Bebés Siameses, parto de gémeos monozigóticos e mono-coriónicos
São gémeos monozigóticos e mono-coriónicos que se desenvolveram unidos.
Estão ligados de forma vascular e podem também ter em comum um ou mais órgãos. Por causas ainda não totalmente conhecidas existe uma minoria de gémeos – apenas os gémeos verdadeiros procedentes do mesmo óvulo – que se desenvolvem e nascem unidos.
Atribui-se que esta malformação genética se deva à divisão incompleta de um zigoto que deveria duplicar-se para a formação de gémeos. Segundo o grau que atingiu esta divisão, os bebés apresentarão várias formas de união.
Os estudos efetuados sobre bebés siameses podem concluir que esta malformação atinge maioritariamente o sexo feminino.
A existência de bebés siameses remonta à antiguidade pois várias civilizações os retrataram nas suas esculturas. Todavia, só com os siameses Chang e Eng Buker, nascidos no século passado no Sião – hoje denominado Tailândia – se tornou mundialmente conhecida esta anomalia.
Estes gémeos estavam ligados por uma ponte abdominal e viajaram com um circo como atração até às terras do Tio Sam.
Da sua história sabe-se que acabaram como fazendeiros, casados com duas irmãs e que tiveram mais de vinte filhos. Morreram com poucas horas de intervalo e a autópsia veio confirmar que a sua separação teria sido possível e fácil.
Tipos de siameses:
Como já dissemos, existem vários tipos de união nos gémeos siameses. Uns casos mais graves do que outros, pois tudo depende de tipo de união, da região afectada e dos órgãos que têm em comum.
Para classificar a forma como estão unidos, é habitual classificá-los da seguinte forma:
Gémeos Assimétricos
Desigual participação e desempenho no conjunto orgânico. Ou seja, um dos gémeos depende para viver do seu irmão.
Depende do seu sistema circulatório e não poderá viver de forma independente pois faltam-lhe alguns órgãos. Neste tipo de gémeos não é possível a separação cirúrgica.
Gémeos Simétricos
Embora possam apresentar muitas variantes, estes gémeos possuem uma distribuição equilibrada no que concerne à sua anatomia. Quando não partilham órgãos vitais é muitas vezes possível a sua separação através de uma cirurgia. Destes podemos destacar as uniões mais comuns:
Os onfalópago: estes bebés estão unidos pela região umbilical. As separações cirúrgicas mais frequentes têm sido realizadas neste tipo de gémeos.
Os toracópagos: estão unidos pelo tórax – frente a frente – e muitas vezes partilhamo sistema cardíaco. A separação cirúrgica é quase impossível pois a sua sobrevivência após a cirurgia está em risco.
Os isquiópagos: estes siameses encontram-se unidos pela pélvis e podem apresentar-se com assimetria.
Podem também apresentar todos os membros inferiores ou apenas três ou dois. Este tipo de bebés, dadas as suas características – união óssea, vertebral ou até de órgãos – tornam a sua separação cirúrgica, por vezes muito difícil ou até impossível.
Os pigópagos: estes siameses unidos pelo sacro são muito raros e a sua separação pode ser difícil.
Os craniópagos: gémeos unidos pela cabeça, são também muito raros e a sua separação cirúrgica pode ser muito difícil ou impossível.
A separação de siameses:
Quando se coloca a hipótese da separação cirúrgica de siameses, este ato é sempre um verdadeiro desafio e necessita de estudos prévios entre as mais diversas áreas da biologia e da medicina.
A equipa médica tem de estudar previamente e com a maior exactidão possível a anatomia de ambas as crianças e ainda a possibilidade de reconstrução anatómica dos seus órgãos após a separação.
Hoje em dia, dada a avançada tecnologia, fazem-se estudos radiológicos, tomografias, angiografias, ecodoppler, ressonâncias magnéticas, ecografias, urografias, cistografias e endoscopias em todos os casos para todas as possíveis avaliações.
Através da recolha de todos estes elementos, a equipa médica, tem muitas vezes de tomar algumas cruéis decisões. Manter a situação ou, em alguns casos, permitir a vida a um só dos gémeos tendo que optar entre eles.
Contudo, em casos extremos, este tipo de decisões tem de ser sempre apoiada pelos progenitores, depois de totalmente informados da situação e tendo em conta o interesse das crianças. A cirurgia é planeada ao mais pequeno detalhe pois a separação e reconstrução, nestas situações, pode ser um trabalho gigantesco e sempre com elementos inesperados.
Curiosidade sobre gémeos siameses…
Durante mais de 30 anos dirigiu a cirurgia pediátrica do Hospital D. Estefânia, em Lisboa. Desenvolveu técnicas cirúrgicas originais, sendo talvez o mais conceituado cirurgião pediatra que temos e um reconhecido especialista em cirurgia plástica, reconstrutiva e estética.
Fez sete separações de gémeos siameses, que lhe valeram fama mundial. A primeira foi há 28 anos e a mais complexa foi há 8 anos: a separação de dois gémeos moçambicanos (demorou 13 horas e o país ficou suspenso no resultado).
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