Motivar as crianças a aprender, ensinar a ter prazer de aprender!

Mais vale admiti-lo. Toda a aprendizagem que é “obrigatória” provoca o rebelde e o procrastinador que há em nós. Alguns conseguem contrariar o pequeno monstro e estudar atempadamente para os testes e entregar os trabalhos a horas, mas outros têm menos auto-controlo quando chega a hora de contrariar a falta de motivação e perguntam, desmoralizados: “mas afinal, para que é que isto serve?”.

O problema torna-se mais difícil de gerir quando não é só uma disciplina ou matéria em específico  que amarga os apetites do estudante, mas toda a aprendizagem, tudo o que acontece na escola fora do recreio. Este problema não é novo, nem tem uma solução instantânea. Mas há pequenas mudanças ao alcance de qualquer um que podem melhorar a experiência de ensino e de aprendizagem para todos.

Motivar as crianças a aprender

Uma dessas mudanças tem estado a ser experimentada nalgumas escolas e passa por aplicar a estratégia popularizada pela Google de dar aos funcionários uma percentagem do tempo passado na empresa para desenvolverem os seus próprios projetos. O princípio é simples: dar aos alunos tempo – uma hora por semana ou um dia por mês, ou mais – para aprenderem aquilo que querem.

Neste tempo de aprendizagem autónoma, o currículo fica em segundo plano e o professor assume um papel de orientador. O objetivo é deixar os alunos gerirem a sua própria aprendizagem: escolhendo um tópico que lhes interesse, como e com quem o querem trabalhar.

Os estudantes não são sujeitos a uma avaliação formal face aos projetos que fazem neste período – mas isso não impede que haja apresentações, atribuição de prémios ou divulgação dos melhores trabalhos. Na verdade, é crucial criar um momento de apresentação final para assegurar que os alunos se mantêm focados nos objetivos dos seus projetos.

 

Uma questão de motivação

Ao darmos aos alunos a liberdade de escolherem aquilo que querem aprender, a aprendizagem torna-se mais relevante para eles. Quando podem ser eles a escolher o tópico, mais dificilmente irão colocar em causa o porquê de estarem a aprender e a utilidade final de todo o processo. Para além disso, com autonomia vem responsabilidade, e esta pode ser uma boa forma de ajudar os estudantes a sentirem que são responsáveis pelo seu próprio processo de aprendizagem.

Na sala de aula é normalmente o aluno que ouve o professor. Aqui procuramos sobretudo ouvir o aluno, escutar as suas ideias e incentivar os seus projetos pessoais. Este pode ser um espaço para os alunos descobrirem as suas paixões e vocações. O que não significa que isto nunca aconteça nas aulas – mas a falta de tempo e a necessidade de cumprir o que está estipulado no currículo limitam bastante aquilo que um professor pode fazer.

 

Vale tudo

Desde projetos artísticos a experiências científicas, utilizando ou não as TIC, focando ou não conteúdos curriculares. Os alunos podem trabalhar individualmente ou formar grupos, e podem pedir a ajuda de qualquer professor que esteja disponível. Vale tudo, desde que se empenhem e construam um projeto final: um desenho, um poema, uma horta, um carrinho de esferas, uma música, uma reportagem, um videoclip, uma wiki… Desde que seja uma tarefa nova para os alunos, e não uma coisa que eles já tenham aprendido antes a fazer. E desde que se cumpra o seguinte mote: redescobrir o prazer de aprender!

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