Doença de Parkinson, sintomas, causas e tratamentos
O mal de Parkinson é uma doença crónica universal, que afeta o sistema nervoso central e inibe os movimentos.
Doença de Parkinson é um problema de saúde degenerativo celular. A incapacidade progressiva de coordenação dos movimentos é uma das principais características do mal de Parkinson, uma enfermidade neurodegenerativa crónica. Essa doença também provoca alteração na expressão dos sentimentos e na função cognitiva.
É uma patologia à qual se deve dar importância, pois tem distribuição universal e atinge todos os grupos étnicos e camadas sociais. Dados de 2015 indicam que a incidência é de 100 a 200 casos em 100 mil habitantes, configurando assim uma prevalência média. .
Prevalência da doença
A doença de Parkinson foi descrita em 1817, pelo médico britânico Dr. James Parkinson. No entanto, as mudanças bioquímicas associadas só foram descritas quase 150 anos depois, em 1960.
Do ponto de vista epidemiológico, podemos dizer que a doença de Parkinson aparece em todos os lugares do mundo de igual maneira e com igual prevalência. Nos indivíduos de origem caucasiana (povos de pele branca, especialmente europeus) a prevalência é um pouco mais alta do que a registada noutros grupos étnicos.
Segundo estudos realizados na Europa, a prevalência da doença de Parkinson no continente europeu é de 1,43% em pessoas com mais de 60 anos. Já na América do Norte, a doença atinge aproximadamente um milhão de pessoas e 1% da população acima dos 65 anos.
Sempre se soube que o mal de Parkinson é excecional em pessoas jovens e de incidência muito baixa em indivíduos com menos de 40 anos. Entretanto, nos últimos anos, há registo de aumento significativo da doença em pacientes dessa faixa etária. Segundo estimativas de alguns estudos, aproximadamente 10% dos pacientes, atualmente, têm menos de 40 anos, sendo que, a partir dos 60 anos, a incidência começa a aumentar.
Há estudos que mostram que a doença de Parkinson tem prevalência muito alta no âmbito rural, principalmente entre a população do sexo masculino. Acredita-se que esse facto se deve à maior exposição a substâncias como pesticidas, inseticidas ou outros elementos presentes na água de poços.
Causas de doença de Parkinson
Numerosas teorias tentam explicar a causa da deterioração neurológica que acontece no mal de Parkinson. Na realidade, ocorre uma perda de células do cérebro, especialmente na substância negra mesocefálica. Nessa área produz-se a dopamina, um importante neurotransmissor. A degeneração das células dessa região ocasiona perda ou interferência na ação da dopamina, que, por sua vez, resulta na hiperativação do sistema extrapiramidal que se encarrega da modulação dos movimentos e do automatismo.
A causa dessa degeneração celular é desconhecida, com exceção dos casos provocados por traumatismos, fatores hereditários, dependência de drogas ilícitas e medicamentos. Acredita-se que alguns pesticidas e toxinas, juntamente com alguma predisposição genética, possam também desencadear a doença. Estuda-se ainda a possibilidade de os radicais livres causarem danos às células cerebrais, originando a doença de Parkinson. Em geral, o fator genético não parece desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença, ainda que algumas das suas formas assumam características hereditárias em determinados grupos familiares isolados.
Os estudos sobre a mortalidade na doença de Parkinson são limitados por fatores como a imprecisão nos certificados de óbito ou a confusão na diferenciação de parkinsonismo idiopático (sem causa aparente) e outros tipos de doenças neurodegenerativas. Mesmo assim, pode-se afirmar que são baixas as taxas de mortalidade devido à doença de Parkinson.
E quando pacientes que padecem da enfermidade falecem, a causa deve-se, geralmente, a uma infeção ou a um traumatismo produzido por quedas em função da instabilidade postural que se observa nos pacientes. É notório também o facto de que pessoas com doença de Parkinson apresentam probabilidade menor de falecer em consequência de um cancro ou de enfermidades cardiovasculares.
