A febre no bebé e criança, como reagir e controlar

Quando a criança ou bebé está com febre, pode ser difícil para os pais recordarem isto, mas lembre-se: está perante uma aliada, não uma inimiga.

Veja como reagir perante a febre infantil.

Comecemos pelo início: o que é considerado febre? Considera-se febril a criança que tem uma temperatura axilar superior a 37,5ºC ou rectal superior a 38ºC, sendo que em crianças com menos de 2 anos a avaliação rectal da temperatura é preferencial. Embora muitas vezes se suspeite de febre porque se acha que a criança está quente, a confirmação e medição deve ser sempre feita com um termómetro: pôr a mão ou a boca na testa de criança não é uma forma fiável de avaliar a temperatura.

A febre é um sintoma frequente nos bebés e crianças e uma preocupação para os pais. De acordo com Filipe Silva, pediatra, a principal causa de febre nas crianças são as infeções por vírus e bactérias, mas é preciso que se note que, a febre em si, não representa um problema e, como refere o pediatra são prescritos medicamentos para combater a febre por uma questão de conforto da criança, não por ser prejudicial tê-la.

A verdade é que grande parte das vezes a febre é sobrevalorizada pelos pais, tendo isso como consequência um início por vezes precoce da medicação antipirética. Um estudo realizado em 2010 por finalistas de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa e coordenado por Mário Cordeiro revelou que 77% dos pais de crianças com menos de quatro anos que foram inquiridos optaria por medicar a uma temperatura média de 38ºC, o que pode ser um pouco prematuro. Deve-se “administrar um medicamento para a febre se a temperatura axilar for superior a 38,5ºC (39ºC rectal), se a criança estiver desconfortável ou se já tiver tido convulsões com a febre”, refere Filipe Silva.

O pediatra explica ainda que a criança deve estar com roupa fresca e, em crianças pequenas, como medida adjuvante de arrefecimento pode dar-se um banho de água tépida um pouco abaixo da temperatura corporal (nunca com água fria) nos casos em a febre é alta ou estiver difícil de ceder. Hidratar também é uma medida importante, pelo que se deve oferecer água ou outros líquidos com frequência e quanto a comida não vale a pena insistir a se criança não tem apetite.

Acabar com o medo da febre nos bebé

Sendo natural que fique ansioso por ver o seu filho com febre, deve tentar lembrar-se que não está perante um sintoma grave, mas sim uma reação relacionada com a ativação do sistema imunitário, que vai ajudar a repor a saúde.

A febre nos bebés e crianças é um dos principais motivos de preocupação dos pais e uma das causas mais frequentes de ida à urgência hospitalar, de consultas pediátricas e de telefonemas para o médico assistente.

Na grande maioria dos casos, a febre é desencadeada por processos benignos, e, como refere Filipe Silva, salvo outra indicação do seu médico, deve-se procurar observação médica quando o bebé tiver menos de 3 meses ou febre acima de 40ºC acompanhada de alguns sinais de alarme como estado de prostração (parado, sonolento), irritabilidade (choro difícil de consolar), manchas na pele, vómitos repetidos ou falta de ar (movimento exagerado do abdómen, costelas proeminentes com a respiração). Além disso, não tem de ir a a uma urgência hospitalar se existirem outros recursos disponíveis como um centro de saúde ou um pediatra assistente.

Finalmente, uma nota sobre situações infeciosas e a frequência de infantários: há crianças, sobretudo as que frequentam creches e infantários, que têm tendência para situações de febre e infeção recorrentes. Por vezes a criança nem chega a recuperar por completo antes de voltar a adoecer de novo com um quadro infecioso.

Nestes casos, refere Filipe Silva, os pais devem procurar o médico assistente para determinar quais são os fatores que estão a contribuir para essa situação e qual a melhor forma de a evitar. De acordo com o pediatra, muitas vezes são situações transitórias de fragilidade do sistema imunitário ou de maior exposição a vírus novos, que melhoram com o tempo, mas por vezes é necessário fazer exames ou passar uns meses sem ir ao infantário.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES NÃO DEVEM TOMAR ASPIRINA

As crianças ou adolescentes não devem tomar medicamentos cujo princípio ativo seja o ácido acetilsalicílico (por exemplo, a aspirina) para controlar e aliviar a febre ou sintomas virais.

Embora não haja uma relação factual comprovada, existem dados que sugerem uma ligação entre a administração da Aspirina durante processos virais  e uma doença rara, mas grave e potencialmente fatal, chamada Síndroma de Reye, que provoca inflamação do cérebro e acumulação rápida de gorduras no fígado.

O uso de aspirina em crianças e adolescentes está condicionado a indicação médica, em situações nas quais os potenciais benefícios da toma não possam ser encontrados noutros medicamentos.

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