Os alimentos e a líbido: o prazer começa no prato

Uma espécie de afrodisíacos na alimentação lá de casa!

A líbido não é uma equação simples. Envolve questões físicas e emocionais. Depende das expectativas e das circunstâncias do momento; depende de questões culturais e de relacionamento; depende da autoestima e depende da vontade. E sim, também depende da alimentação. Veja que alimentos podem ajudar a sua líbido.

A alimentação é necessariamente um dos pontos importantes quando pensamos no desejo sexual. Não se julgue por isso que há alimentos milagrosos, que resolvem na cozinha num piscar de olhos o que não tem corrido bem no quarto. Mas talvez não seja por acaso que o nosso apetite influencie o nosso outro apetite; o sexual.

Ao longo da história a alimentação e a líbido sempre se encontraram no imaginário popular. Os Romanos sugeriam o consumo de ostras. Mas também a batata era considerada um afrodisíaco na Europa quando começou a chegar do outro lado do Atlântico – neste caso talvez o facto de então ser quase exótica tenha contribuído para esta fama.

O próprio William Shakespeare, em MacBeth, fazia referência aos efeitos do álcool (it provokes the desire, but it takes away the performance – confirmando pela experiência o que a ciência provou mais tarde: que o álcool pode ajudar à desinibição mas que tal efeito não vem sem contraindicações). Sem dúvida: as nossas opções à mesa têm influência no que fazemos entre os lençóis.

Com maior ou menor relação com a realidade, a verdade é que os chamados alimentos afrodisíacos há muito que são tema. Mais importante ainda: a alimentação pode mesmo fazer a diferença no que à vida sexual diz respeito. Veremos como.

 

O que nos faz bem

No que à sexualidade diz respeito, os alimentos podem ter diferentes formas de ação. Podem ajudar a aumentar a líbido (e aqui falamos do desejo sexual); podem ajudar a aumentar a potência sexual e podem também ser uma ajuda quando o que se procura é aumentar o prazer sexual.

No caso da líbido, o que se procura são fontes que ajudem na produção de testosterona e dopamina. Embora a produção de testosterona seja diferente entre os sexos, esta é responsável pelo desejo quer no homem quer na mulher.

No caso da dopamina, a sexóloga Vera Ribeiro explica-nos que esta funciona como neurotransmissor, sendo “responsável pelo controlo da resposta emocional, atenção, cognição, processos hormonais… estando assim associada ao desejo sexual”.

O salmão, a sardinha e o atum, por exemplo, são peixes que costumam fazer parte da nossa dieta e que são uma ótima fonte de Omega 3 – e a líbido é apenas uma das funções do nosso organismo que beneficia de Omega 3. Mas este também se pode encontrar na soja ou, por exemplo, em óleo de linhaça ou de canoila.

Alimentos ricos em zinco – como é o caso de mariscos, ostras, gengibre, cogumelos ou frutos secos como nozes e castanhas – são também uma opção a ter em conta. Entre outras funções no nosso organismo, o zinco pode ajudar na prevenção do cancro da próstata. A sua carência pode facilitar a disfunção erétil, no caso dos homens, enquanto que nas mulheres esta carência pode contribuir para menstruações irregulares. Mas há mais opções.

O magnésio é outro nutriente que deve fazer parte de uma alimentação equilibrada – e de uma vida sexual ativa. O magnésio favorece o funcionamento das células, ajuda na regularização da temperatura corporal e na reparação de tecidos e é indispensável para a atividade hormonal. É também conhecido como o mineral antisstress – o que quer dizer que a sua carência pode contribuir para alguma irritabilidade, o que não é de todo o humor que se quer nos momentos mais íntimos.

Podemos encontrar magnésio em diversos alimentos, como cereais integrais, aveia, milho, algas, frutos secos mas também frutas como papaia e manga, em espinafres e até no chocolate preto (embora isto não deva servir de desculpa para se abusar do chocolate).

Outra ajuda que podemos ter através da alimentação é dos chamados bioflavonoides. Estes encontram-se em frutos vermelhos e na generalidade dos vegetais. Além das propriedades antioxidantes (que ajudam na prevenção de doenças vasculares e de certos tipos de cancro), têm também uma ação anti-inflamatória, antialérgica e hormonal.

Vitaminas do complexo B, onde se inclui frutas como a banana e vegetais como os aspargos ou os brócolos são também uma boa fonte de energia. As vitaminas B-5, B-6 e B-12 em particular ajudam a combater o stress e a equilibrar os níveis hormonais (sendo que no caso da B6 podem contribuir para a fertilidade feminina, enquanto a B12 pode ser um auxílio no aumento da contagem de espermatozóides. Podemos encontrá-las em ovos, na soja em peixes como o salmão.

Além do que já falámos, nunca é demais esquecer que há alimentos que têm também uma função vasodilatadora, o que na prática significa que aumentam o fluxo sanguíneo, o que no caso dos homens facilita a ereção, enquanto que nas mulheres esta ação sanguínea contribui para uma maior facilidade em atingir o orgasmo. É o caso do alho, ótimo no sabor que dá à comida e na saúde que nos dá, mas também com picantes. No caso destes naturalmente que não se aconselha o consumo em grandes quantidades, mas a verdade é que não é por acaso que o picante costuma ser referido quando pensamos em alimentos afrodisíacos.

A saúde sexual é uma parte importante da saúde geral. Se a sua libido diminuiu, uma boa nutrição pode ajudar a restabelecê-la. Se sua libido está bem, uma boa nutrição vai mantê-la assim. Mas atenção. Como a sexóloga Vera Ribeiro nos recorda, uma boa alimentação por si só não chega. “A atração sexual tem de estar presente em conjunto com uma alimentação equilibrada“.

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