Dá os cereais certos ao seu bebé?

O hábito de tomar o pequeno-almoço, antes de sair de casa, deve ser instituído desde pequenino. Levantar cedo para ir para o infantário faz com que muitas crianças não tenham vontade de tomar o pequeno-almoço e que, quer por falta de tempo, quer porque os cereais são geralmente bem aceites pelas crianças, esta seja habitualmente a opção diária para esta refeição.

Contudo, este tipo de pequeno-almoço, tomado de forma continuada, segundo alguns especialistas, é uma das causas da obesidade infantil.

Fomos ouvir a opinião da Dr.ª Paula Nolasco.

Em geral, o pequeno-almoço, da maior parte das crianças pequenas, é uma papa de cereais. As crianças comem mais facilmente a papa do que um copo de leite com um pãozinho com geleia ou queijo, por exemplo. Pensa que esta opção é prejudicial à sua saúde?

O pequeno-almoço é a primeira e a mais importante refeição do dia e deve ser constituído por alimentos nutricionalmente equilibrados. É importante variar nos alimentos consumidos, não restringindo esta refeição apenas aos cereais. A criança deve habituar-se a comer de tudo um pouco, para assim construir hábitos alimentares saudáveis.

Os cereais são uma fonte energética importante e devem ser sempre oferecidos junto com o leite, pois só assim contribuem para um teor proteico de alto valor biológico. Mas é preciso cuidado, as crianças mais pequenas apenas devem consumir os cereais indicados de 1 a 3 anos, de modo a se evitarem os excessos energéticos, e os de açúcares e sal.

Temos algumas leitoras que nos questionam, especialmente nesta altura de crise, se será possível darem aos seus filhos cereais como os antigos flocos de aveia, farinha de arroz, maisena, farinha de trigo torrada, tapioca, fubá… Será que estes cereais poderão ser uma opção?

Embora sejam uma solução económica, não é de modo algum adequada, uma vez que não são equilibradas nos seus nutrientes, com excessivo teor de hidratos de carbono, contribuindo assim para o risco de excesso de peso.

cereais certos ao seu bebé

Muitos dos cereais hoje à venda e destinados às crianças, segundo resultado de alguns testes, pecam por excesso de açúcar ou sal. Neste caso como poderão os pais saber qual ou quais as marcas que devem comprar para os seus filhos?

Apenas os cereais de pequeno-almoço indicados especificamente para a idade de 1 a 3 anos são os mais adequados pois, são os únicos que se regem pela legislação infantil em vigor, com controlo rigoroso da sua qualidade e composição nutricional, principalmente no que respeita aos teores de açúcar e sal.

 

Que opções têm os pais quando as crianças não querem comer um copo de leite com um pãozinho? Será que o podem substituir por umas bolachas? De que tipo?

É importante ir variando o pequeno-almoço da criança, porque a monotonia pode eventualmente levar à rejeição dos alimentos. Idealmente o pequeno-almoço deve incluir cereais, lacticínios e fruta. Como alternativa ao pão podem ser dados outros alimentos do mesmo grupo, como os cereais de pequeno-almoço, tostas ou mesmo 2 ou 3 bolachas indicadas para esta idade, no entanto, devem sempre ser consumidos com moderação.

Quando as crianças já são mais crescidinhas – entre os 5 os 7 anos – já aceitam mais facilmente comer uma sandes com queijo, geleia, fiambre… Nestes casos, que tipo de pão aconselha?

O pão mais indicado é o pão integral ou de mistura porque tem um teor de fibra, vitaminas e saisminerais mais elevado do que o pão branco, que é produzido a partir de cereais refinados que já perderam grande parte do seu valor nutricional. Quanto mais escuro for o pão,melhor é o seu valor nutricional. De salientar que deve também ser evitado o pão de forma industrial pois a maioria deles tem adição de açúcar e gordura.

Já que estamos a falar de cereais e da importância do pequeno-almoço, que tipo de cereais podem os pais oferecer às crianças que não podem ingerir glúten?

As crianças que não podem ingerir o glúten, fazem parte dos doentes celíacos, e apenas podem ingerir alimentos específicos à base de arroz, e milho. De um modo geral, os pais destas crianças têm orientações precisas e bem delineadas do seu pediatra com a restrição dos alimentos que podem consumir. Na dúvida devem sempre questioná-lo, ou procurar a Associação Portuguesa dos Celíacos – APC (www.celíacos.org.pt.).

Para estas crianças que fazem alergia ao glúten que tipos de pão lhes podem oferecer?

Existem no mercado pão e farinhas sem glúten, especialmente indicados para doentes celíacos.  Este pão é produzido com farinhas sem glúten, como por exemplo farinha de arroz, farinha de milho, de batata, etc., e não contêm fermentos.

 

Será que com uma farinha adequada devem fazê-lo em casa?

Sim, há à venda farinhas específicas para estes doentes, no entanto é necessário ter muito cuidado para evitar a contaminação cruzada, ou seja, o pão ser contaminado com glúten. E para tal acontecer basta que entre com contacto com “migalhas” de pão com glúten ou partículas que podem nem ser visíveis a olho nu. Devem por isso ser utilizados utensílios exclusivos para o efeito e limpar muito bem o equipamento e superfícies utilizadas.

 

Quer deixar alguns conselhos aos pais de crianças que se negam a tomar o pequeno- almoço em casa e acabam por só comer alguma coisa já no infantário ou na escola?

O pequeno-almoço é considerado a refeição mais importante do dia e os alimentos consumidos fornecem nutrientes importantes para o desenvolvimento da criança e energia que é muito importante para quebrar o longo jejum nocturno. A realização regular desta refeição é um indicador de hábitos alimentares saudáveis e está associado a uma menor prevalência de excesso de peso, melhoria no desenvolvimento cognitivo e psico-social e desempenho académico das crianças.

A realização desta refeição deve ser sempre encorajada pelos pais desde muito cedo, e a partir dos 8-9 meses já se poderá sentá-los à mesa a acompanhar o pequeno-almoço dos pais, de modo a que se torne um hábito a seguir pela vida fora.

 Fonte: Dra Paula Nolasco, Nutricionista

Atualizado a:

você pode gostar também