Diversificação alimentar, qual a importância para a saúde do bebé.
A diversificação alimentar é muito importante para obter o equilíbrio correcto do organismo dos bebés.
No entanto a diversificação alimentar deve ser adaptada à realidade socio-económica e cultural de cada família. Após completar os quatro meses o bebé pode iniciar a diversificação alimentar, ou seja, poderão ser oferecidos outros alimentos para além do leite.
É nesta idade que o bebé adquire as competências necessárias para esta nova fase da sua vida e onde se criam as raízes para hábitos alimentares saudáveis que podem vir a ser vitais para a saúde do bebé..
Contudo, se ainda faz apenas leite materno pode e deve manter este regime em exclusivo até aos 6 meses.
A necessidade de diversificar a alimentação prende-se com o facto das necessidades nutricionais serem insuficientemente satisfeitas pelo regime lácteo, no que respeita a calorias, ferro e proteínas.
A introdução de novos alimentos passo-a-passo
A introdução de novos alimentos deve ser gradual, tranquila e sem pressas para que o bebé se adapte a novas texturas, novos sabores e podermos identificar alguma intolerância/ reacção alérgica, eventual.
Nunca um alimento sólido deve ser administrado no biberão, deve ser sempre utilizada a colher. É importante alertar que o bebé tem o chamado reflexo de extrusão até aos 4-5 meses de vida, que conduz à rejeição, por defesa, de todos os alimentos que lhe são colocados na parte anterior da língua.
Assim sendo, este acto não significa rejeição do novo alimento, mas apenas que o seu desenvolvimento ainda não adquiriu a maturação necessária. Dê tempo ao bebé para se adaptar à colher.
A diversificação alimentar deve ser adaptada à realidade socio económica e cultural de cada família contudo existem algumas regras que deverão ser respeitadas:
– O glúten deverá ser introduzido só pelos 5-6 meses. O leite de vaca em natureza não deve ser introduzido antes do ano de idade.
- A dieta não deve conter sal e nem açúcar adicionados. Oferecer água simples no intervalo das refeições. Os boiões só deverão ser oferecidos em situações de recurso. Comece por substituir uma refeição de leite por uma sopa de legumes ou por uma papa, de acordo como critério do seu médico.
Sopa
Deverá ser uma sopa simples, em puré, confeccionada com 4 legumes escolhidos entre batata, couve-flor, curgete, cebola, alho francês, cenoura ou abóbora, alface, brócolos ou couve coração.
As leguminosas secas (feijão, ervilha, grão, lentilha, fava) podem ser introduzidas a partir dos 9/10 meses, sem casca e em pequena quantidade.
Atrasar a introdução dos espinafres, nabiça, nabo, aipo e beterraba pelo risco de contaminação com nitratos. A sopa não deve conter mais do que 4 legumes diferentes.
Adicionar uma colher de chá de azeite, em cru, a cada dose de sopa.
Papa
Existem 2 tipos de papa: a papa não láctea, que é preparada com o leite habitual do bebé, e a papa láctea, que é preparada com água, pois já contém leite.
Até aos 5-6 meses a papa não deve conter glúten. O bebé não deve comer mais de uma papa por dia.
Carne
Ao fim de 1-3 semanas após a primeira sopa deve-se introduzir carne (15-20g/dia). Inicie com carne branca e depois vermelha:
galinha, peru, coelho, avestruz e depois borrego e vaca. Adicione a carne apenas na fase final de cozedura dos legumes.
Peixe
Introduza o peixe na dose 15-20 g/dia, alternando com carne, a partir dos 7 meses. Utilize peixe magro, fresco ou congelado:
– pescada, linguado, besugo entre outros. O salmão só deverá ser iniciado após os 10 meses.
Fruta
A fruta deve ser fresca, madura, preferencialmente crua e ralada. Deverá ser oferecida como sobremesa, ou seja, após a refeição de sopa. Podemos começar com maçã, pêra ou banana.
Mais tarde, poderá ser adicionada ao iogurte. Nunca se usa fruta em substituição de uma refeição.
Iogurte
A partir dos 6 meses pode oferecer iogurte natural de leite adaptado.
Ovo
Habitualmente, a partir dos 9 meses deve introduzir a gema do ovo, cozida. Na refeição em que oferece gema não deve oferecer carne ou peixe. Comece por½da gema e só depois a gema inteira, que poderá dar, até 2-3 vezes por semana. Depois dos 12 meses pode dar ovo inteiro.
Dieta vegetariana
Os lactentes e crianças com dieta vegetariana restritiva têm um elevado risco de carência nutricional com consequências nefastas para esta fase importante do seu crescimento e desenvolvimento psico-motor.
É fundamental, a inclusão do ovo na sua alimentação e haver o cuidado no consumo de vegetais de diferentes categorias a fim de evitar défices de ferro e vitaminas e assegurar um aporte energético e proteico adequado.
Recomendações para a diversificação alimentar
É sempre bom lembrar que as crianças têm oscilações de apetite pelo que não deverá ser motivo de preocupação a criança não querer comer um dia ou outro.
Nunca deixar a criança sozinha enquanto estiver a comer, nem que seja uma bolacha ou um pedaço de pão. Não habituar a criança a petiscar ou andar sempre com comida na mão.
Por fim, uma alimentação correta pode prevenir doenças na idade adulta, por isso é crucial a educação alimentar desde as fases mais precoces da vida.
Fonte: Drª Ana Serrão Neto e Drª Cláudia Cristóvão, Pediatras, Centro da Criança, Hospitalcuf descobertas
Atualizado a: