Coaching e alimentação: a caminho do equilíbrio físico e mental
A atitude que temos hoje relativamente à alimentação não é a mesma que costumávamos ter. Muitos olham para a alimentação como algo que faz parte do dia-a-dia que nos enche e que nos mantem. Outros associam resistência e robustez à quantidade de alimentos que ingerem. Mais recentemente começou-se a estabelecer uma conexão entre alimentação e saúde e não apenas como uma fonte de energia que precisamos. A ciência moderna tem vindo a provar que a alimentação que fazemos tem um impacto direto na saúde e no bem-estar. O que é, então, a saúde?
A forma mais usual de definir saúde é pela ausência de doença – pensamos que se não estivermos sob a alçada de um médico ou a tomar medicamentos receitados por aquele, então devemos estar com saúde. Num sentido é absolutamente verdade. Mas olhar para a saúde com esta perspetiva tão restritiva – ausência de doença – estamos a cometer uma injustiça connosco e de certa forma a defraudar o que a saúde pode realmente ser.
A saúde não deve ser vista como algo que temos ou não temos! Podemos não estar doentes, mas também não somos totalmente saudáveis. Naturalmente toleramos muitos sintomas e queixas e até pensamos que fazem parte da vida. Dores de cabeça, pele opaca e/ou com borbulhas, músculos duros, indigestão, obstipação, falta de energia, dores nas articulações, artrite, tensão pré-menstrual, constipações frequentes, são maleitas consideradas fazer parte da vida.
Pode parecer redutor mas todos os sintomas são resultado de toxicidade. Vivemos em condições pouco naturais e a toxicidade ambiental a que estamos sujeitos diariamente interfere com a nossa capacidade de nos libertamos de todas as toxinas. Simplesmente e vagarosamente vamos acumulando. O grau de exposição e o funcionamento do nosso sistema natural de desintoxicação determina o ritmo e volume desses indesejados químicos que nós conseguimos albergar no corpo sem mostrar nenhum sintoma. Não desenvolvemos cancro ou temos um ataque cardíaco de um dia para o outro. Passamos a maior parte da nossa vida a acumular. As escolhas que fazemos em cada dia vão sempre adicionando ao que já lá está!
Saúde significa o perfeito funcionamento do corpo e da mente. É acordar de manhã com os olhos brilhantes e prontos para ação do dia sem precisar de algum medicamento ou poção mágica que alivie os sintomas atrás referidos. A mente está clara e sentimo-nos bem connosco e com o nosso corpo. Disfrutamos de um sem número de sensações, ritmos e sentimo-nos felizes. Contudo nós somos mais do que o corpo físico – somos seres integrados com dimensões emocionais, mentais e espirituais. Quanto mais equilibrados estamos em todas estas dimensões, maior é o impacto na saúde física e no Bem-Estar. Algum desconforto que sentimos ao nível emocional, mental ou espiritual está intimamente ligado à saúde física do corpo e vice-versa.
Dizer que se é completamente saudável implica que todas as dimensões do nosso Ser estão a funcionar bem e estão em equilíbrio dinâmico. Significa que a vida emocional é rica e flui. Sugere que estamos conscientes das emoções/sentimentos e sabemos lidar com elas de uma forma saudável. Também significa que as nossas faculdades mentais estão a funcionar bem e que as usamos para criar propósito e sentido na vida.
A alimentação é sem dúvida um dos fatores que maior impacto tem na nossa saúde. A própria ciência tem consciência disso e começou a dissecar e analisar os componentes e a revelar indiscriminadamente muita informação gerando até alguma confusão no público. Todos os dias são publicados novos artigos sobre que alimentos são bons para nós, quais é que devemos evitar e porquê. As palavras: saudável, orgânico, biológico, passaram a ser referidas com muita frequência e fizeram com as pessoas começassem a pensar de uma forma diferente acerca dos alimentos e das suas escolhas, abrindo um sem número de novas possibilidades, não só no que se pode criar na cozinha, mas também nos níveis até que cada um pode levar a sua saúde.
No entanto importa referir que um dos principais fatores que causam alteração na nossa saúde é a alimentação “não natural” composta por alimentos excessivamente refinados e processados, falta de alimentos “vivos”; deficiências em vitaminas, minerais e enzimas, combinação incorreta de alimentos, comida geneticamente modificada, e formas de cozinhar inapropriadas.
A dieta típica dos últimos anos tem vindo a incluir comida mais processada e contaminada do que alguma vez aconteceu: hormonas, esteroides, antibióticos, pesticidas, aditivos, corantes, conservantes, etc. Estamos expostos, de longe, a muito mais químicos e a uma muito maior concentração do que a geração anterior. Não esquecer os efeitos dos componente químicos das peliculas, dos plásticos das garrafas de água, ou dos copos de esferovite, e outros, que passam para a comida.
O nível dos nutrientes da comida também depende de muitos fatores. Inclui-se: tipo, variedade e quantidade de comida; tamanho e maturidade da planta; a qualidade do solo, químicos e fertilizantes usados; idade dos animais e qualidade da ração dada; país de origem, a duração do dia e intensidade da luz, temperatura, estação, etc. As comidas são cultivadas e crescem em solos que já estão esgotados e não contêm o nível dos nutrientes que tinham à 50 anos atrás. Mesmo na produção orgânica/biológica não há adição de nutrientes, somente está garantido serem livres de pesticidas. Os métodos de colheita, distribuição e armazenagem são muito importantes para a preservação dos nutrientes.
Quase podemos dizer que com todas estas interações os alimentos mudaram: de naturais para artificias. De facto estes alimentos artificias tendem a conter químicos que o corpo tem dificuldade em reconhecer e digerir.
Se adicionarmos à poluição, a falta de atividade física, um sem número de emoções e atitudes prejudicais (ressentimento, ansiedade, medo, preocupação, descontentamento, ganância, inveja, etc), temos um conjunto de elementos que silenciosamente vão comprometendo a nossa saúde.
O que podemos fazer?
A ideia de uma vida de equilíbrio associada ao bem-estar está presente nos mais variados meios de comunicação e é difícil não encontrar um anuncio publicitário que não recorra a este conceito. Nos grandes supermercados passamos a encontrar zonas que lhe são dedicadas e outros espaços de venda começaram a florescer por tudo quanto é lugar.
Aliás, passou a ser “moda” a cultura do bem-estar, hábitos de vida saudáveis, exercício físico, alimentação biológica/orgânica, e tudo o que possa trazer saúde, qualidade de vida, e que respeite os princípios do equilíbrio entre o corpo e a natureza.
E então porque é que não estamos a ficar mais saudáveis? Porque começamos a alimentarmo-nos de uma forma mais saudável ou mesmo a ir ao um ginásio e passados alguns meses, acabamos por abandonar lentamente algumas rotinas que implementamos?
Talvez o maior desafio associado a esta necessidade equilíbrio seja mudança do comportamento que é necessária. Não falamos apenas da decisão de iniciar algo novo e diferente (que parte de uma reflexão – é racional) mas de acompanhar essa decisão com uma rotina que com continuidade se torne um hábito.
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