Ajudar as crianças a lidar com a ansiedade dos testes e exames
Na época de testes e exames o stress escolar intensifica-se e revela-se em sintomas físicos e psicológicos que podem ter consequências muito negativas para as crianças. Felizmente existem estratégias que os pais podem colocar em prática para ajudar a reduzir a ansiedade e até mesmo a aumentar o desempenho dos filhos nos dias de provas.
É frequente ouvirmos falar em ansiedade durante a época de testes ou exames. Trata-se de um período que poderá ser realmente stressante. Assimilar uma grande quantidade de informação num curto período de tempo não é “pera doce”. Alguns estudos provaram que um grau muito baixo de stress limita a qualidade do desempenho. Quando a tensão é moderada, o desempenho aumenta e se o stress é intenso e prolongado, o desempenho diminui, levando-nos à exaustão, irritabilidade e zanga.
O que pode fazer para ajudar o seu filho a gerir a ansiedade nos testes ou exames? Em primeiro lugar é necessário que saiba quais são os sintomas mais comuns: dificuldade em adormecer ou em acordar de manhã, sentir-se constantemente cansado, dores de cabeça e de estômago sem explicação, falta de apetite, perda de interesse por atividades, aumento de ansiedade e irritabilidade, visão turva, tonturas, preocupação excessiva.
A ansiedade nos testes e exames prende-se com uma preocupação excessiva, com o medo de ser avaliado, de poder desapontar os pais e com uma apreensão relativamente às consequências que deles possam advir, como reprovar o ano letivo, por exemplo.
Fatores associados à ansiedade nas crianças:
Existem quatro áreas principais que podem contribuir para a ansiedade em época de testes ou exames:
1. Estilo de vida – falta de descanso, nutrição pobre, demasiados estimulantes, exercício físico insuficiente, não gerir o tempo disponível;
2. Informação – falta de estratégias de preparação para o teste ou exame, não saber como regular a ansiedade;
3. Métodos de estudo ineficazes – tentar memorizar os textos dos livros ipsis verbis, estudar toda a noite na noite antes do exame; ler sem compreender, não tirar notas, não rever a matéria, etc.;
4. – Fatores psicológicos – sentir-se sem controlo perante a situação de exame, pensamentos negativos e autocrítica e respetivas consequências, crenças irracionais (“se eu não passar, os meus pais vão ficar desapontados”, “nunca vou conseguir passar de ano”, etc.), exigências irracionais (“tenho que ter pelo menos 18 senão não valho nada”), previsões catastróficas (“independentemente do que faça vou falhar”).
A boa notícia é que grande parte desta ansiedade pode ser controlada se definir algumas estratégias com o seu filho:
– Planear o estudo: ajude-o a planear os testes ou exames com antecedência. Cada criança tem as suas rotinas de estudo, ajude-o a descobrir a dele. Crie um horário regular de estudo, incluindo intervalos. Poderá ser útil agendar sessões de estudo de 50 minutos separadas por intervalos de 5 a 10. Ajude-o a ter objetivos realistas, a escrever tudo o que precisa estudar e a organizar estudo por ordem de prioridade.
– Tornar os seus apontamentos apelativos e user-friendly, usando sublinhados, post-its, marcadores, etc.
– Dormir bem. O corpo e mente precisam de descansar e precisam de tempo para processar toda a nova informação recebida, de modo a prepararem-se para o dia seguinte. A maioria das crianças precisa de 8 a 10 horas de sono diárias. Incentive-o a cumpri-las e deixe-o fazer alguma coisa de que goste entre a hora de estudo e a de ir para a cama.
– Certifique-se que o seu filho come de forma saudável e regular, dando especial atenção à fruta, aos vegetais e ao peixe fresco. Procure que não ingira alimentos processados, fast food, estimulantes (ex.: café, chá preto, bebidas energéticas) e snacks com elevados níveis de açúcar, pois estes alimentos apenas lhe proporcionam um pico de energia para logo de seguida o deixarem ainda mais cansado. Podem fazê-lo sentir-se indisposto e interferir com o seu sono e, portanto, com a sua capacidade de concentração.
– Incentive-o a mexer-se, mesmo que seja só uma caminhada ou dançar ao som das suas músicas preferidas. Fazer exercício físico aumenta a energia, limpa a mente e reduz o stress.
– Incentive-o a fazer pausas para relaxar ao longo do dia e certifique-se de que ele as faz.
– É importante que nesta altura o seu filho evite pessoas ou situações que possam perturbar a sua autoconfiança, concentração, foco e relaxamento. Seja flexível com ele durante a época de testes ou exames. Não se preocupe e não o perturbe com tarefas domésticas que ele não fez ou com quartos desarrumados. Lembre-se, os exames não duram para sempre e quando acabarem o seu filho voltará então à arrumação. Não aumente a pressão que ele sente, oiça-o, apoie-o e evite criticá-lo.
– Antes de o seu filho ir para um teste ou exame, seja encorajador e positivo. Lembre-o de que se ele se preparou bem, os exames dificilmente correrão mal, portanto, não haverá necessidade de se preocupar excessivamente. Além disso, mesmo que corram menos bem não é o fim do mundo, o pior que lhe poderá acontecer é ter que repetir, desta vez com um grande avanço do trabalho que já realizou.
– Ensine-o a respirar devagar e profundamente quando se sentir nervoso (se lhe der uma “branca” no teste, por exemplo) para se acalmar e voltar a concentrar-se.
– Depois de cada teste ou exame, incentive a criança a falar consigo sobre a forma como se sentiu. Atenção, não fiquem demasiado tempo a debater-se com coisas que não podem ser mudadas, o que importa se errou na questão 3., alínea c)? O teste já está feito e entregue, pensar nisso só irá retirar motivação e concentração para o próximo.
– Quando os testes ou exames terminarem comemore com o seu filho, fazendo alguma coisa que ele goste ou que o faça sentir-se bem.
Durante a época de testes ou exames tudo pode parecer muito intenso, mas não durará para sempre. É importante relembrar à criança que sentir-se nervosa e ansiosa é normal, é uma reação natural à época de avaliação. No entanto, se achar que o seu filho, apesar da ajuda da família, não está a lidar bem com a ansiedade, procure falar com os professores dele ou outros responsáveis da escola.
Se perceber que a ansiedade que apresenta é excessiva ou desadequada, procure a ajuda de um psicólogo.
Atualizado a: