O sexto sentido
Quando falamos de sexto sentido é outra forma de chamar a intuição?
Sem dúvida, é a intuição, o chamado sexto sentido, que nos ajuda a «adivinhar» as intenções de outra pessoa, que nos faz «escolher» este itinerário em vez do outro. Já aconteceu a qualquer de nós sentir sensações inexplicáveis, que aceitamos ou rejeitamos porque nos parecem pouco fiáveis, nada racionais.
Como escreve a actriz americana Demi Moore, grande intuitiva, que prefaciou o Guia Prático da Intuição, «a grande questão não está em saber do que se trata, nem como tal acontece, mas, sobretudo, em determinar se estamos verdadeiramente dispostos a confiar nela e a confiar em nós.
Os problemas surgem a partir do momento em que começamos a tentar interpretar estes sinais, a reflectir sobre eles ou a lutar contra os mesmos, porque a nossa intuição nos desvia, por vezes, para uma direcção que não queremos seguir. A situação converte- se, então, num conflito interior.»
A intuição não é um dom que atinge alguns eleitos. Pelo contrário, é uma faculdade que pode e deve ser desenvolvida. Para tal, é necessário renovar o contacto consigo mesma. Se souber escutar a sua intuição e conceder-lhe a confiança que merece, a sua vida tornar-se-á mais rica. Terá, então, a sensação de saber verdadeiramente o que é melhor para si.
Sentidos alerta
Respiramos sem precisar de pensar. Tal como os seus pulmões, o seu cérebro funciona, também ele, de modo involuntário, 24 horas sobre 24 horas. Intelectualmente falando, a intuição é como a memória: transmite-nos informações, mas não temos verdadeira consciência de tal processo. O facto de a provocar irá torná-la mais performática, mais fiável.
Os seus cinco sentidos devem estar alerta: visão, olfacto, paladar, audição e tacto aprendem a integrar as suas sensações corporais, sem a «censurar», pois são eles que a informam acerca do mundo que a rodeia. Considere os momentos durante os quais, sentada ou deitada, de olhos abertos ou fechados, consegue sentir, durante alguns minutos, o que se passa à sua volta.
Ganhe o hábito de ouvir a sua voz interior: quanto mais «trabalhar» a sua intuição, mais facilmente constatará que em seu redor as coincidências e sincronias se multiplicam. «Há algumas semanas, procurei no dicionário a palavra «epónimo» (o que dá o nome a alguém ou a alguma coisa), que tinha lido mas cujo significado ignorava», explica Corinne.
«Nos três dias seguintes, tive cinco ou seis ocasiões de ler esta palavra em livros, revistas ou de a ouvir na rádio… tive a impressão de a encontrar em todo o lado e, de cada vez, saltava à vista.» Realmente, tudo é «signo», e as coincidências não existem.
Controle as emoções
Apenas um estado de alerta permanente permite a intuição exprimir-se livremente. Não espere mensagens claras, respostas prontas: a intuição manifesta-se geralmente por metáforas, imagens simples ou complexas que deverá descodificar. Se expressar emoções (cólera, medo, inquietação) já não está em estado intuitivo, mas em estado de razão, pois a intuição está desligada das percepções.
O mesmo ocorre se, em pensamento, impuser a si mesma obrigações («É preciso que eu…») ou se os seus pensamentos se organizarem pela lógica. Descontraia, respire tranquila e profundamente. Poderá igualmente concentrar-se, graças a uma imagem escolhida por si e que lhe permitirá esvaziar o pensamento.
Uma vez concentrada e aguardando o seu «estado intuitivo», coloque-se algumas questões e formule-as. Quantas vezes se deu conta de que falava sozinha? O facto de formular (oralmente ou por escrito) as perguntas que faz a si mesma, ajudá-la-á, logo à partida, a encontrar o início da resposta, pois a ideias surgem, o pensamento liberta-se e enriquece.
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Descodificar sinais
A informação intuitiva raramente chega clara e límpida, organizada em frases inteiras ou em «filme». Pelo contrário, constitui-se como uma sequência de dados, uma espécie de mensagem codificada, fragmentária, rica em símbolos, que deverá sintetizar, traduzir e interpretar: é a si que cabe atribuir um sentido a este conjunto de dados.
É a validade da sua interpretação que tornará esta informação intuitiva «verdadeira» ou «falsa». Na prática, é um pouco como aprender a exprimir-se numa língua estrangeira. Cada símbolo (as ondas, a cor amarela, um carro velho, a montanha, uma mulher negra) pode ter um significado diferente segundo a pessoa, mas também segundo o contexto. Está nas suas mãos criar o seu próprio «dicionário».
Feche os olhos, concentre-se e procure ver o símbolo da sua caminhada intuitiva. Que imagem lhe chega? A cor malva? Um peixinho? Experimente, de seguida, encontrar à sua volta este símbolo e «coleccione-o». Ele ajudá-la-á a tomar consciência de que, quando o vir surgir, está em pleno trabalho intuitivo. Interrogue-se sobre o seu simbolismo sensorial (que sente quando está feliz? ou quando lhe dizem não?; o que é para si um cheiro agradável? e desagradável?; o que é uma imagem positiva? e negativa?) e aponte as suas respostas num caderno. De cada vez que tiver uma intuição, anote a pergunta que se lhe coloca, bem como tudo o que lhe vier à cabeça. Pouco a pouco, o seu dicionário enriquecer-se-á ajudando-a, progressivamente, a ver mais claro.
Oiça a sua voz interior
Escute com igual dedicação os pequenos avisos que iluminam, por vezes, o seu cérebro, mesmo se lhe parecem tontos ou irracionais. «A última vez que não obedeci ao meu instinto que me dizia: ‘Desconfia, não vás sozinha, dá meia-volta, passa-se qualquer coisa estranha’, roubaram-me a carteira dois minutos mais tarde no parque de estacionamento», conta Isabel. «Roí-me de raiva por não ter ouvido o meu instinto naquele momento, por não ter confiado nele.»
Medite para reforçar a sua intuição!
«Em meditação zen, a intuição, que tem a sua sede no rosto, associa-se a cor anil do prisma luminoso», explica Nicole Sinet, mestre de shiatsu em Paris, que pratica a terapia pela luz. Assim sendo, pode usar esta cor pura e clara, tantas vezes quantas desejar, e, sobretudo, na zona superior do corpo.
Experimente igualmente «encher-se» com esta cor, de modo a desenvolver a sua intuição: estenda-se num compartimento bastante oxigenado (de janela aberta, por exemplo) e descontraia-se até o seu corpo ficar muito leve. Concentre-se na respiração que deve tornar-se ampla, regular e tranquila.
Depois, visualize simplesmente a cor anil (próxima da da lavanda, entre o azul e o violeta), sinta-a penetrar o seu rosto e irradiar no seu espírito durante longos minutos.
Manterá, assim, os sentidos em alerta e o espírito claro, pronta a seguir, com toda a confiança, o seu sexto sentido.
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