As varizes começam por ser inestéticas, mas podem incomodar e provocar graves problemas de saúde. Elas assumem diversas formas e amarguram, sobretudo, a existência das mulheres. Quanto mais cedo começarem a ser tratadas, mais eficazes serão os resultados. Saiba como combatê-las.
Muitas pessoas já ouviram falar, mas poucas entendem a sua causa e o potencial que tem para se tornar num grave problema médico. As varizes são veias dilatadas dos membros inferiores, semelhantes às ramificações de uma árvore, que, com o passar do tempo, tornam-se mais volumosas, tortuosas e alongadas. Este problema surge quando as veias deixam de conseguir cumprir a sua tarefa de levar o sangue de volta ao coração.
Ser bípede, ou seja, andar sobre as duas pernas criou um sério problema para a circulação sanguínea: o coração fica distante dos pés e das pernas. O sangue desce muito facilmente do coração até as pernas e os pés, através das artérias, mas precisa de desenvolver um esforço muito grande para voltar dos pés e pernas até o coração. E este esforço é desenvolvido contra a força da gravidade.
A tarefa de retorno venoso é executada pelas veias, que contam com a ajuda de válvulas que permitem a passagem do sangue no sentido ascendente, impedindo o seu refluxo. Quando essas válvulas não se fecham adequadamente, essa função não é cumprida, dando origem ao processo de dilatação e ao aparecimento das indesejadas e inestéticas varizes.
“Dor, cansaço, sensação de peso nas pernas, edema (inchaço), pernas inquietas (necessidade absoluta de mexer as pernas) e veias dilatadas e tortuosas são os primeiros sintomas que indiciam o aparecimento da doença venosa”, adianta João Albuquerque e Castro, cirurgião vascular. Associadas a estas manifestações podem surgir também formigueiro e cãibras durante a noite.
Em alguns casos estes sinais só surgem depois da doença venosa já estar estabelecida e são mais acentuados ao final do dia ou em dias de temperaturas elevadas. Se não forem tratados atempadamente nascem derrames nas zonas do tornozelo, perna ou coxa e depois os cordões varicosos, vulgarmente conhecidos como varizes. Com o tempo podem provocar o endurecimento dos tecidos circundantes, uma coloração acastanhada da pele e, em casos extremos, a úlcera venosa.
As mais frequentes causas das varizes:
A doença venosa dos membros inferiores é uma das doenças crónicas mais frequentes na população portuguesa. Um dos principais fatores para o desenvolvimento das varizes é o fator familiar, ou hereditário, que ocasiona uma diminuição da resistência das paredes das veias tornando-as mais frágeis e menos resistentes. Mas existem outros que desempenham, também, um papel importante no seu aparecimento ou desenvolvimento. “Nos indivíduos propensos ao sedentarismo, o calor, a obesidade, o ambiente hormonal são fatores importantes no surgimento de varizes”, enumera João Albuquerque e Castro, acrescentando que “nalguns casos existe um fator desencadeante como uma trombose venosa profunda ou um traumatismo”.
Determinadas posturas, como estar muitas horas consecutivas em pé ou sentada, um estilo de vida sedentário e a idade aumentam igualmente o risco da doença venosa.
Para o especialista, esta patologia pode afetar ambos os sexos, embora atinja, sobretudo, o género feminino. Esta maior predisposição deve-se “fundamentalmente à situação hormonal”, pois as hormonas femininas debilitam a parede venosa, o que favorece a sua dilatação. No entanto, cada caso é um caso, “existindo recetores nessa parede cujo número é variável e se relacionam com maior ou menor risco”, salienta o cirurgião vascular.
A gravidez, a pílula contracetiva e os fármacos específicos para atenuar os sintomas da menopausa também favorecem o aparecimento precoce das varizes.
Tratar as varizes a tempo é preciso:
Normalmente, as varizes são encaradas apenas como um problema inestético, levando quem as tem a evitar expor as pernas. Mas elas são muito mais do que uma questão estética. Se não forem tratadas a tempo, podem evoluir para situações mais sérias a nível da saúde propriamente dita.
Por isso, assim que surgirem os primeiros sinais característicos da doença venosa, deve consultar um médico especializado em doenças vasculares, como um angiologista ou cirurgião vascular. Ele fará o diagnóstico do problema através dos diferentes métodos existentes, nomeadamente o eco-doppler, um exame de ultrassom, que permite perceber o funcionamento do sistema vascular superficial e profundo.
O tratamento da doença venosa pode consistir apenas no uso de meias elásticas e de medicamentos flebotropos, ou seja, que facilitam o fluxo sanguíneo, mas pode também exigir intervenções cirúrgicas. João Albuquerque e Castro informa que “dependendo da causa das varizes e do seu estádio evolutivo são possíveis vários tratamentos. Nas fases mais iniciais, a escleroterapia (secagem) é provavelmente o indicado; já nas situações mais avançadas, torna-se necessário recorrer a uma técnica cirúrgica”. Tudo dependerá do estado de evolução da doença em cada paciente, sendo que cabe ao especialista avaliar e decidir qual a terapêutica mais adequada.
Lembre-se que as varizes não são apenas um problema estético, é um problema de saúde e todas as pessoas devem procurar ter pernas livres de varizes!
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