Prisão de ventre – causas, sintomas e tratamentos
A prisão de ventre (obstipação ou preguiça intestinal) de que sofre um em cada três habitantes das sociedades desenvolvidas, pode provocar uma autointoxicação intestinal, com todas as consequências negativas que isso envolve: mal-estar geral, dores de cabeça, insónia, apatia, nervosismo, irritação, falta de apetite, cansaço, etc..
Causas da prisão de ventre
Para além da componente genética que pode existir em todas as doenças, as causas da prisão de ventre costumam ser as seguintes:
– Educação deficiente dos esfíncteres e alimentação errada, desde a primeira infância.
– Lesões do ânus ou da região anal (hemorroidas, fissuras do ânus ou pólipos) que provocam uma evacuação dolorosa.
– Outras doenças que também podem provocar a retenção de fezes são: tumores do intestino grosso; inflamação da vesícula biliar ou do pâncreas; cólicas renais; transtornos ováricos; doenças da coluna vertebral.
– Uso de medicamentos como a morfina, a papaverina, a adrenalina e os compostos à base de beladona (atropina).
– Paralisia intestinal por transtornos do cérebro ou da medula espinal.
– Reflexo de evacuação alterado: As fezes retêm-se voluntariamente no reto por falta de tempo ou por outra causa, quase sempre de origem psíquica. Desta forma, o reflexo de evacuação fica travado, com a consequente prisão de ventre.
– Mudanças bruscas de clima ou de alimentação, por exemplo em viagens longas; falta prolongada de exercício físico, convalescenças e outras causas, podem provocar uma prisão de ventre passageira.
Complicações da prisão de ventre
Em primeiro lugar, como já indicámos, a prisão de ventre pode provocar um estado de autointoxicação e, além disso, costuma ser a causadora de:
– Compressão venosa no baixo-ventre, zona pélvica e extremidades inferiores, produzindo hemorroidas, varizes e congestão venosa em geral.
– Diverticulose.
Nas investigações epidemiológicas, a prisão de ventre associa-se com a formação de tumores intestinais, inclusivamente malignos.
Tratamento dietético da prisão de ventre
– A alimentação vegetariana é a mais adequada, pois tem bastante fibra (cereais e pão integrais, verduras e hortaliças, frutas e saladas cruas) e é rica em vitaminas e minerais.
– Os cereais, as leguminosas e os frutos secos combinados fornecem suficientes proteínas em quantidade e em qualidade. Pode-se aumentar ou diversificar o fornecimento de proteínas mediante o consumo de produtos lácteos (especialmente o iogurte), ou da soja e seus derivados.
– Pode-se completar a alimentação tomando, em jejum, de manhã ou ao deitar, uma colher de sopa de sementes de linho (postas de molho toda a noite) misturadas com farelo.
– Convém consumir maçãs e ameixas (secas ou em compota) em abundância, e tisanas, que estimulem a função intestinal, com as plantas que se indicam na Fitoterapia.
– Quando o pão e os cereais que se consomem não são integrais, pode tomar-se farelo de trigo, se for bem tolerado (duas colheres por dia no máximo).
– Se a prisão de ventre crónica é grave será conveniente seguir uma dieta crua estrita ou uma dieta depurativa durante duas ou três semanas, conseguindo-se assim corrigir a doença e regenerar a flora intestinal.
– Convém evitar o açúcar.
– Devem consumir-se óleos de origem vegetal com moderação.
– Tomar com frequência sumos e caldos vegetais de rábano, aipo, cebola, etc..
– Consumir alimentos ricos em potássio e magnésio, tonificantes do intestino.
– Não há contraindicações para a mudança brusca de alimentação. Na maioria dos casos, a reativação da atividade intestinal consegue-se numa semana.
Tratamento físico da prisão de ventre
Abandonar os medicamentos laxantes que se tenham estado a usar até ao momento e tomar banhos de assento quentes. Quando seja necessário, e nunca de forma permanente, podem aplicar-se enemas de camomila (Matricaria chamomilla L.).
Em todo o caso, o tratamento natural da prisão de ventre deveria incluir:
– Exercício físico adequado, especialmente ginástica abdominal, natação e um bom passeio depois das refeições.
– Um ou dois dos seguintes tratamentos de fisioterapia: massagens no ventre, envoltórios abdominais, jatos a temperaturas alternadas sobre a parte inferior do corpo, lavagens intestinais subaquáticas ou enemas simples, banhos de assento a temperaturas alternadas ou fricções frias em todo o corpo.
– Habituar o intestino a um horário fixo para a evacuação.
– Beber todos os dias um copo de água (melhor dois), que não esteja fria, meia hora antes de tomar o pequeno-almoço. E durante o dia beber pelo menos mais um litro de água entre as refeições. No verão, pode ser necessário beber até mais dois litros.
– Evitar permanecer sentado ou de pé durante longos períodos, já que com isso se entorpece a circulação sanguínea do ventre.
– Respeitar ao máximo os períodos de trabalho e descanso.
Tratamento psicológico
Exercícios de relaxamento. Pode ser necessário o apoio de um psicólogo ou conselheiro profissional para enfrentar os problemas psíquicos por resolver. Evitar as tensões psíquicas e o stresse durante o período de reeducação intestinal.
Fitoterapia e medicação
Laxantes ligeiros à base de plantas medicinais: linho (Linum usitatíssimum L.), malva (Malva silvestris L.), sene-da-Índia (Cassia angustifolia Vahl.), ruibarbo (Rheum officinale Bailon), frângula (Rhamnus frangula L.), dente-de-leão (Taraxacum officinale), chicória (Cichorium intybus), zaragatoa (Plantago psyllium L.).
Excetuando os chamados “sais de frutas” e o óleo de parafina, o resto dos laxantes químicos exerce a sua função de evacuação irritando a mucosa intestinal.
Na prisão de ventre aguda, pode ser indicada a toma de laxantes químicos a curto prazo. No entanto, o seu uso contínuo acaba por produzir a chamada colite dos laxantes, de caráter crónico e de muito difícil tratamento e uma perda excessiva de potássio que, entre outras ações, diminui ainda mais a atividade intestinal, o que incita ao aumento da dose de laxante irritante ou purgante.
Prevenção da prisão de ventre
Como em tantas doenças atuais, a melhor prevenção é levar um estilo de vida saudável, eliminando todas as substâncias nocivas (tabaco, álcool, café, etc.), fazendo exercício físico regularmente e comendo uma alimentação rica em fibras e pobre em sal, em gorduras saturadas (de origem animal) e em açúcares.
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