década de 70, dando-se posteriormente uma inflexão. Contudo, a incidência em Portugal continua a ser muito superior à média europeia.

Por grupos etários, tem-se verificado um decréscimo mais sensível nas crianças, ao contrário da população de adultos jovens, que continuam a ser o grupo de maior risco. A concentração de casos nos escalões situados entre os 25 e 34 anos é bem evidente. Toxicodependência e condições deficitárias de vida são outros problemas que contribuem para a disseminação do problema.

O rastreio dos contactos, ou seja, o estudo das pessoas que estiveram em contacto com doentes infectados com tuberculose é, para os cientistas, um dado muito importante no controle da doença.

A observação de cerca de 30 por cento dos casos identificados através do rastreio dos contactos não foram infectados a partir da fonte que se supunha. Para os especialistas, a influência da multiplicidade de fontes de infecção também assume um papel determinante, sobretudo nos meios urbanos.

Obviamente, eventuais resistências já desenvolvidas pelo bacilo, aos medicamentos existentes só vêm agravar este quadro, já por si bastante negro.

Fonte: saudemais.pt

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