Osteoporose na mulher: Proteja os seus ossos!
A osteoporose é uma doença do esqueleto que torna os ossos porosos, frágeis e propensos a fraturas. Afeta mais as mulheres do que os homens, na medida em que está associada à menopausa, mas é uma doença que se pode e deve prevenir desde cedo. Veja como.
Surge de forma silenciosa e lentamente vai roubando a força e a vitalidade dos ossos, sem qualquer sintoma que denuncie a sua fragilidade. Na maioria das vezes, só quando o osso parte é que médico e paciente detetam a existência do problema, o qual se encontra normalmente numa fase já avançada.
A osteoporose caracteriza-se pela diminuição da massa óssea, aumentando o risco de fraturas graves. João Eurico Fonseca, reumatologista, explica-nos que o “osso é composto por minerais e um tipo de tecido chamado colagénio”.
Agora, imagine que o osso é um edifício e que os andaimes que sustentam a sua construção são minerais e colagénio. Com o passar do tempo, esta estrutura começa a degradar-se, ficando cada vez mais frágil até que colapsa. Este é o cenário da osteoporose, onde acontecem duas coisas: “uma é que há menos cálcio depositado nesses andaimes e a outra é que os andaimes estão avariados, ou seja, não estão com a estrutura certa, levando à fragilidade do osso e à ocorrência de fraturas”, esclarece o reumatologista.
No entanto, embora, na maior parte das vezes, este quadro seja clinicamente silencioso e se manifeste apenas com o aparecimento de fraturas ósseas, Elsa Delgado, ginecologista-obstetra, diz-nos que “a dor e a diminuição da capacidade física e da qualidade de vida podem ser manifestações desta doença que se vai instalando progressivamente”. E, claro, no caso de fratura os sintomas são evidentes.
As fraturas provocadas pela osteoporose podem ocorrer em qualquer osso, mas são mais frequentes nas vértebras, na anca e no punho.
Mulheres são o alvo preferido
De aparência rígida e resistente, o osso encontra-se em constante processo de formação e absorção, sendo diferente em cada fase da vida. Durante a juventude, o nossoorganismo produz osso em maior quantidade do que aquele que destrói, aumentando, assim, a massa óssea.
João Eurico Fonseca revela-nos que “atingimos o pico da massa óssea entre os 30 e os 40 anos”. É importante chegar a esta fase com o maior património ósseo possível, pois a partir daqui a remodelação prossegue, passando-se, porém, a perder mais osso do que aquele que se ganha. Assim, quanto maior for o pico de massa óssea, isto é, quanto mais osso tivermos acumulado, menor será a probabilidade de desenvolvermos osteoporose durante o normal envelhecimento.
Sendo reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma questão de Saúde Pública, a osteoporose pode afetar tanto homens como mulheres, no entanto, o sexo feminino é atingido em maior número, em particular após a menopausa. “Enquanto nos homens a qualidade do osso diminui progressivamente ao longo da vida, nas mulheres há um pico de aceleração da degradação da qualidade do osso após a menopausa porque o estrogénio, a principal hormona que é perdida nesta fase da vida da mulher, tem um efeito protetor do osso, mantendo a qualidade da sua estrutura, bem como da sua mineralização”, clarifica o reumatologista. As pessoas com mais de 65 anos também são mais propensas a este problema.
Para além da idade e no género, o estilo de vida também conta e muito para a fragilidade do nosso esqueleto. Mas como saber qual o estado de saúde dos ossos? Antes de mais, João Eurico Fonseca sublinha a importância “da osteoporose ser identificada antes da ocorrência de uma fratura. Obviamente que pode ser tratada após o seu aparecimento, mas o que interessa é que ela não ocorra”. Depois o reumatologista informa que existe uma técnica de diagnóstico precoce que permite medir a massa óssea – densitometria ou a osteodensitometria. “Este método permite avaliar a densidade mineral do osso e o risco de fratura, ajudando o médico a decidir se é necessário iniciar o tratamento e qual a terapêutica mais adequada”.
Existe ainda um instrumento que, através da introdução de características do doente (como idade, sexo, entrada na menopausa – no caso das mulheres – ou outras doenças que prejudicam o osso), permite calcular o risco de fratura nos próximos dez anos: o FRAX.
Nunca é cedo demais para prevenir
A osteoporose é uma doença com grande impacto na qualidade de vida e no estado geral de saúde. É que uma fratura não afeta apenas o osso envolvido, tem também implicações sobre a mobilidade e a independência, podendo obrigar a cirurgia, internamento hospitalar e a uma recuperação muitas vezes prolongada. Razões suficientes para prevenir o risco e tratar antecipadamente o problema.
Elsa Delgado revela que “as terapêuticas de primeira linha aprovadas para o tratamento da osteoporose procuram sobretudo reduzir a taxa de perda óssea e diminuir a reabsorção, mas existem outras opções que estimulam a formação e ação dos osteoblastos, que são as células responsáveis pela formação do osso”. A ginecologista-obstetra acrescenta ainda que “no caso da mulher pós-menopausa poderá ser recomendada a chamada terapêutica hormonal de substituição, desde que não haja contraindicação para a mesma”. Em alguns casos, sobretudo nas pessoas mais idosas, são também equacionados o uso de suplementos de cálcio e de vitamina D.
E se é importante falarmos de tratamento na osteoporose, também é essencial falar de prevenção. Neste caso o provérbio “mais vale prevenir do que remediar” aplica-se perfeitamente e deve ser colocado em prática desde os primeiros anos de vida. Para isso, basta “adotar um estilo de vida saudável com a prática regular de exercício físico, uma alimentação rica em cálcio e vitamina D, evitando fumar e o consumo excessivo de álcool e cafeína”, recomenda a especialista.
Porque estamos a falar de prevenção, o reumatologista João Eurico Fonseca alerta ainda para a importância de uma exposição solar adequada – uma vez que os raios solares estimulam o metabolismo da vitamina D no organismo – e para o facto de existirem substâncias nocivas para o osso nas bebidas gaseificadas, “razão pela qual não devem fazer parte dos nossos hábitos alimentares”.
Agora que já conhece os pilares para a formação de um bom património ósseo, lembre-se que nunca é tarde, nem cedo demais, para proteger a saúde dos seus ossos.
Previna as quedas!
A maioria das fraturas provocadas pela osteoporose surge depois de uma queda ou pequeno traumatismo. Desta forma, preveni-los é tão importante como tomar corretamente a medicação prescrita pelo seu médico. Para reduzir o risco destes problemas ocorrerem, tome nota dos seguintes conselhos:
– Evite locais mal iluminados e pavimentos molhados ou derrapantes;
– Ande sempre com calçado adequado, que forneça um bom suporte ao pé e permita uma boa aderência ao chão, dando preferência a calçado antiderrapante e sem saltos altos;
– Evite andar em casa só com meias, principalmente em chão escorregadio;
– Se existirem alterações da visão ou do equilíbrio, consulte o seu médico, para que possam ser estudadas e, se possível, corrigidas.
Atualizado a: