Stress no Desemprego. Como geri-lo?

Como gerir e controlar o Stress no Desemprego

Estar desempregado é um dos maiores fatores de stress na vida de uma pessoa. Às dificuldades financeiras junta-se a incerteza sobre o futuro, a perda da identidade profissional, da autoestima, da autoconfiança e das rotinas diárias. A ansiedade e a falta de ânimo passam a tomar conta do seu dia. Se este é o seu caso, não pense já no pior cenário porque é possível inverter este ciclo.

A instabilidade e imprevisibilidade dos percursos profissionais têm sido uma das maiores consequências da crise financeira que atravessamos. O desemprego em si, encontra-se entre os primeiros 10 maiores fatores de stress na vida de uma pessoa.

Estamos a falar de um acontecimento que pode ter (e tem, muitas vezes!) influências a nível financeiro, familiar, social e na sua saúde. O futuro torna-se incerto e o desespero, a vergonha, a vulnerabilidade e a ansiedade podem instalar-se.

Stress no Desemprego

A Associação Americana de Psicologia refere que as pessoas que se encontram desempregadas têm o dobro da probabilidade de sofrer depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos do que a população em geral.

Se para muitas pessoas esta é uma altura de oportunidades, que lhes permite apostar em novas profissões, investir em negócios próprios e aumentar o nível de controlo que têm sobre a sua vida profissional, para outras, por diversos motivos, isso não parece ser possível. Nestes últimos casos, a tristeza, o stress e a ansiedade são companheiros quase diários, paralisam e adiam decisões, não deixam dormir porque o corpo parece estar sempre alerta.

Ciclo vicioso da ansiedade

O medo é uma reação natural do organismo a um qualquer perigo. Quando o perigo passa, é esperado que também o medo vá diminuindo de intensidade até desaparecer. E seria sempre assim, se a nossa capacidade de pensar e reter informação não tornasse todo este ciclo muito mais complexo. Por motivos adaptativos, tendemos a recordar experiências dolorosas e somos programados para evitar que elas aconteçam novamente. E o nosso cérebro consegue fazer as mais diversas ligações quando se trata de experiências desagradáveis!

A ansiedade aparece quando a sensação de medo é constante, quando o perigo não está fisicamente lá, mas sentimos que ele pode vir e qualquer catástrofe pode acontecer a qualquer momento. A partir daí, são os pensamentos negativos que provocam medo e não o perigo em si.

Quando se fica desempregado, e principalmente quando já ouvimos inúmeras histórias de desemprego na família, no nosso grupo de amigos ou na comunicação social, o pior cenário possível vem-nos à cabeça com frequência e não conseguimos mandar embora a ansiedade. E ela instala-se dia após dia e começa a fazer parte de todos ou quase todos os momentos.

Essa ansiedade que foi originada por pensamentos, acaba ela mesma por promover mais pensamentos, ainda mais negativos e a uma velocidade ainda maior. É aqui que se instala o ciclo da ansiedade!

É importante termos consciência deste ciclo e da importância que os nossos pensamentos têm no nosso estado emocional. E essa influência acontece normalmente a uma velocidade tão grande que é natural não nos apercebermos de todo este processo. Mas a mudança é possível e mostramos-lhe como!

Caminhos possíveis:

Aqui, temos dois caminhos possíveis, e podemos escolher aquele que for mais fácil de aplicar ou ir colocando em prática os dois de forma alternada e complementar:

O caminho do corpo:

Podemos começar a controlar a ansiedade, acalmando os sintomas físicos: palpitações, suores frios, respiração acelerada, tonturas, entre outros.

Normalmente uma das melhores e mais rápidas formas de o fazer é utilizando um exercício de relaxamento, permitindo ao corpo desacelerar do ritmo alucinante que a ansiedade imprime.

Deixo-lhe o exercício da respiração abdominal, um dos mais utilizados na regulação da ansiedade:

1. Feche os olhos suavemente e concentre a atenção na sua respiração, sem a alterar de qualquer forma;

2. A respiração torácica, é uma respiração que ativa o sistema nervoso autónomo simpático, provocando ativação e aumentando a ansiedade. A respiração abdominal ativa o sistema nervoso autónomo parassimpático e ajuda todo o corpo a baixar a intensidade de funcionamento, relaxando;

3. Imagine um balão na sua barriga (zona do abdómen). Quando inspira devagar, durante 3 segundos, imagine que o balão na sua barriga enche. Se lhe for difícil, faça alguma força na barriga para a “empurrar” para a frente. Nesta fase, tente que a sua caixa torácica mexa o menos possível ou idealmente, que fique imóvel;

4. Durante os seguintes 6 segundos, deixe o ar ir, sem esforço, devagar e pausadamente, “esvaziando” a sua zona abdominal;

5. Repita este procedimento durante 10 minutos e usufrua do estado em que o seu corpo se encontra.

O caminho da mente:

Alguns estudos estimam o número de 70.000 para a quantidade de pensamentos que temos por dia. E como a ansiedade aumenta a velocidade a que aparecem, pode imaginar que a quantidade pode ser ainda maior.

Normalmente os pensamentos envolvidos preveem a antecipação de um futuro negro, assustador, onde não é possível encontrar trabalho, pagar as contas e/ou garantir a sustentabilidade do próprio ou da família.

A ansiedade ao estar relacionada com o perigo que antecipamos, está constantemente associada ao futuro. Ora, ouvimos muitas vezes que o futuro é construído por aquilo que fazemos a cada instante e nada poderia ser mais importante neste momento da sua vida.

Quanto mais antecipar cenários negativos, menos vontade terá de tentar estratégias no momento presente, acabando por contribuir sem querer para que esses cenários se confirmem. Este é outro dos ciclos cujo efeito pode estar a sofrer neste momento e é um dos principais responsáveis pela desmotivação, adiamento de tarefas e o início de quadros depressivos.

Assim, temos algumas sugestões para as situações de Stress no Desemprego:

– Ao observar os cenários que antecipa na sua cabeça, pergunte-se a si qual o grau de certeza que tem de que aquilo vá acontecer? 10%? 40%? 100%? Existe alguma alternativa que se adeqúe mais à realidade?

– Repare se não estará a olhar mais para os aspectos negativos das situações do que para os positivos. Quando o desemprego e a ansiedade se instala temos tendência a ver tudo de forma muito negativa, pesada e insuportável. Não quero que ignore os aspectos negativos, somente que lhes dê a importância que de facto têm!

– Olhe para as consequências de estar a pensar desta forma e para as vantagens e desvantagens de pensar assim no seu bem-estar. Mantém o contacto com amigos e família que mantinha antes de estar desempregado/a? Qual o seu nível de energia e motivação atuais? Com que regularidade faz coisas que gosta e que o/a deixam bem-disposto/a? Qual o seu estado de espírito a maior parte do tempo?

Finalmente deixo-lhe mais uma reflexão: Quanto melhor cuidar de si, melhor o seu humor, motivação e energia para investir na sua vida profissional. Com este investimento, o seu pensamento irá estar mais claro e focado no presente e conseguirá aproveitar melhor as oportunidades que aparecem.

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Quanto mais tempo irá permitir que a ansiedade domine a sua vida?

Fonte: Ana Sousa – Psicóloga Clínica da Psinove – Inovamos a Psicologia

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