É tempo de largar as fraldas
Deixar de usar fraldas para passar a usar o bacio ou a sanita, como os crescidos, é para a criança e para os pais um processo por vezes longo e com alguns acidentes de percurso.
E se a regra número um é não apressar esta aprendizagem, a número dois será não fazer dela um drama. Com ajuda do pediatra Hugo Rodrigues deixamos algumas dicas aos pais.
Há pais que adiam até as próprias crianças o pedirem e há os apressados que ainda mal a criança fez um ano já a estão querer sentar no bacio. E há crianças que fazem birra porque também se querem sentar na sanita e outras que fogem da sanita e do bacio como o diabo da cruz… Ou seja: como em quase tudo quando se trata de crianças e pais, não há regras que se apliquem a todos.
Certo é, porém, que a criança não vai andar de fraldas a vida inteira e que iniciar o treino do bacio não tem de ser uma pressa, da mesma forma que não só não se justificam zangas, como elas são contraproducentes.
Pode iniciar-se o treino e começar a sentar a criança no bacio ou na sanita a partir dos 18 meses de idade, mas sempre sem forçar. Esta idade, embora indicativa, não é por acaso. Para poder iniciar o treino de bacio e o abandono das fraldas a criança precisa de já ter atingido alguns marcos do ponto de vista de desenvolvimento.
O pediatra Hugo Rodrigues explica que a criança “acima de tudo tem que ter alguma linguagem para se poder exprimir. Para além disso, convém ter um desenvolvimento adequado à idade, porque é preciso haver alguma maturidade neurológica para uma criança aprender a controlar a urina e as fezes, pelo que as crianças com atraso de desenvolvimento geralmente têm mais dificuldade”.
De acordo com Hugo Rodrigues, retirar a fralda antes dos 2 anos é, de um modo geral, prematuro: “claro que há crianças que o conseguem fazer, mas são uma exceção e é importante não haver pressas para que as coisas corram bem.” Assim, a sua recomendação é no sentido de começar a treinar a partir dos 18 meses, mas só a partir dos 2 anos retirar a fralda. Este tempo, aliás, acaba por corresponder em média ao tempo que a criança demora a aprender-se a ser autónoma: entre seis e os nove meses, para a maioria das crianças.
As primeiras vezes que se senta no bacio o mais provável é que a criança não faça nada e simplesmente fique lá sentada. Apesar dos incentivos para fazer chichi, a verdade é que ela não sabe ainda como fazê-lo, ou seja, como controlar os esfíncteres seja para “segurar” o chichi, seja para o libertar. Mas com tempo vai acabar por fazer, ainda que nem saiba bem como, e nessa altura o mais importante é mesmo o reforço positivo da ação, elogiando-a e batendo-lhe palmas, por exemplo. Já o contrário, ou seja, o castigo por não fazer ou por não aguentar até chegar ao bacio, está totalmente fora de questão.
Já perante as crianças mais resistentes a esta alteração que fazem “birra” recusando-se a usar o bacio, a paciência é fundamental. O mais importante, de acordo com o pediatra, continua a ser não forçar, além disso, deve-se tentar que a criança se sinta bem quando está sentada no bacio, pelo que pode ser útil distraí-la com um brinquedo ou um livro. Outra hipótese é experimentar a sanita em vez do bacio, já que há crianças que, por observação dos hábitos do adulto, assim o preferem.
A regra de ouro é mesmo valorizar sempre o seu filho quando consegue usar o bacio. “Vale sempre a pena relembrar que os elogios nunca são demais!”, frisa o pediatra.
Por fim, tenha presente que terá de estar preparado para muitos acidentes ao longo destes meses: chichi pelas pernas abaixo, pontapés no bacio e chichi entornado no chão, camisolas molhadas… Faz parte.
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6 dicas para a criança deixar de usar fraldas:
1- Não se apresse demasiado. Não vale a pena forçar uma criança que ainda não está preparada para dar esse passo. Adiar não é um fracasso. O treino pode ser iniciado por volta dos 18 meses, não antes, e para a maioria das crianças são necessários entre seis a nove meses até que sejam independentes de fraldas (no período diurno).
2. Elogie, elogie, elogie. As crianças são mais sensíveis ao reforço positivo do que à crítica e, este assunto em particular, não é exceção. Comemorar os primeiros chichis no bacio é “obrigatório”.
3. Sem ralhar nem recriminar! Por oposição, não recrimine a criança quando não chega a tempo, se se esquece ou quando há acidentes do tipo penico de pernas para o ar. É uma fase de adaptação e aprendizagem, pelo que é normal.
4. Crie rotinas. Por exemplo, habitue a criança a sentar-se no bacio de manhã quando acorda e ao final do dia, antes do banho, mesmo que não faça nada vai ajudar a interiorizar o hábito.
5. Motive a criança a largar as fraldas. Um bacio em forma de animal, umas cuecas com o boneco preferido ou ver um livro de que goste enquanto está sentado podem ser formas de o motivar e cativar. O sentar no bacio (ou na sanita) deve ser um momento sem pressões e que possa ser agradável para a criança.
6. Uma coisa de cada vez. Primeiro, a criança deve aprender a usar o bacio durante o dia. Só depois de consolidada essa aprendizagem, deve começar, progressivamente, a fase de adaptação noturna.
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