Dor Ciática, causas, sintomas e tratamentos. Como controlar esta dor?
Quem tem dor ciática, sabe bem como é esta dor que surge quando o nervo ciático fica sob pressão. Começa na região lombar – parte inferior das costas –, passa pelas nádegas e segue até aos dedos dos pés, causando incómodos que podem ser bastante dolorosos. E, quando surgem, importa atenuá-los.
Resulta de um problema que afeta o nervo ciático, o mais longo do corpo humano e também um dos mais importantes. Com início na região lombar e estendendo-se até ao pé, é ele que controla a maioria dos músculos dos membros inferiores, conferindo-lhes também sensibilidade.
Quando este nervo é pressionado, aparece a ciática, uma dor que, geralmente, afeta apenas um lado do corpo – aquele em que o nervo é comprimido – e irradia da coluna em direção às nádegas, passando pela parte de trás da coxa, da barriga da perna até ao pé ou, em alguns casos, o dedo do pé. Inês Silva, reumatologista, explica-nos que “associada à dor podem surgir sintomas de dormência, choque elétrico, sensação de queimadura, assim como sinais de perda de força muscular do membro inferior, de acordo com o território do nervo envolvido”.
E embora a sua intensidade seja variável, desde ligeira a muito intensa, a dor tende a piorar se a pessoa tossir, espirrar ou passar muito tempo sentada, sendo mais percetível com a realização de movimentos a que, habitualmente, se atribui pouca importância, como curvar-se para apanhar um objeto do chão ou levantar-se de uma cadeira.
Quais as causas da dor ciática?
A maioria dos casos resulta de uma hérnia discal na coluna ou de um crescimento excessivo do osso nas vértebras, mas também pode ser causada por um tumor, quistos, traumas resultantes, por exemplo, de uma queda, esforço excessivo ou posturas incorretas.
Com o passar do tempo, o problema pode interferir na qualidade de vida e limitar atividades rotineiras. Dependendo da causa da compressão, a ciática pode provocar insensibilidade na perna afetada, perda de movimento, disfunção urinária ou intestinal, sendo que esta última consequência pode indiciar um problema mais grave designado de síndrome da cauda equina – condição rara que pode causar paralisia crónica da bexiga, problemas intestinais e diminuição da sensibilidade sexual quando não tratada.
E se acha que a ciática é um mal que afeta apenas os mais velhos, desengane-se. Todos estamos sujeitos a cair nas suas “garras”, embora, como Inês Silva refere, o problema seja “mais frequente entre os 45 e os 64 anos, em pessoas com excesso de peso, com distúrbios de ansiedade e com hábitos ocupacionais de risco, como atividades fisicamente exigentes ou passar muitas horas na posição sentado”.
Cuidados simples ajudam a aliviar a dor ciática:
Os sintomas podem variar dependendo do tipo, localização e gravidade da doença que provoca a dor ciática. Na maioria dos casos, melhoram ao fim de algumas semanas, com recurso aos chamados cuidados caseiros e, claro, também alguma paciência.
Quando a dor ciática surge, a aplicação de gelo, por exemplo, nas áreas doridas durante 15 a 20 minutos várias vezes ao dia ajuda a atenuar o desconforto. Dois ou três dias mais tarde, o calor torna-se mais eficaz pelo que é recomendada a aplicação de compressas quentes ou um saco de água quente. Se as dores persistirem, procure alternar entre o frio e o calor.
O repouso, por sua vez, é importante para travar a evolução da ciática mas “não deve exceder algumas horas, devendo o doente manter-se ativo [caso contrário, em vez de melhorar poderá prolongar os sintomas]”, realça a reumatologista. Para além disso, deve-se procurar eliminar as situações que desencadeiem a dor e privilegiar as posições que contribuem para o seu alívio. Se estas medidas não atenuarem o desconforto, o seu médico poderá recomendar-lhe a toma de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, aos quais podem – no caso de dor intensa – ser associados relaxantes musculares e outros fármacos específicos.
A perda de peso, em caso de obesidade, e a prática de exercício físico devidamente programado também se têm revelado bons aliados no controlo desta dor. E “embora sem evidência científica mas com resultados práticos, salientam-se ainda a acupuntura, infiltração epidural com corticoides, fisioterapia, terapia comportamental e acompanhamento multidisciplinar”, ressalva Inês Silva.
Cirurgia para tratar a dor ciática só em casos restritos!
Mas as situações mais graves podem requerer outro tipo de intervenção. A reumatologista revela-nos que “devem ser referenciados para avaliação pela ortopedia ou neurocirurgia todos os casos em que surja dor radicular [raízes dos nervos] intratável que não cede após 6-8 semanas de tratamento conservador, assim como síndrome de cauda equina, paralisia progressiva ou aguda de uma raiz nervosa com incapacidade para andar”. Nestes casos, dependendo da causa ou da gravidade da ciática, a cirurgia pode ser a solução indicada para corrigir o problema que está a pressionar o nervo, permitindo um alívio dos sintomas em cerca de 90 por cento dos doentes operados.
Muitas vezes, a dor ciática marca o início de um processo degenerativo que evolui de forma silenciosa e, embora alguns deles não possam ser evitados, existem determinadas medidas que ajudam a proteger a coluna e a reduzir o risco do seu aparecimento. Neste sentido, Inês Silva recomenda a “aquisição de hábitos de vida saudável, adoção de posições ergonómicas, prática de exercício físico regular e manutenção do peso dentro do índice de massa corporal normal”.
Por fim, esteja atento ao que o seu corpo lhe diz. Dadas as implicações da ciática, esta é uma dor que não deve ser ignorada nem negligenciada.
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