Chocolate na gravidez
Será que posso comer chocolate durante a gravidez? Esta é uma das muitas dúvidas que as grávidas têm durante os 9 meses de gestação.
Uma alimentação equilibrada e nutricionalmente rica é fundamental para ter uma gravidez saudável e tranquila. E como em qualquer outra fase da vida há alimentos que devem ser consumidos mais regularmente e em maior quantidade e outros que deverão ser ingeridos com alguma moderação. O chocolate faz parte deste último grupo e embora possa ser consumido regularmente deve sê-lo em quantidades devidamente ajustadas às características e necessidades de cada indivíduo. Em condições normais considera-se adequado um consumo até 30 gramas de chocolate (1 barra pequena) por dia.
Nesta fase é comum haver alguma ansiedade e os alimentos doces são muitas vezes uma tentação ainda maior, por isso o chocolate torna-se ainda mais apetecível. Uma das causas deste comportamento é a adrenalina, que durante a gravidez tem a sua concentração aumentada e é liberada mais facilmente, promovendo a vasoconstrição dos vasos sanguíneos e contrariando a ação relaxante e calmante das outras hormonas.
Além disso, estimula o pâncreas a produzir uma maior quantidade de insulina, a hormona que permite a utilização do açúcar pelo organismo. A apetência por alimentos doces, que é particularmente acentuada na gravidez é, portanto, ditada pela necessidade de recuperar mais energia para promover o desenvolvimento do feto.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o chocolate é um “alimento” e oferece por isso mesmo nutrientes e consequentes benefícios para a saúde. O chocolate é um alimento de composição muito complexa que contém mais de 300 substâncias químicas diferentes e vários nutrientes necessários ao organismo, dependendo da variedade. Contém proteínas, gorduras, hidratos de carbono, algumas vitaminas e minerais e ainda antioxidantes que no chocolate preto são em quantidade apreciável.
Por esta razão, o chocolate, especialmente o negro, pode auxiliar no controlo da pressão arterial e contribuir para um menor risco de pré-eclampsia, uma possível complicação da gravidez que pode ter consequências graves. Além disso, pode ajudar a prevenir a anemia e a promover um bom desenvolvimento do cérebro do bebé pois estimula a produção de mielina, substância que rodeia e protege as células do cérebro e do sistema nervoso.
Não é menos importante o facto de a ingestão de chocolate contribuir para a produção de serotonina, a chamada “hormona da felicidade” que promove na grávida a sensação de satisfação, felicidade e tranquilidade e que acaba por ser transmitida ao feto.
Existem mesmo estudos que indicam que as mulheres que consomem chocolate durante a gestação acabam por ter bebés mais sorridentes, ativos, alegres e sem medos de enfrentar novas situações. Isto pode dever-se em parte ao facto da mãe transmitir essa sensação ao bebé, e por este ter contacto com os componentes químicos do chocolate durante a vida intrauterina.
Há no entanto que considerar o valor calórico do chocolate e a necessidade de conjugar esse facto com o controlo do peso durante a gravidez. Por outro lado, o chocolate contém cafeína e outras substâncias do mesmo tipo que pode ser necessário moderar durante a gravidez.
Dois grandes mitos sobre chocolate e gravidez:
Comer chocolate antes de fazer a ecografia ajuda a descobrir qual o sexo do bebé.
É um mito, pois não existe qualquer relação que seja mais fácil, para quem come chocolate, ver ou não o sexo do bebé durante ecografia. No entanto, quando há entrada de açúcares na circulação sanguínea da mãe e que consequentemente chegam ao bebé, ele mexe-se mais e pode ser mais fácil que na ecografia seja visível o sexo do bebé.
Comer chocolate durante a gravidez provoca cólicas no bebé.
É um mito, pois as cólicas ocorrem no recém-nascido, e não no feto. Quando a mulher está a amamentar é que se aconselha um consumo especialmente moderado mas mesmo assim não há evidências científicas dessa causa-efeito.
Sintetizando, as futuras mamãs precisam de garantir ao seu bebé uma alimentação variada, equilibrada e completa, nutricionalmente rica e capaz de responder adequadamente às necessidades nutricionais próprias e do feto. Isto não significa no entanto, têm que excluir os pequenos prazeres de que tanto gostam, porque neste caso o chocolate, principalmente o negro e consumido em moderação também pode contribuir para uma gravidez saudável.
Nota da nutricionista: Aconselhe-se sempre com o seu médico
Fonte: Ana Perdigão – Nutricionista – ACHOC
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