HPV Papiloma Vírus – Prevenir é fundamental – Cancro do colo do útero
O que é o HPV Papiloma Vírus, cancro do colo do útero e como prevenir?
Primeiro é o tabaco mas logo a seguir vem o HPV como o maior carcinogéneo do mundo, ou seja, o agente externo a quem se pode responsabilizar pela incidência de muitos dos cancros que ocorrem entre a população mundial.
O Papiloma Vírus responde por cerca de 5 por cento dos cancros em geral, 10 por cento na mulher e 99 por cento do cancro do colo do útero. A boa notícia é que existem vacinas, tratamento e prevenção eficazes.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, todos os anos são diagnosticados, em Portugal, 949 casos de cancro do útero. Por ano, no nosso país, 346 mulheres morrem desta doença. O cancro do colo do útero figura como o quarto cancro mais frequente entre as mulheres portuguesas e o segundo nas mulheres entre os 15 e os 44 anos de idade.
Mais: Portugal tem uma população de 4,64 milhões de mulheres acima dos 15 anos que está em risco de desenvolver este tipo de cancro.
E porquê? Porque praticamente todos os casos de cancro do colo do útero (99 por cento) estão ligados à infeção genital por HPV (ou papilomavirus humano), que é a infeção viral mais comum do trato reprodutivo. Uma infeção fortemente disseminada em todo o mundo, com particular incidência nos países em desenvolvimento e nas regiões dos países industrializados com menor acesso a cuidados médicos e a diagnóstico e tratamento precoces.
Os dados indicam que, um ano após o início da atividade sexual, quatro em cada dez mulheres são HPV positivas e, dois anos após o seu início, seis em cada dez. Estima-se que 80 por cento da população mundial tenha um episódio de infeção por HPV ao longo da vida.
Mas o HPV, descoberto em 1976, não está apenas na base do cancro do colo do útero. Na verdade, outros cancros não cervicais estão relacionados com o HPV, como é o caso dos cancros da vulva, vagina, pénis e outros de localização não genital cada vez mais frequentes, os da orofaringe e do ânus.
O vírus do papiloma humano é um vírus que infecta os tecidos da pele ou mucosas e possui mais de 200 variações diferentes. A maioria dos subtipos está associada a lesões benignas, tais como verrugas genitais, mas certos tipos são frequentemente encontrados nas neoplasias acima descritas.
Felizmente, a maior parte das infeções por HPV são temporárias: curam-se por si próprias em resultado de uma resposta imune natural, tornando-se indetetáveis após seis a 18 meses. Porém, lesões pré-cancerígenas podem desenvolver-se se a infeção persistir e as células danificadas degenerarem em células cancerígenas ao fim de algum tempo.
Vacina contra vírus do papiloma humano
Apesar do panorama negro, a verdade é que a investigação científica conseguiu descobrir a vacina contra as estirpes mais agressivas do papiloma Vírus: 16 e 18 e também, 6 e 11. E melhor ainda: existem formas de prevenção altamente eficazes que a população pode adotar para evitar a contaminação por HPV. O segredo está mesmo no conhecimento da doença, como esta se propaga e as melhores formas de se evitar o contágio.
“Uma redução da incidência do cancro do colo do útero obtém-se através da progressiva sensibilização e educação das populações para os fatores de risco do cancro do colo do útero, nomeadamente evitar a existência de múltiplos parceiros sexuais e incentivar a utilização do preservativo feminino ou masculino, bem como através da implementação universal da vacinação profilática contra o HPV”, explica Elsa Pinto Delgado, ginecologista e obstetra da Maternidade Alfredo da Costa.
Sobre a vacinação que, em 2008, passou a fazer parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV), Elsa Pinto Delgado esclarece: A idade preconizada no PNV para a administração da vacina contra o HPV, são os 13 anos na adolescente. Isto porque em estudos efetuados, as mulheres em idades entre os 10 e os 14 anos produziram títulos de anticorpos com níveis duplos dos produzidos pelas mulheres entre os 15 e os 25 anos, sendo assim nos 13 anos de idade que se consegue uma resposta imunitária o mais satisfatória possível.
“Além disso, nesta idade há probabilidade de não ter havido início de vida sexual o que aumenta também o benefício da sua administração”, refere a especialista, deixando, contudo, uma ressalva muito importante para as mulheres adultas: “A vacina pode ser administrada em qualquer idade, estando confirmada cientificamente proteção imunitária até aos 45 anos”.
Sem comparticipação do Estado, o preço das marcas disponíveis no mercado oscila entre os 80 e os 150 euros por cada uma das três doses necessárias.
Rapazes vacinados
Ainda no campo da vacinação, a investigação mais recente aconselha também a aplicação de vacinas ao sexo masculino para travar a propagação do vírus. A ginecologista da MAC partilha da mesma opinião. “Hoje em dia é preconizada também a administração da vacina profilática contra o HPV nos homens/rapazes uma vez que com a vacinação nestes é mais fácil controlarmos a doença na população e prevenir, também no homem, o cancro da orofaringe e anal, que estão relacionados com a infeção de HPV”, afirma.
Além da vacina, a utilização de preservativo nas relações sexuais é de crucial importância para evitar qualquer contágio. Importante também é o rastreio para detetar precocemente a existência de uma infeção por HPV. É que, mesmo nas estirpes mais agressivas, o tempo faz diferença havendo formas de tratamento para a infeção, podendo-se assim evitar a evolução para uma patologia oncológica.
“Como métodos de rastreio, podem ser utilizados a citologia convencional, a citologia em meio liquido e o teste de HPV, sendo que a associação da citologia em meio liquido com o teste de HPV de alto risco (HR-HPV),permite aumentar a sensibilidade do rastreio, embora encareça o método e não está esclarecido ainda o seu benefício na redução da mortalidade da doença”, esclarece Elsa Pinto Delgado.
Quanto à idade certa para iniciar este rastreio, a especialista esclarece que, de acordo com as orientações europeias, este deve ser entre os 25 e os 30 anos e terminar aos 65, com uma periodicidade de 3 a 5 anos. “A decisão da data de início do rastreio deve ser ponderada caso a caso, contudo uma vez que o cancro do colo do útero é uma raridade antes dos 21 anos de idade e nos primeiros três anos do início do coito, o rastreio deve ser apenas iniciado aos 21 anos e/ou após três anos do início de vida sexual”, elucida a médica, para quem importante mesmo é continuar em força as campanhas de sensibilização da população à semelhança das que foram lançadas quando a vacina foi introduzida no PNV.
É que para vencer uma doença que mata mas que é possível ser combatida há só um segredo: prevenir, prevenir, prevenir.
Atualizado a: