Intolerância ou alergia ao leite de vaca
A intolerância ao leite de vaca ou às suas proteínas (caseína, alfa lacto-albumina, beta lacto-albumina) e as alergias decorrentes da sua ingestão são geralmente as alergias alimentares mais comuns durante os primeiros anos de vida. As alergias às proteínas do leite de vaca são frequentes nos recém-nascidos ou bebés que se alimentam através de fórmulas artificiais.
No entanto, existem casos de bebés amamentados que podem também sofrer desta alergia. Nestes casos, poderá comprovar-se que as mães ingeriram leite de vaca durante a amamentação e que as proteínas passaram através do seu próprio leite para o bebé.
Tal como quando a criança faz alergia a qualquer outro alimento, existem sintomas para os quais a mãe deve estar prevenida.
Durante uma reação alérgica, o sistema imunológico do seu filho ao identificar o alimento, tenta defender o seu organismo e protegê-lo.
Assim, cria anticorpos específicos contra esse alimento (processo de sensibilização).
Após este processo, quando o bebé ingerir de novo o alimento em questão, o seu organismo desencadeará defesas (produtos químicos como a histamina) e reações alérgicas que podem afetar o sistema respiratório, cardiovascular, gasto-intestinal ou, até mesmo, a pele.
Reações aos alimentos. Quais os sintomas?
As reações aos alimentos têm geralmente um quadro padrão comum. No entanto, são de destacar como mais evidentes as seguintes:
- Dificuldades respiratórias
- Erupções na pele
– Manchas na pele (vermelhidão)
- Cólicas
– Diarreia
- Vómitos
– Má progressão de peso
Podem prevenir-se as reações alérgicas?
Se na história clínica da família existem antecedentes de alergias ao leite de vaca ou às suas proteínas, temos de estar atentos pois, aumenta a probabilidade de o bebé as vir a desencadear.
Para prevenir as alergias ao leite de vaca – às suas proteínas – o bebé deve ser amamentado, pelo menos até aos 6 meses de idade.
Sendo que a mãe deverá fazer uma dieta, durante o período de amamentação, de restrição ao leite de vaca e a todos os seus derivados. Assim deverá ter em atenção algumas normas:
- Erradicar completamente da sua dieta o leite de vaca
- Erradicar da sua dieta todos os produtos derivados do leite de vaca
- Verificar sempre os componentes de qualquer produto (Bolachas, bolos, patés…) que vai ingerir e que possam ter sido confecionados com leite de vaca.
As dietas de restrição devem ser sempre orientadas e acompanhadas pelo seu alergologista.
Intolerância e alergia
A alergia e a intolerância são,muitas vezes, especialmente pelos pais, consideradas como um transtorno equivalente.
No entanto, existem manifestações que caracterizam cada uma delas. A alergia, depende da sensibilização a um alimento, pode acontecer em qualquer idade e até mesmo ocorrer durante o estado fetal.
Pode surgir ainda, após uma ingestão continuada a um alimento sem que tenha ocorrido sensibilização anterior (a criança pode ter ingerido o alimento variadas vezes).
Pode durar anos ou durar toda a vida. A alergia ao leite de vaca perde geralmente a sua sensibilização entre os dezoito meses e os dois anos.
Assim, poderemos considerá-la como uma alergia transitória. A intolerância a um alimento é uma reacção adversa a um alimento e não afecta o sistema imunológico.
É produzida pela incapacidade temporária de produção de um enzima. A intolerância não se pode curar e o seu tratamento consiste em retirar o alimento causador e todos os seus derivados da dieta da criança.
Intolerância à lactose
A intolerância à lactose (açúcar do leite) é a incapacidade do organismo digerir este açúcar por insuficiência de um enzima digestivo – a lactase.
Assim, e como sintoma imediato a criança pode desenvolver uma diarreia aguda. Muitas vezes esta intolerância é pontual e pode seguir-se a uma gastro-enterite infecciosa.
Se o intestino é afectado por uma doença infecciosa, pode sofrer uma destruição das vilosidades intestinais com a consequente não fabricação deste enzima – lactase.
É uma situação que pode durar unicamente alguns dias ou semanas e que após a recuperação do intestino, retomará a fabricação do enzima, terminando com a intolerância.
Todavia, a intolerância à lactose pode manter-se ao longo da vida e, em geral, muito embora a criança possa sofrer desta intolerância, pode ingerir alimentos com lactose desde que em quantidade reduzida.
Regra geral, o médico mandará fazer alguns exames para determinar o tratamento mais adequado.
Entre os exames mais comuns destacam-se:
TTL – Teste de intolerância à lactose
Este exame permite avaliar a capacidade que o paciente tem de digerir a lactose.
Teste respiratório de hidrogénio
Após a ingestão de uma bebida com elevado teor de lactose, é avaliado através da expiração o processamento de lactose no organismo.
Genótipo da lactase
Teste genético para se saber da persistência ou não da enzima lactase.
Teste de PH das fezes
O exame das fezes permite verificar se a lactose não foi bem digerida.
Após a avaliação o médico prescreverá a dieta mais adequada ao tipo de intolerância da criança.
Fonte: Dra. Isabel Paz, Pediatra
Atualizado a: