Mãe depois dos 40 anos
Ser mãe depois dos 40 anos é cada vez mais comum, mas tem riscos.
Na atualidade são muitas as mulheres que optam por ter o seu primeiro filho depois dos 40 anos, sendo no entanto uma decisão muitas vezes acompanhada de ansiedade pelos eventuais riscos para a mãe e para o bebé, de uma gravidez depois dos 40 anos.. Se for saudável e seguir uma vigilância pré-natal adequada, na grande maioria dos casos a gravidez decorrerá sem problemas.
É na uma realidade e uma característica saliente na sociedade actual as mulheres engravidarem cada vez mais tarde. Se recuarmos 20 anos, a primeira gravidez ocorria em média aos 24 anos, enquanto que actualmente se situa muito próxima dos 29 anos. Sendo de salientar que cerca de três por cento das mulheres engravidam, pela primeira vez, após os 40 anos.
Este adiamento da primeira gravidez está relacionado com a mudança do papel da mulher na estrutura social, com novas exigências em termos educacionais e profissionais. É também o reflexo do desenvolvimento de métodos contraceptivos seguros, eficazes e acessíveis que permitem à mulher controlar a sua fertilidade e planear o momento em que pretende engravidar.
Consideradas de alto risco, estas gravidezes tardias geralmente decorrem sob a condição de que a futura mãe aceite submeter-se a uma vigilância pré-natal adequada.
Que perigos corre uma mulher que seja mãe depois dos 40 anos?
O primeiro obstáculo à gravidez tardia é a diminuição da fertilidade à medida que a mulher envelhece. A percentagem de mulheres inférteis entre os 20-24 anos é aproximadamente de sete por cento, aumentando para 14 entre os 30-34 anos e para 28 entre os 40-44 anos. O risco de aborto espontâneo é também um factor a considerar. A diminuição da fecundidade é provocada pelo envelhecimento dos óvulos que se tornam progressivamente “não fecundáveis”, tornando-se o útero, por seu lado, menos capaz de assegurar a implantação do ovo fecundado.
Algumas doenças benignas que frequentemente afectam o útero a partir dos 40 anos (fibromiomas, adenomiose) podem também contribuir para dificultar a progressão da gravidez.
O aborto espontâneo, em geral, surge antes do fim do segundo mês de gestação. Muitas vezes está relacionado com anomalias cromossómicas, cuja frequência aumenta com a idade da mãe: as gravidezes não viáveis eliminam-se muitas vezes por si próprias.
À medida que se envelhece é mais provável que se sofra de alguma doença crónica, como diabetes, hipertensão arterial ou doença cardíaca. Estas patologias podem afectar o decurso da gravidez, podendo esta, por sua vez, agravar a doença.
Nesta idade, mesmo na mulher saudável, o risco de complicações é ligeiramente maior: gravidez extra-uterina, placenta prévia, hipertensão arterial, diabetes gestacional (dez por cento dos casos após os 40 anos), problemas no momento do parto (partos pré-termo, recém-nascidos com baixo peso e hemorragias pós-parto). Têm também maior probabilidade de ter alterações do trabalho de parto, pelo que o número de cesarianas é maior do que na mulher mais jovem.
Que perigos tem para o bebé?
O factor mais grave relacionado com o bebé é a probabilidade de ele apresentar uma anomalia cromossómica, dado que este risco aumenta com a idade materna. Por exemplo, o risco de Síndrome de Down (mongoloidismo) é de um para 885 recém-nascidos quando a mãe tem 30 anos, de um para 365 aos 35 anos, de um para 109 aos 40 anos e de um para 32 aos 45 anos.
Hoje em dia, a maior parte destas anomalias cromossómicas pode ser diagnosticada recorrendo ao exame do líquido amniótico (amniocentese).
Após os 35 anos a grávida deve ser informada acerca da possibilidade de diagnóstico pré-natal, devendo-lhe ser recomendada a amniocentese.
As mulheres com mais de 40 anos, saudáveis, que conseguem engravidar e que não abortam, têm, na maioria dos casos, uma gravidez de evolução normal e bebés saudáveis.
A consulta pré-concepcional (antes de engravidar) recomendada a todas as grávidas é, nestes casos, ainda mais importante, de modo a identificar e controlar eventuais doenças ou complicações.
Deverá iniciar um suplemento de vitaminas (ácido fólico) antes de engravidar. Não fumar e ter uma dieta equilibrada e fraccionada são outros aspectos importantes a ter em atenção.
Se tiver uma vida saudável e seguir a vigilância médica da gravidez, em princípio, esta decorrerá sem problemas.
Questões pertinentes relacionadas com gravidez depois dos 40 anos.
O que é uma amniocentese?
É uma técnica que permite obter uma pequena quantidade de líquido amniótico (líquido que rodeia o feto), geralmente processada no segundo trimestre de gravidez, visando o diagnóstico pré-natal de algumas alterações genéticas.
Quais as suas indicações?
É recomendada quando existe um risco aumentado de anomalia genética passível de ser diagnosticada no período pré-natal – idade materna avançada; casal com história familiar ou um filho anterior com anomalia cromossómica. Em casos em que são identificadas malformações fetais nas ecografias de rotina, a amniocentese pode ajudar a identificar a causa e estabelecer o prognóstico.
A opção pela amniocentese é uma decisão do casal após serem explicadas todas as implicações e riscos, se possível numa Consulta de Aconselhamento Genético.
Como é realizada?
Este exame é realizado geralmente entre a 14ª e a 18ª semana de gestação. A ecografia permite determinar exactamente a posição do feto e da placenta. Depois, com a ajuda de uma agulha o médico punciona alguns centímetros cúbicos de líquido amniótico. Recolhem-se algumas células descamadas do feto que posteriormente serão cultivadas, “crescendo” num meio especial durante uma a duas semanas. Os cromossomas do feto são analisados para detectar uma eventual anomalia.
É dolorosa?
A maioria das grávidas refere apenas a dor associada à introdução da agulha ou uma moinha ligeira a moderada, durante ou após a amniocentese. Pode ser recomendado repouso relativo durante o dia do exame, mas em princípio a grávida pode retomar a actividade normal entre 24 a 48 horas após.
Quais os riscos da amniocentese?
A principal complicação é o aborto espontâneo que acontece em 0,5 por cento dos casos. A existência de sintomas após a realização da amniocentese: febre, contracções, dor intensa, perda de líquido ou sangue devem levar a grávida a contactar o seu médico assistente.
Um resultado normal garante o nascimento de um bebé saudável?
A amniocentese tem uma taxa de detecção de anomalias cromossómicas (exemplo Síndrome de Down) de 99 a 100 por cento. As malformações fetais, quer sejam cardíacas, renais, digestivas ou cerebrais são detectadas por ecografia e não pela amniocentese. Contudo, nenhum exame pré-natal pode garantir o nascimento de um bebé saudável, dado que apenas algumas anomalias fetais podem ser diagnosticadas antes do parto.
Um teste para verificar o estado dos ovários.
Existe um marcador sanguíneo específico do funcionamento dos ovários: o doseamento de FSH no sangue, efectuado no terceiro dia do ciclo. Considera-se que os ovários começam a envelhecer quando a FSH é igual ou superior a 12 UI/l. Na mulher que apresenta dificuldades para engravidar é inútil provocar a estimulação da ovulação quando a FSH é muito elevada.
A idade do pai também conta?
O efeito da idade do pai no aumento do número de anomalias cromossómicas é menos evidente do que da mãe.
Um estudo francês que analisou 11.000 gravidezes, diagnosticou 1,5 casos de trissomia 21 (Síndrome de Down) em cada mil gravidezes cujo pai tinha menos que 38 anos e 2,4 quando a idade era superior a esta. Todos os homens deste estudo tinham mulheres com idades inferiores a 38 anos. De qualquer modo, não existe qualquer indicação para efectuar exames para detectar anomalias genéticas baseado apenas na idade do pai.
Esperamos ter esclarecido os perigos de ser mãe depois dos 40 anos e sobre a amniocentese.
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