Sensação de formigueiro

É de todos conhecida esta sensação de formigueiros percorrendo a pele após adormecer numa posição viciosa ou, mais frequentemente, depois de manter as pernas cruzadas durante longo período de tempo.

Habitualmente sem significado patológico, os formigueiros (ou parestesias) traduzem sofrimento momentâneo de um nervo comprimido ou estirado. A mudança de posição e mobilização da extremidade afectada leva, rapidamente, ao seu desaparecimento. O nervo retoma a sua irrigação habitual e tudo volta ao normal.

Um falso movimento ao nível do pescoço, um choque sobre um trajecto nervoso, uma tala gessada muito apertada, podem igualmente desencadear formigueiros passageiros que são facilmente ultrapassáveis. Se tal não acontecer, então impõe-se a realização de um exame clínico, para assegurar que realmente se trata de um sintoma sem significado clínico e não de uma manifestação de uma patologia subjacente. Com efeito, as causas podem ser muito diversas.

Quando inquietar-se?

Os formigueiros devem ser motivo de preocupação se forem persistentes. São mais inquietantes quando são difusos, bilaterais, lancinantes ou associados a outros sintomas ou sinais. Neste caso impõe-se um exame clínico no seu médico assistente, que lhe proporá um tratamento ou a orientará para um especialista.

 

Qual a origem?

Hiper-reactividade nervosa. As pessoas ditas nervosas, ou fatigadas, por vezes queixam-se de formigueiros fugazes que, tal como os espasmos palpebrais, traduzem um estado de hiper-reactividade das estruturas nervosas. Estas manifestações, que cessam geralmente em férias, não têm qualquer consequência mas devem incitar ao repouso.

Sensação de formigueiro

Crises de espasmofilia

As crises de tetania ou, mais frequentemente, de espasmofilia começam por formigueiros que invadem o rosto, ou extremidades das mãos e dos pés. Embora desagradáveis, estas alterações não requerem preocupação. Surgem, sobretudo, em mulheres jovens emotivas e susceptíveis ao stress. Em raros casos, um desregulamento das parótidas (glândulas situadas nas faces laterais da glândula tiroideia) pode ser a causa. Nestes casos está indicado tratamento com magnésio e, por vezes, com cálcio ou vitamina D.

A lombociatalgia

Quando as raízes do nervo ciático são comprimidas a nível da coluna lombar, os formigueiros aparecem associados a uma dor de intensidade variável, com início na região lombar e que se estende até à extremidade do membro inferior afectado. O exame neurológico localiza a compressão nervosa. O repouso e terapêutica com analgésicos e anti-inflamatórios atenua a crise. Em caso de persistência ou agravamento dos sintomas, está indicada a realização de exames complementares (radiografias, TAC, ou ressonância magnética) na procura de uma hérnia discal.

Uma compressão ao nível do ombro

Quando os nervos e vasos que nutrem os músculos do ombro são comprimidos podem surgir formigueiros a nível das mãos. Estes sintomas aparecem em certas circunstâncias: braço em extensão, sobrecarga a nível do membro ou tórax. Neste caso é necessário conhecer a opinião do médico. Poderá justificar-se a realização de exames complementares como doppler e electromiograma. Algumas sessões de reeducação são, por vezes, suficientes para fazer cessar estas manifestações dolorosas.

Insuficiência da circulação venosa

A insuficiência venosa dos membros inferiores (varizes) é frequentemente incriminada no aparecimento de formigueiros da planta dos pés. A utilização de meias de contenção elástica e ingestão de medicamentos que activam a circulação (tónicos venosos) contribuem para evitar a resolução dos sintomas. Do mesmo modo, a prática de uma actividade física, privilegiando os desportos suaves, como a natação, tal como evitar a exposição solar são medidas simples e eficazes.

Um síndrome de Raynaud

Frequentemente familiar, esta perturbação circulatória afecta os pequenos vasos das mãos e dos pés. Caracteriza-se por uma vasoconstrição que provoca formigueiros, uma sensação de frio, dores e palidez das extremidades, por vezes seguida de cianose. Um exame clínico é fundamental, complementado com a capilaroscopia (observação dos vasos capilares), permite confirmar o diagnóstico e instituir o tratamento apropriado. Este consiste em medicamentos para dilatar os pequenos vasos periféricos e uma boa protecção contra o frio.

Uma polinevrite

Predomina ao nível das extremidades, com maior expressão nos membros inferiores, com uma distribuição simétrica. Acompanhando os formigueiros podem surgir alterações motoras (paralisia ligeira). A etiologia é diversificada: alcoolismo, anomalias genéticas, diabetes, carência alimentar (falta de vitamina B).

Outras doenças neurológicas

Numerosas doenças neurológicas são susceptíveis de provocar sofrimento nervoso podendo traduzir-se por formigueiros, que não constitui um sintoma isolado mas faz parte de um conjunto sindromático. É o caso da esclerose em placas que, para além dos formigueiros pode também manifestar-se por alterações da visão ou da sensibilidade.

A toma de medicamentos

Certos medicamentos, tais como os derivados da ergotamina (utilizados no tratamento das enxaquecas) podem provocar formigueiros na extremidade das mãos ou dos pés, através da sua acção constritiva sobre os vasos. Também alguns citostáticos (medicamentos utilizados no tratamento de doenças cancerosas) podem exercer toxicidade a nível dos nervos periféricos. É, pois, necessário conhecer bem todos os medicamentos que toma e referir ao seu médico as manifestações que possam surgir e não lhe são familiares.

As primeiras manifestações, de predomínio sensitivo, são fugazes e pouco incapacitantes. Localizam-se a nível do pulso, indicador ou polegar, embora possam atingir todos os dedos. Posteriormente, tornam-se mais frequentes, sobretudo durante o período nocturno, chegando mesmo a interromper o sono. De simples formigueiros passam a verdadeiras dores que resistem à mobilização da mão. Estes sintomas surgem por irritação ou compressão do nervo mediano na sua passagem pelo canal cárpico, situado ao nível do punho.

Em limite, esta compressão nervosa pode dar origem a uma paralisia. É necessário então consultar o médico. Uma ou mais sessões de infiltração de anti-inflamatórios no referido canal, permitem reduzir o grau de inflamação e libertar o nervo. Se continuar sintomático e, principalmente, quando a perda sensorial se torna proeminente, está indicada a descompressão do nervo através da secção do ligamento transverso do canal.

É uma intervenção simples, realizada sob anestesia local, que apenas necessita de uma manhã de hospitalização. A maior parte dos casos ocorre depois dos 50 anos e em mulheres obesas. Em indivíduos mais jovens, está habitualmente associado ao uso excessivo das mãos: dactilógrafos, ciclistas, músicos, jardineiros, costureiros ou bricolage.

Agora já conhece melhor o significado da Sensação de formigueiro.

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