Solução para acabar com as dores no joelho
O joelho é a maior articulação do corpo humano e a que mais frequentemente sofre lesões. Mas a existência de problemas nesta região do esqueleto não é motivo para abandonar a prática de exercício físico. Saiba o que deve ter em conta na hora de se exercitar.
Quase ninguém pensa na sua importância para a saúde do corpo, mas o joelho é uma das articulações que mais queixas suscita. Não é nada de admirar, visto que esta é, não só, a maior articulação do corpo humano, como também uma das mais utilizadas.
Sabia que, quando caminhamos, cada passo que damos gera um impacto equivalente ao dobro do peso do nosso corpo sobre o joelho? Ou que durante uma corrida a sobrecarga nesta articulação é igual a seis vezes o peso total de uma pessoa? Faz-nos pensar mais sobre o assunto, não faz?
O joelho é uma articulação complexa, com diversos componentes que a tornam vulnerável a vários tipos de traumatismo. Marta Massada, ortopedista, explica-nos que “o joelho é a articulação entre a tíbia e o fémur, a rótula e o fémur e ainda a tíbia e o perónio proximal”. Nesta estrutura existem ainda diversos ligamentos, tendões e músculos que ajudam a controlar os movimentos, ligando os ossos e conferindo coesão à articulação. Outro elemento importante é o menisco, uma cartilagem situada entre o fémur e a tíbia, que serve de almofada e ajuda a absorver os impactos que ocorrem durante a marcha.
Responsáveis por suportar o nosso peso e o impacto das atividades do quotidiano, os joelhos têm a importante função de ajudar na locomoção e estabilização do corpo. É graças a eles que podemos correr, caminhar e praticar desporto. No entanto, apesar da sua importância para o corpo e para a nossa qualidade de vida, nem sempre lhe damos a atenção de que necessitam para manterem-se saudáveis e livres de lesões.
“Se descurarmos todas estas estruturas e articulações que atuam de forma sinérgica e que ajudam a estabilizar e a dissipar as forças que intervêm na articulação, estamos a sobrecarregar as mesmas ao invés de as estarmos a preservar”, alerta a ortopedista. Em contrapartida, se os estabilizadores secundários, ou seja, músculos, tendões ou fáscias (tipo de tecido conjuntivo fibroso que se espalha por todo o corpo) ” se mantiverem saudáveis e fortes, poderemos contrabalançar os efeitos deletérios do ‘problema do joelho‘, minimizando os sintomas e poupando a articulação”, acrescenta.
As lesões mais frequentes
No imaginário popular, as lesões no joelho ainda são exclusividade dos atletas e praticantes de desporto. Mas a verdade é que qualquer pessoa, em qualquer idade, corre o risco de desenvolver algum problema nesta articulação. Movimentos desajeitados, quedas e colisões, torções bruscas, força e uso excessivos, entre outros fatores, podem dar origem a uma série de problemas nesta articulação e nas estruturas que a suportam. Elas podem resultar tanto de uma atividade desportiva profissional como daquela exercida ao fim-de-semana ou durante algumas atividades profissionais.
De acordo com Marta Massada, os problemas que afetam o joelho são vastos e, como vimos acima, de origem diversa. No entanto, podemos dividi-los em dois tipos: crónicos e agudos. A osteoartrose, por exemplo, “surge como um dos problemas crónicos com maior dimensão, quer pelos sintomas quer pela incapacidade funcional que pode comportar”, conta a ortopedista.
Já as tendinites, bursites ou outras alterações inflamatórias, e as lesões traumáticas – fraturas ou lesões ligamentares, que decorrem de um acidente – são alguns dos tipos de patologia aguda do joelho. Estas últimas são, como a médica nos indica, “o problema agudo com maior repercussão para o doente quer ao nível da incapacidade associada, quer ao nível do tempo de reabilitação pós-lesão“.
Luís Nascimento, fisioterapeuta, admite que “os problemas nos joelhos são cada vez mais comuns, principalmente devido ao crescimento recente do número praticantes de exercício físico”. Mas atenção, não vale a pena utilizar um problema nesta articulação como desculpa para não se exercitar. Muito pelo contrário.
A prática de atividade física não está contraindicada para que tem este tipo de problema, desde que seja realizada com cautela e prescrição médica. Em muitos casos, o tipo adequado de exercício pode ser, como referem os especialistas, a terapêutica adequada para os doentes com dor no joelho (gonalgia) ou uma importante arma na prevenção de lesões no joelho. Contudo, “para que tal aconteça de forma saudável, devem ser ajustadas a carga, a intensidade, a frequência e o volume do exercício“, sublinha o fisioterapeuta.
Joelheiras protegem a articulação
Quando se trata de lesões nos joelhos o melhor mesmo é preveni-las. E hoje em dia existe uma vasta gama de ortóteses, mais conhecidas por joelheiras, destinadas a prevenir e tratar as lesões do joelho. No entanto, apesar de existirem joelheiras profiláticas (para prevenir lesões), Marta Massada sublinha que “não existe evidência conclusiva que suporte o seu uso regular”.
O mesmo já não acontece com as ortóteses funcionais, que têm como objetivo limitar as forças que atuam no joelho e costumam ser usadas como complemento ao tratamento ou reabilitação de lesões ligamentares do joelho. “O comum ‘joelho elástico’ é uma boa forma de contenção podendo ser útil na patologia inflamatória do joelho, se usado conforme recomendado”, constata a ortopedista. Já as joelheiras com buraco centralizador para a rótula são geralmente recomendadas para o tratamento da dor anterior do joelho “com alguma melhoria subjetiva e diminuição dos sintomas sem que haja desvantagens significativas do ponto de vista clínico e funcional”, afirma.
As ortóteses devem ser usadas como coadjuvante na abordagem do problema do joelho e, tal como o exercício físico, devem adequar-se ao problema em questão. “No entanto, estas devem ser utilizadas com precaução uma vez que o uso indiscriminado ou prolongado pode levar a atrofia muscular“, adverte Luís Nascimento.
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