Prevenção da transmissão do HIV para os bebés
A transmissão do HIV para os bebés é um risco que necessita prevenção eminente.
O diagnóstico pré-natal precoce do HIV pode evitar que o bebé contraia a infecção.
Em Portugal, segundo as estatísticas, a transmissão do HIV nos bebés filhos de mães infectadas, é caracterizada por ser uma transmissão vertical. Como tal, se tomadas as medidas adequadas a transmissão pode prevenir-se.
Denomina-se como transmissão vertical, a transmissão do vírus durante a gestação, o parto ou a amamentação. A prevenção inicia-se na detecção precoce da infecção materna.
Quando esta detecção é feita atempadamente é sempre possível com a utilização de medicamentos anti-retrovirais prevenir que a criança seja infectada. Nos casos de mães infectadas, é também importante que o parto seja programado e que a mãe seja sujeita a um parto cirúrgico para evitar a contaminação.
As crianças nascidas de mães seropositivas, muito embora na maioria das vezes não apresentem sintomas de infecção, terão um acompanhamento especial até se comprovar a sua situação.
A amamentação
Nos casos de mães seropositivas o médico recomendará que o bebé seja alimentado unicamente com leite de fórmula, dado que existem bebés infectados por aleitamento materno. Segundo as estatísticas, cerca de 12 por cento dos bebés infectados com HIV, contraíram a infecção através do leite materno.
Prevenção
Hoje em dia, todas as mulheres deveriam realizar uma consulta antes de iniciar a sua gravidez. Nesta consulta, deveria aconselhar-se ambos os pais a fazerem a despistagem do vírus. Em caso positivo, a mulher deve ser aconselhada de todas as medidas terapêuticas que deve tomar no caso de querer ficar grávida.
Para as mulheres que só após a gravidez se dirigem a uma consulta pré-natal, estas devem ir sempre acompanhadas pelo pai, e ambos deverão realizar o teste do HIV.
Quando a grávida é seropositiva deve ser orientada a frequentar uma Consulta de Alto Risco num estabelecimento hospitalar devidamente credenciado. A consulta pré-natal precoce permitirá que a gestante inicie a terapêutica com anti-retrovirais pelo menos às 14 semanas de gestação, muito embora esta terapêutica possa iniciar-se mais cedo.
Durante a gestação de uma mãe seropositiva, evitam-se manobras invasivas como por exemplo a amniocentese para evitar qualquer tipo de contaminação de sangue. A grávida terá um acompanhamento especial para que o parto cirúrgico seja programado antes que se desencadeie por si mesmo. Esta medida pretende evitar a ruptura das membranas.
Nos casos em que o parto se desencadeia prematuramente, dever-se-á realizar uma cesariana de urgência. A clampagem do cordão umbilical deverá ser realizada o mais rapidamente possível, para minimizar a passagem de sangue materno para a circulação fetal. Se o parto se desencadeia rapidamente e não há hipótese de uma cesariana, convém que o parto seja o mais rápido possível e que sejam tomadas todas as medidas preventivas possíveis para que o feto tenha o mínimo contacto com o sangue materno.
O recém-nascido
Existe um protocolo instituído – “Recomendações Portuguesas para o Tratamento da Infecção VIH/SIDA”, da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA, de Outubro 2017 – com as recomendações de profilaxia e terapêuticas ao recém-nascido no sentido de prevenção da transmissão materna do HIV. Para além dos procedimentos habituais com todos os recém-nascidos, teste de Apgar e observação apurada do neonatologista, estes bebés deverão realizar um Hemograma e função hepática nas primeiras 48 horas.
Os bebés serão acompanhados durante os primeiros meses de vida, e monitorizados através de testes até haver a certeza de que a criança não foi infectada. A administração da vacina BCG deve ser adiada e só deve ser ministrada após a verificação de que a criança não foi infectada.
Os medos e a vergonha
Muitas vezes as mulheres têm vergonha de ir fazer um teste de HIV quer porque não pertencem a nenhum grupo de risco e têm medo de ser conotadas como tal, quer porque têm medo de verificar que foram infectadas. Seria bom que as mulheres tomassem consciência de que a SIDA não é apenas uma doença própria de Grupos de Risco e pode afectar qualquer pessoa, independente do seu estado civil.
Mulheres casadas e solteiras correm riscos, já que podem ser contaminadas pelo marido ou namorado. Como a doença pode ficar anos sem manifestação, muitas mulheres pensam que nunca foram infectadas. Muitas vezes, bastou uma relação sexual na adolescência, em que os cuidados não são avaliados devidamente,
para mais tarde se verificar a seropositividade.
Contudo, quando se pensa em ter um filho, a responsabilidade obriga a que sejam esclarecidas todas as dúvidas e um exame basta para o esclarecer. As mulheres não podem esquecer que durante a juventude, nem sempre fizeram sexo seguro, e o HIV pode ter sido transmitido pelo mais fiel dos namorados.
É importante saber que existem pessoas infectadas com HIV há mais de dez anos, que ainda não desenvolveram sintomas. Este período assintomático, segundo os especialistas, depende das particularidades do sistema imunitário do infectado e da estirpe viral com que foi infectado.
A transmissão do HIV para os bebés através da progenitora é uma realidade que precisa de prevenção efetiva!
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