O que é o Timo e qual a sua função no organismo humano?
Conheça o órgão do corpo humano que funciona como uma escola de treino das células de defesa
Glândula timo é desconhecida por muitas pessoas, que nem sabem o que é.
A realidade é que o timo tem uma função muito importante no organismo humano, apesar de ser poucas vezes assunto.
Imerso na escuridão do mediastino (espaço no meio do tórax, entre as duas pleuras), localiza-se um órgão que, antigamente, não passava de um ilustre desconhecido para os cientistas e estudiosos do corpo humano. Pouco se conhecia sobre a sua importante função.
A palavra timo é derivada do grego Tymus e significa energia vital. Neste artigo, vamos dar-lhe a conhecer um pouco mais sobre este minúsculo órgão.
Glândula timo na Anatomia humana
Localizado na parte ântero-superior do tórax, entre os pulmões e em frente do coração no momento do nascimento, o timo pesa cerca de 10 a 35 gramas. Com o passar do tempo, ele vai aumentando de tamanho, até que o indivíduo atinja a puberdade.
Nessa época, o timo tem um peso aproximado de 20 a 50 gramas e, curiosamente, começa a sofrer um processo de atrofia progressiva. O timo de uma pessoa que já entrou na terceira idade pesa entre 5 e 15 gramas. O crescimento do timo, portanto, é muito variável e não é possível saber o seu tamanho com precisão apenas pela idade da pessoa.
Envoltos numa camada de tecido conjuntivo, os dois lóbulos do timo unem-se no formato de pirâmide. Dessa camada de tecido conjuntivo, estendem-se septos que dividem o timo em dois lóbulos menores.
Nesse pequenino órgão existe uma grande variedade de células, mas predominam as células epiteliais do timo e os linfócitos T.
Glândula timo como auxiliar de defesa do organismo
Já é bem conhecida a relação do timo com os mecanismos de defesa do corpo. Da medula óssea saem os precursores dos linfócitos T que imediatamente migram para o timo, onde essas células sofrem um processo de maturação e, poderíamos dizer, de capacitação para reconhecer agentes invasores externos.
O timo elabora também algumas substâncias, como a timosina, que mantém e promove a maturação dos linfócitos e de outros órgãos linfáticos. Existem outras substâncias que produz e que atuam em diferentes lugares do nosso corpo.
Linfócitos T
Cada linfócito ou célula T é programado ou capacitado geneticamente para reconhecer somente um antigénio específico (invasor). Como antígeno poderíamos definir qualquer substância, seja ela do próprio corpo humano ou externa a ele, capaz de despertar resposta imune do organismo.
O antigénio é usualmente uma proteína ou polissacarídeos que, são, na verdade, partes de bactérias, vírus e outros micro-organismos. Eles também podem ser não microbianos, como pólen, clara de ovo, órgãos transplantados, superfície de glóbulos vermelhos transfundidos (transfusão sanguínea), etc..
Os linfócitos T exercem um papel importantíssimo na defesa do nosso corpo. Eles são, poderíamos dizer, os “regentes da orquestra” do sistema imunitário. Pertencem ao grupo dos glóbulos brancos e são os principais agentes da imunidade celular. Exercem a sua função secretando fatores solúveis que influem em todas as outras células do sistema imunitário (células B, macrófagos, outras células T, células NK).
Todos os linfócitos trabalham juntos e coordenadamente para travar a invasão de vírus, bactérias e outros antigénios a que somos expostos diariamente. Na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), os vírus atacam justamente estas células, dando início aos problemas imunológicos que acabam por matar o paciente.
Alterações do timo
Como todos os órgãos do nosso corpo, o timo também pode sofrer lesões. Estas lesões são muito variadas e geralmente associam-se a processos imunitários, hematológicos ou neoplásicos. Elas não são necessariamente próprias do timo em si, mas acabam por afetar o seu funcionamento. As alterações próprias do timo, por sua vez, são menos variadas e consistem em:
– Alterações do desenvolvimento. Pode observar-se hipoplasia (menor desenvolvimento) ou aplasia (ausência de formação) do timo na síndrome de DiGeorge (veja a caixa “Transplante do timo”).
Devido à sua função peculiar como órgão auxiliar do sistema imunitário, a ausência do timo ou o seu menor desenvolvimento podem gerar ausência completa ou défice grave de imunidade celular.
– Hiperplasia do timo: Esse termo aplica-se ao aspeto dos folículos linfoides dentro do timo. Estes folículos estão repletos de células (foliculares dendríticas, linfócitos B e outras) que, no timo normal, são encontradas escassamente.
Essa alteração pode ser observada em processos inflamatórios crónicos ou em enfermidades imunitárias, mas observa-se principalmente na miastenia grave, presente entre 65 a 75% dos casos.
Noutras enfermidades, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistémico, esclerodermia, também se podem apreciar alterações semelhantes no timo.
– Timomas. Várias neoplasias podem aparecer no timo, como doença de Hodgkin, tumores carcinoides, tumores de células germinativas e linfomas, entre outras. O termo timoma restringe-se a tumores derivados de células epiteliais do timo. É um tumor incomum e conhecido pela sua associação com a miastenia grave, ocorrendo em aproximadamente15% dos pacientes com esse transtorno (veja o quadro “Os tumores do timo”). Muitos dos tumores originados no timo descobrem-se por casualidade durante uma cirurgia.
Outros podem ser vistos como massas nos exames de imagens ou por se associarem com outras enfermidades, como a miastenia grave, a síndrome de Cushing, a anemia perniciosa, entre outras. Benignos ou malignos, os tumores do timo são mais frequentes em adultos, em geral maiores de 40 anos, afetando por igual homens e mulheres e raras vezes as crianças.
É muito fácil perceber por que esse pequeno órgão é tão importante para a manutenção da nossa saúde. Podemos afirmar que prepara os soldados que nos defendem dos invasores que tentam atacar-nos todos os dias. Se ele sofrer alguma alteração, o sistema imunitário será afetado também.
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