Sintomas de Parkinson
Os sintomas da doença de Parkinson variam muito de um paciente para outro. Geralmente, começam de forma suave e quase impercetível. De facto, muitas vezes o paciente não consegue precisar quando os sintomas tiveram início. Com o passar do tempo, entretanto, são mais notórios. O quadro inicial típico da doença apresenta-se com dores articulares, dificuldade para realizar alguns movimentos e esgotamento.
A escrita também sofre alterações e começa a mudar, tornando-se irregular e pequena (micrografia). A irritabilidade ou a depressão sem causa aparente são igualmente comuns.
Em aproximadamente 80% dos pacientes, os sintomas manifestam-se num lado do corpo para depois se generalizar. Tais sintomas podem perdurar por muito tempo antes que se manifestem os sintomas clássicos que levantam a suspeita da doença (veja o quadro “Quatro sintomas principais nos quais se baseia o diagnóstico da doença de Parkinson”).
Podem verificar-se outros sintomas, como a hipomimia (diminuição da expressão mímica) facial, conhecida como “cara de jogador de póquer”. Esse sintoma consiste na ausência de expressão facial e na diminuição das vezes que a pessoa pisca os olhos.
O mau funcionamento muscular dificulta a tarefa de mastigar e deglutir os alimentos, favorecendo o acúmulo de saliva na boca. Por isso é frequente que esses pacientes se engasguem ou babem. Alguns podem também apresentar alteração na dicção e na linguagem. Observa-se voz monotonal e baixa. Repetem palavras ou falam muito rapidamente.
Entre as manifestações psiquiátricas que podem ser observadas na doença de Parkinson estão os delírios e as alucinações, que podem surgir em etapas mais avançadas da doença.
Em aproximadamente 70% dos pacientes com a doença de Parkinson, observam-se episódios de depressão, além de confusão mental, crises de ansiedade e declínio cognitivo (veja o quadro “Alterações do sistema autónomo”, para outros sintomas relacionados com o sistema autónomo do paciente com Parkinson).
Diagnóstico difícil de Parkinson
A doença de Parkinson pode ser de difícil diagnóstico nas suas fases iniciais. Isto deve-se ao facto de que muitos dos sintomas se confundem com sintomas de outras doenças. Por isso, é essencial um interrogatório exaustivo. Basicamente, o diagnóstico realiza-se pela história clínica do paciente e por informações adicionais que são fornecidas por familiares.
Alguns exames (analítica sanguínea, tomografia, ressonância magnética) podem ser feitos para descartar outras doenças (hipotiroidismo, acidente vascular encefálico, tumor cerebral, etc.), ajudando assim a aumentar a certeza diagnóstica. Infelizmente, não se conta atualmente com um exame específico, de rotina ou laboratorial, para diagnosticar a doença de Parkinson.
É importante a observação da atividade muscular do paciente pela sua família e pelo médico durante um período de tempo, porque certas alterações motoras específicas tornam-se mais evidentes com o passar do tempo. Também é importante formular perguntas que possam estabelecer prováveis causas. O consumo de drogas e a provável exposição a fontes de agrotóxicos, vírus e toxinas ambientais devem fazer parte do questionário médico.
Uma prova indicativa e altamente sugestiva é a prova com levodopa. Administra-se esse fármaco durante 30 dias e observa-se a evolução do paciente. Se existe uma resposta radical ao medicamento, a prova considera-se positiva. Aproximadamente 70 a 90% dos pacientes apresentam boa resposta ao levodopa, sendo este um excelente indicativo para a confirmação do diagnóstico. Caso não exista nenhuma resposta à medicação, a prova considera-se negativa.
No entanto, isto não é regra, já que no início de algumas formas atípicas da doença, há pacientes que podem apresentar resposta positiva à levodopa. Noutros casos, muitos pacientes com doença de Parkinson podem não responder ou até mesmo apresentar intolerância ao fármaco. Por isso, esse teste considera-se uma prova que ajuda a definir a suspeita diagnóstica, mas não é, de nenhuma forma, uma prova terapêutica.
Outro grande desafio no diagnóstico da doença é definir se o paciente tem a doença de Parkinson ou um parkinsonismo atípico. Nos primeiros três ou quatro anos, ambas apresentam a mesma evolução, complicando ainda mais a conclusão do diagnóstico. Logo após esse período, as duas condições tendem a diferenciar-se e o paciente com doença de Parkinson começa a apresentar uma evolução característica. Já o paciente com parkinsonismo atípico apresenta sinais e sintomas não esperados na doença de Parkinson, podendo assim diferenciar-se uma da outra.
Tratamento de Parkinson
A doença de Parkinson é uma enfermidade crónica para a qual não existe cura até ao presente. O grande objetivo no seu tratamento é reduzir a sua velocidade de progressão e controlar os sintomas e os efeitos secundários dos medicamentos usados.
Atualmente há disponíveis dois grupos de fármacos para a doença de Parkinson. Do primeiro grupo fazem parte os medicamentos que agem no sistema dopaminérgico (levodopa, inibidores da monoaminoxidase (MAO), inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT) e os agonistas dopaminérgicos). No segundo estão os medicamentos com ação fora do sistema dopaminérgico, a amantadina e os anticolinérgicos (biperideno e triexifenidila).
Foge aos objetivos desta matéria descrever como age cada um dos fármacos descritos no tratamento da doença de Parkinson, mas podemos dizer que os fármacos com ação no sistema dopaminérgico são os mais eficazes, tendo em conta que os sintomas e sinais motores da doença são dependentes da estimulação dopaminérgica nigroestrial.
A ação antiparkinsoniana da levodopa revolucionou o tratamento da doença de Parkinson. Ela foi descoberta pelo médico neurologista greco-americano Cotzias na década de 60, que apresentou um estudo com grande quantidade de pacientes que tinham respondido positivamente ao tratamento com levodopa. Isso fez desse fármaco o medicamento mais eficaz no tratamento da doença, sendo também o mais efetivo para tratar os sintomas motores.
Reabilitação física do doente de Parkinson.
Este é um dos aspetos mais importantes que devem ser tidos em conta no tratamento da doença de Parkinson. Consiste na manutenção do tono muscular e das funções motoras do paciente. Para alcançar esse objetivo, a prática de exercício físico diário é fundamental, assim como a prática de exercícios específicos, capazes de manter a mobilidade dos membros e fortalecer os músculos.
A casa que abriga um parkinsoniano também deve ser preparada. A falta de controlo muscular e a osteoporose que geralmente afetam os pacientes mais idosos podem favorecer a queda e as fraturas ósseas. Portanto, é conveniente eliminar da casa onde vive o paciente objetos nos quais ele possa tropeçar (tapetes, batentes, etc.). Também é aconselhável a instalação de corrimãos nas paredes, para que o paciente possa apoiar-se ao caminhar. Isso oferece segurança ao doente enquanto transita no imóvel.
Durante as refeições, atividades tão simples como levar a comida à boca podem tornar-se num desafio. Para facilitar essa tarefa, a sugestão é cortar os alimentos em pedaços pequenos, fazer purés e usar talheres ou instrumentos que, mesmo não sendo pouco convencionais, facilitem e permitam o manuseio mais apropriado e seguro para o paciente.
Na casa-de-banho podem ser instalados assentos elevados, assim como corrimãos nas paredes, para que o paciente possa apoiar-se. É aconselhável ainda que se eleve o mobiliário da casa-de-banho para que o paciente tenha mais fácil acesso a ele e mantenha o equilíbrio sem ter que fazer grandes esforços.
É necessário ainda tentar manter a atividade intelectual do paciente. Ler jornais, revistas e livros, assim como assistir ao noticiário televisivo são atividades que podem ajudar.
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