Como resolver os problemas da amamentação
A prática do aleitamento materno exclusivo deve prolongar-se até aos seis meses de vida.
A importância da amamentação!
São já conhecidos os benefícios da amamentação para as mães e bebés. Desde os anos setenta, tem vindo a verificar-se um retorno à prática do aleitamento materno, considerando-se que este processo é um objectivo primordial na assistência perinatal. “Assim sendo, a amamentação tem vindo a tornar-se cada vez mais comum entre as mulheres, sobretudo as mais informadas, por se reconhecerem e valorizarem cada vez mais as inúmeras vantagens da amamentação, tanto para a mãe como para o bebé”, indica a Enfermeira Esmeralda Mealha da MAC.
As vantagens para a mãe relacionam-se fundamentalmente no “facilitar a involução uterina mais precoce, bem como tende a diminuir a probabilidade de existência de cancro da mama. Para o bebé, o leite materno tem um efeito protetor sobre o aparelho gastrointestinal, infecções respiratórias e urinárias, assim como previne problemas do foro alérgico, entre outros.
A prática do aleitamento materno exclusivo deve, prolongar-se até aos seis meses de vida do bebé, sabendo-se que todo o leite materno é considerado bom”, adianta Esmeralda Mealha.
Alternativas à amamentação!
Existem situações temporárias em que as mães não devem amamentar, nomeadamente quando portadoras de doenças infecciosas, lesões mamárias transitórias, tuberculose não tratada, ou a efetuar medicação imprescindível, considerando sempre que devem continuar a estimular a produção de leite com acompanhamento específico, isto por se tratarem de situações temporárias.
As mães portadoras de hepatite B ou C, também podem amamentar os seus filhos. “Consideram-se contra-indicações definitivas para a amamentação, mães com doenças crónicas graves a fazer medicação específica ou mães infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (SIDA)”, explica a Enfermeira da MAC.
Nas situações em que os bebés não podem ser amamentados, devem ser utilizadas fórmulas adaptadas (leites artificiais), utilizando um copo ou colher, de acordo com a orientação e vigilância de um médico ou enfermeiro que irá avaliando gradualmente a situação da mãe e do bebé em termos de bem estar global.
Se a mãe estiver infetada, pode transmitir a infeção ao bebé durante a gravidez através do seu próprio sangue ou durante o parto, através das secreções vaginais.
Há ainda o risco de contágio durante o período de aleitamento e avaliando o elevado risco de contágio, sabe-se que estes bebés não devem ser amamentados pela mãe biológica, daí que considerando a importância do leite materno se comece a pensar-se na organização de bancos de leite materno.
“Nestes casos, é fundamental por parte dos profissionais de saúde um reforço positivo a estas mães e acompanhamento próximo, para que se sintam tão boas mães com as que amamentam.
É fundamental transmitir que existem outras formas de amar e acarinhar os seus filhos.
Diz-nos a experiência que a redução do tempo de internamento das puérperas, leva a um menor contacto, mães/ recém nascidos/profissionais de saúde, o que contribui para que surjam dúvidas e situações de ansiedade, principalmente no primeiro mês de vida do bebé.
No entanto, sabemos também que o processo da amamentação exige um acompanhamento e relação de ajuda bem conduzido por parte dos profissionais de saúde”, salienta a Enfermeira Esmeralda Mealha.
Acompanhamento presencial
Considera-se fundamental para este processo que as mães “tenham vontade de amamentar. O mesmo exige um acompanhamento e relação de ajuda bem conduzido por parte dos profissionais de saúde”, indica a Enfermeira da MAC.
“São cada vez menos frequentes os chamados meios aleitantes onde as mulheres têm oportunidade de ver amamentar, ou seja, ver fazer”, adianta. As famílias são compostas pelo casal e o recém-chegado bebé.
Assim, a presença e apoio preciso e objectivo de um profissional de saúde ou de alguém com conhecimentos na área é fundamental e imprescindível para que o processo da amamentação seja um sucesso.
Espaço Amamentação:
Na MAC, o elevado número de nascimentos e a significativa assistência a um importante grupo de recém-nascidos prematuros, impôs a dinamização de um projecto facilitador para uma boa prática na área do aleitamento materno.
Assim, foi desenhado um projecto com o contributo de Enfermeiros, Pediatras e Obstetras, bem como criado um espaço para o atendimento neste âmbito – Espaço Amamentação.
Os objetivos são:
– O apoio às mães de recém-nascidos internados nas unidades de neonatologia, com necessidade de extracção de leite e ensino neste campo;
– O atendimento a puérperas com dificuldades em amamentar, dado o curto período de internamento e que não possam ser resolvidas localmente no serviço;
– O apoio / ensino a todas as puérperas que recorram ao espaço propriamente dito ou telefonicamente (linha direta), após a alta;
– Encontrar soluções adequadas e atempadas para cada mãe / bebé de acordo com a sua situação específica.
