Terapia sacro craniana, um leve toque de equilíbrio
Sem pressões, “amassos” ou esticões. Esta é a proposta da terapia sacro craniana, uma massagem mais suave do que o habitual que, com pequenos toques, equilibra todo o organismo.
O sistema nervoso central (cérebro e espinal medula) é o centro das atenções desta terapia. E por boas razões, afinal, é para lá que vai e é de lá que saí quase toda a informação para o resto do corpo. A terapia sacro craniana trabalha exatamente para desbloquear todas as vias e caminhos – de e para – o sistema nervoso, para que seja possível que o organismo se autorregule de acordo com as suas necessidades. Em termos simples, trata-se de um conjunto de técnicas que visa equilibrar o organismo.
Este é um tratamento com origem na medicina oriental e uma evolução da antiga osteopatia craniana. A técnica foi desenvolvida por John Uplegder, um cirurgião cuja curiosidade nasceu nos obstáculos com se deparou ao longo da sua carreira. Assim, Upledger começou a estudar o sistema sacro craniano e as suas influências no organismo, partindo dos princípios já existentes da osteopatia craniana. Uma das diferenças entre as duas técnicas é que a Osteopatia Craniana normalmente usa um ligeiro impulso para mover as articulações enquanto a terapia sacro craniana usa apenas o toque suave de duas a cinco gramas.
A massagem é feita com toques leves e quase impercetíveis na zona da cabeça e coluna – como técnicas básica, mas podendo também alargar-se para outras partes do corpo quando necessário-, que proporcionam uma sensação agradável e desbloqueiam o caminho que líquido cefalorraquidiano percorre – o fluido que envolve e protege todo o sistema nervoso central.
As tensões e emoções diárias traduzem-se em compressões, não só musculares, mas também a nível de todos os órgãos internos, o que altera o seu bom funcionamento e acaba por prejudicar a saúde a nível neurológico, mecânico e intelectual. São disso exemplo condições como enxaquecas, dores musculares, cólicas, disfunções do sistema nervoso central, stress e problemas temporomandibulares (queixo e músculos faciais), entre outros, situações nas quais Luísa Quintela, osteopata, refere que a terapia sacro craniana pode ajudar.
A especialista conta ainda que apesar de ser muito procurada como tratamento, a terapia é cada vez mais usada preventivamente, por ser benéfica como reforço do sistema imunitário, e para atenuar condições como a fadiga crónica, fibromialgia e dificuldades respiratórias ou de coordenação motora.
O objetivo é o de desbloquear as tensões e restrições no sistema sacro craniano e, para além de proporcionar um efeito de bem-estar geral, dissipar os efeitos negativos do stress acumulado no organismo. Pode e deve ser usada em conjunto com outras terapias e com a medicina convencional.
É costume dizer-se que a pressão das mãos da terapia sacro craniana não pesa mais do que uma moeda. A terapeuta, explica que a suavidade da pressão é a chave dos bons resultados, “se o toque for pesado a resposta dos tecidos pode originar uma reação que não só dificulta o diagnóstico como poderá ser desagradável para o paciente no caso de haver dor no local”.
Quer isto dizer que, quando se usa mais força, podem estimular-se os mecanismos de defesa do doente, o que leva os tecidos a contraírem-se. Perante esta situação, o terapeuta tanto pode usar mais força para compesar a que é feita pelo próprio doente, como diminuir a pressão do toque, como se faz na terapia sacro craniana, permitindo que os tecidos se relaxem e se libertem eficazmente, através do seu próprio processo natural. Esta é a abordagem que faz a diferença entre a Terapia Sacro Craniana e outras técnicas, sendo também o que faz com que ela possa ser usada com segurança e sem causar quaisquer complicações.
Luísa Quintela explicou-nos que, apesar da terapia afetar diretamente o sistema nervoso central, trata-se de uma técnica não invasiva e com raras restrições, pelo que pode ser usada em pessoas de todas as idade e com todas as condições. A terapeuta conta-nos o caso de um bebé que foi levado ao seu consultório devido a cólicas abdominais que lhe provocavam choro intenso e prolongado e o impediam de dormir. Neste caso, apenas um tratamento fez diferença, aliviando o desconforto do bebé e trazendo também muito mais descanso para os pais.
Mas nem só para a cabeça serve a técnica, similar à terapia sacro craniana, existe também a manipulação visceral. Baseada nos mesmos princípios de pouca pressão sobre o corpo e com os mesmos objetivos, a manipulação visceral trabalha nas zonas do coração, fígado, intestinos e outros órgãos internos, a fim de localizar e aliviar pontos de tensão anormal. Esta técnica é muitas vezes usada em conjunto com a terapia sacro craniana no sentido de complementar e aumentar o raio de ação para melhorar a saúde do doente.
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