Cerveja, tremoços e caracóis: serão saudáveis?
Comer um gelado ou beber uma cerveja acompanhada por um prato de caracóis ou de tremoços são alguns dos nossos tradicionais hábitos de verão.
Falámos com uma nutricionista para saber se podem ser considerados saudáveis.
Chega o verão e não é apenas a temperatura que muda. Por muitas vezes ser sinónimo de férias, é sempre altura propícia para alguns deslizes no que concerne à alimentação. Na esplanada, sob o sol, regressa a vontade de partilhar uma conversa entre amigos à volta destes hábitos que, não nos sendo exclusivos, também são bem portugueses. Mas fica a questão: serão saudáveis? O melhor mesmo é irmos por partes.
Caracóis, os reis da esplanada
A nutricionista Ana Carolina Soares alerta que os caracóis “devem ser bem confecionados”. Mas até podem ser um bom substituto para um lanche. Constituídos por água, ricos em proteínas e pobres em gorduras, os caracóis contém cálcio mas também cobre, ferro, magnésio, e zinco, o tipo de sais minerais que contribui para a saúde do organismo. Possuem um baixo valor calórico, de cerca de 100 quilocalorias por 100 gramas, e como na sua confeção são cozidos, mantém boa parte das suas propriedades.
Em Portugal tornou-se um dos nossos clássicos de verão. E é normal vermos esplanadas ocupadas por gente tão diferente em torno de algo em comum: um prato de caracóis, sejam os mais pequenos, sejam os maiores, de concha castanha escura, mais conhecidos por caracoletas.
Mas o hábito de comer caracóis não é nosso nem é de agora. Muito antes de nós, cerca de 300 A.C., já Aristóteles descrevera pormenores relativos à produção e consumo de caracóis. Alguns achados arqueológicos revelaram conchas de caracóis junto a vestígios de ossos e fogueiras, o que poderá querer dizer que já os nossos antepassados pré-históricos se sentavam “à mesa” para degustar um bom prato de caracóis.
Embora para quem não aprecie caracóis, a principal razão seja uma simples questão de paladar e de estética – convenhamos que não é o prato mais bonito que já nos passou pela frente –, mesmo os seus apreciadores devem ter atenção ao que comem. É que apesar do valor nutritivo destes pequenos animais, a confeção pode conter extras, como bacon ou toucinho, que, embora apetitosos, aumentam inevitavelmente o valor calórico do prato. Mas o cuidado, alerta a nutricionista, deve estar também com “o pão e a manteiga”, que muitas vezes acompanham o prato de caracóis.
Gelados fresquinhos fazem bem ou mal?
Ana Carolina Soares adverte-nos logo para as diferenças entre gelados feitos à base de nata e, por exemplo, os sorvetes, que por serem feitos à base de água são menos “pesados” no estômago. Os gelados são ricos em cálcio, proteínas e vitamina A. Como lacticínio que são, podem fazer parte da nossa alimentação, desde que não sejam consumidos em excesso.
É até caso para recriarmos uma expressão antiga: um gelado calórico por dia, não sabe o mal que lhe fazia. Podem vir em copo ou em cone, nas mais diversas cores e sabores. E são, sem dúvida, um dos mais saborosos hábitos de verão, apreciados pelos mais jovens e pelos menos jovens.
É verdade que hoje em dia há cada vez mais opções saudáveis. Apesar de tudo não será má ideia espreitar o rótulo antes de comprar o próximo gelado. É que mesmo quando os sabores são os mesmos, as diferenças do ponto de vista calórico podem ser significativas.
A fibra dos tremoços
Os tremoços são uma leguminosa da mesma família da ervilha. Apesar do seu aspecto discreto possuem uma quantidade elevada de cálcio e vitaminas, e “são muito interessantes como fonte de energia e proteína”, como nos explica Ana Carolina Soares. Têm ainda três vezes mais fibra do que a aveia e o trigo.
O ligeiro sabor amargo resulta da substância alcalóide lupanina e não pode ser ingerido sem cuidados: só depois de cozido e demolhado em água salgada se torna comestível, precisamente a forma como chega ao supermercado.
A farinha de tremoço é ainda utilizada na produção de bolachas, biscoitos, massas, na indústria farmacêutica e também conhecida como o “adubo verde” porque prepara os solos para o cultivo de coisas tão diferentes como milho, trigo ou até o melão.
Se pensarmos que há mais de um milhão de toneladas produzidas anualmente, é fácil de ver que o tremoço é uma leguminosa bastante apreciada. Acompanhados por uma cerveja bem fresca – a esta já lá vamos – são quase uma iguaria. Cuidados a ter? Há um em particular: o sal. Cada 100 gramas de tremoços poderão conter em média 3,9 gramas de sal. É certo que ajuda a conservar e a dar sabor, mas demasiado sal não faz bem a ninguém.
A “saúde” de uma cerveja
Deixamos para o fim a rainha das nossas esplanadas: a cerveja. Entre as bebidas alcoólicas, a cerveja é das que tem menor teor alcoólico, algures entre 3 a 8% por volume. Trata-se de uma bebida já consumida há milhares de anos e apreciada pelos mais diversos povos. Em média, o seu valor calórico andará à volta de 42 calorias por 100 ml, o que quer dizer que uma lata de cerveja rondará as 130 calorias.
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