No Espaço Amamentação, as mães / bebés, são atendidos / cuidados, por um grupo de enfermeiras com formação específica / creditação, na área do aleitamento materno.
Em suma, poder-se-á dizer que o processo de dinamização e acompanhamento do aleitamento materno numa instituição pode levar a uma conduta mais convergente dos profissionais, numa área especifica de atendimento, que irá ser certamente uma mais valia para a população assistida, tríade – mãe / bebé / pai.
Como ultrapassar problemas específicos da amamentação?
A mãe fica mais confiante de que conseguirá resolver a situação se:
·Tiver informação correta;
·Seguir as orientações dadas;
·Mantiver a calma;
·For paciente;
Ingurgitamento (encaroçamento)
Antes de amamentar ou fazer a extracção de leite, estimular o reflexo de saída do leite da seguinte forma:
– Sempre que possível, é importante que o bebé esteja junto da mãe
– Colocar água morna nas mamas (o uso de saco de água quente tem-se revelado bastante eficaz, ou tomar um duche morno nas mamas ou mergulhar a mama afectada numa taça com água quente e em simultâneo, fazer a massagem com movimentos circulares);
– Massajar a mama levemente, com movimentos circulares não no mamilo (pode ser usado um creme gordo, óleo de amêndoas doces ou manteiga de cacau, para facilitar a massagem) e após a aplicação, pentear a mama com os dedos (ou pente de permanente) da base em direção ao mamilo;
– Massajar o pescoço e as costas (de cima para baixo, com os dois polegares ao longo da coluna em movimentos circulares) – pedir ajuda a alguém de confiança. Esta massagem ajuda a mãe a descontrair e estimula o reflexo de saída (ocitocina) do leite.
·Se o bebé for capaz de mamar, deve ser alimentado frequentemente. Verificar a pega;
·Se o bebé não for capaz de mamar porque a mama está muito cheia/dura, o leite deve ser retirado manualmente ou com a bomba; Por vezes é apenas necessário retirar um pouco de leite até que a mama fique suficientemente macia para o bebé conseguir pegar. Por sistema não deve retirar o leite após a mamada, só se ficar muito incomodada.
·Depois da mamada, pode-se colocar água fria ou gelo na mama, para ajudar a reduzir o edema (inchaço), durante 10/15 minutos.
·Se o ingurgitamento resultar da descida do leite, pode ajudar se a reduzir ligeiramente a ingestão de líquidos (só durante aproximadamente 2 dias).
Mamilos doridos / com fissuras:
·Corrija a pega. Os mamilos doridos são, na generalidade, consequência direta de uma má pega;
·Antes de começar a dar de mamar deve ser estimulado o reflexo de saída do leite;
·No final da mamada espremer um pouco de leite e aplicar nos mamilos e aréolas;
·Deixar os mamilos ao ar / sol o máximo de tempo possível;
·Apesar de normalmente não recomendarmos o uso de pomadas, por vezes, é necessário o uso de lanolina pura ou eventualmente outra pomada cicatrizante. Estes devem ser recomendados por pessoal especializado;
·Se sair sangue dos mamilos, a mãe pode querer retirar o seu leite e dá-lo à colher ou com o copo até se sentir melhor.
Bloqueio dos ductos e mastite:
·Mamadas frequentes;
·Verificar a pega;
·Durante a mamada aplique um saco com água quente. Se possível, pedir a alguém para segurar o saco de água quente;
·Começar a mamada pela mama não afectada, mas logo que o reflexo de ocitocina de active (imagine o leite a fluir), mude de imediato para a mama afectada;
·Massajar com a ponta de dois dedos no local do nódulo no sentido da saída do leite;
·Ao amamentar a mãe deve mudar as posições de maneira a que o leite possa ser igualmente bem drenado em todos os quadrantes da mama. Ajuda a inclinar o corpo para o lado oposto do nódulo.
·Se a amamentação for difícil, retirar o leite manualmente com frequência.
Recusar a mamar:
·Corrigir a pega;
·Manter o bebé próximo; manter bastante contacto pele-a-pele, não apenas durante as mamadas;
·Dormir próximo do bebé;
·Oferecer a mama sempre que sinta o reflexo de ocitocina ativo ou quando o bebé esteja a querer mamar. Alterar as posições. Não forçar o bebé de encontro à mama. Não se deve balançar a mama;
·Tirar leite para a boca do bebé;
·Alimentar o bebé com um copinho, colher, seringa ou conta-gotas. Sempre que possível alimentar o bebé com o leite da própria mãe.
·Evitar tetinas ou chuchas.
Atualizado a: