Valor nutricional e benefícios da Melancia para a saúde humana
É impossível resistir a esta doce tentação… E ainda bem! Esta fruta originária da África, e hoje encontrada em quase todas as partes do planeta, tem diversas propriedades, entre as quais as mais conhecidas são: refrescante, hidratante, diurética, saborosa e a cara do verão (afinal, é a época desta fruta). Mas essas informações (e o fruto) já estão literalmente na boca do povo.
Em Portugal consome-se com frequência duas variedades: a melancia riscada, e a melancia preta. No entanto, existem mais variedades de melancia no mercado, como a de polpa amarela, a melancia sem pevides, e a melancia baby por ter menor tamanho.
As novidades que trazemos sobre a melancia – que se tem tornado fonte de estudo de muitos investigadores – estão relacionadas com duas substâncias que se encontram na sua polpa e fazem do “fruto vermelho” um alimento funcional e nutracêutico. Estamos a falar da grande quantidade de licopeno (carotenoide antioxidante) e L-citrulina (aminoácido que é convertido em L-arginina – outro aminoácido, que tem efeitos benéficos no sistema imunitário, alto poder cicatrizante e desempenha um papel fundamental nas funções cardiovasculares), que graças à presença dos seus compostos bioativos criam mecanismos protetores no nosso organismo.
A Associação Dietética Americana (ADA) define alimento funcional como “qualquer alimento ou ingrediente modificado que possa propiciar um efeito benéfico além daquele provido por nutrientes tradicionais que ele contém”, e nutracêutico como “qualquer substância que possa ser considerada alimento ou parte deste e ofereça benefícios médicos, incluindo prevenção e tratatamento de doenças”.
E para a conversa ficar mais interessante, alguns estudos recentes (saídos do forno) revelam outras propriedades e novidades acerca da melancia. Eis algumas delas:
– Melhoria da circulação sanguínea em pessoas pré-hipertensas e em adultos saudáveis;
– Diminuição da tensão arterial diastólica em mulheres obesas na pós-menopausa;
– Redução da rigidez arterial;
– Redução da frequência cardíaca em atletas após exercício físico intenso e diminuição da dor em 24 horas (devido a L-citrulina, e à sua conversão em L-arginina);
– O consumo de sumo de melancia em jejum, com regularidade, pode aumentar os níveis plasmáticos de L-arginina em adultos saudáveis (trata-se de um aminoácido essencial e fundamental para funções imunológicas e cardiovasculares);
– A arginina também auxilia no ciclo da ureia, por remoção da amónia e outros compostos tóxicos produzidos no nosso corpo.
Mas os benefícios proporcionados por este fruto não ficam por aqui. De acordo com várias investigações, as pevides da melancia podem e devem ser consumidas, pois são ricas em proteínas, gordura mono e polinsaturada, e têm propriedades vermífugas, fungicida e humectante. As suas formas de consumo são: sumo (triturar polpa, parte branca e pevides) ou como “petisco”, para compor o lanche da manhã ou da tarde, mas é necessário assar previamente as sementes (assim como as pevides de abóbora).
Para além disso, devido ao alto teor de licopeno da fruta, vários estudos demonstram a sua possível ação preventiva para doenças degenerativas, assim como o cancro da próstata, do estômago e do pulmão. As propriedades da melancia são de tal forma benéficas que já se fala na possibilidade de desenvolver óleo de sementes de melancia – um estudo realizado no Brasil demonstrou que o óleo é altamente insaturado e próprio para fins alimentares.
E para os homens: de acordo com estudos feitos no Texas, nos Estados Unidos da América (E.U.A.), e pesquisas que estão a ser feitas no Departamento de Agricultura dos E.U.A. (Serviço de Pesquisa Agrícola), em Oklahoma, a melancia é um possível viagra natural, pois a L-citrulina possui a capacidade de relaxar os vasos sanguíneos, tal como o viagra, e é convertida em L-arginina, que aumenta o óxido nitríco, e este por sua vez também é capaz de relaxar os vasos sanguíneos e do músculo liso, o que facilita a vasodilatação, ocorrendo, então, a ereção.
Composição nutricional, valor nutricional da melancia:
Porção Unitária Recomendada: 160 gr
Calorias por porção recomendada: 38 kcal
Macro Constituintes da melancia:
– Proteína: 0,6 gr;
– Hidratos de carbono expresso em monossacáridos: 9 gr;
– Gordura total: 0,3 gr, sendo ácidos gordos mono e polinsaturados;
– Fibra alimentar: 0,5 gr;
– Mais de 90 por cento de água;
– 80 µg de vitamina A (retinol);
– 6,4 mg de vitamina C;
– 480 mg de caroteno (sendo quase totalmente licopeno, e uma pequena porção de β-caroteno).
Vitaminas presentes na melancia:
– Algumas vitaminas do complexo B, nomeadamente a vitamina B6 (0,22 mg), que existe em maior quantidade, e, posteriormente, pequenas quantidades de niacina – vitamina B3(0,16 mg), tiamina – vitamina B1(0,016 mg), riboflavina – vitamina B2 (0,032 mg)
– Vitamina E (α-tocoferol: 0,16 mg)
– Folatos: 3,2 µg
Minerais presentes na melancia:
– Sódio (6,4 mg)
– Potássio (160 mg)
– Cálcio (16 mg)
– Fósforo (8 mg)
– Magnésio (19 mg)
– Ferro (0,5 mg)
– Zinco (0,2 mg)
Fonte: Tabela de Composição dos Alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
Dica para melhorar a absorção do licopeno
No caso da melancia, este carotenoide antioxidante está mais biodisponível, ou seja, mais fácil de ser absorvido em temperatura ambiente. Assim, o ideal é cortar o fruto e comer de imediato, ou cortar o fruto e fazer um sumo – para ficar fresco pode adicionar gelo. Deixar a melancia no frigorífico torna o licopeno menos biodisponível. Se fosse no caso do tomate, a situação seria diferente uma vez que há maior concentração de licopeno no molho de tomate (que sofre aquecimento ou processamento) do que no próprio tomate in natura.
Atenção: quando for comprar o fruto, verifique a sua procedência (dê preferência a produtos nacionais e locais), confira a integridade da casca e evite comprar o fruto já partido ao meio, ou em quartos, por uma questão de higiene e segurança alimentar e também pela perda de outros nutrientes, como a vitamina C. Afinal, por quanto tempo estará aquela melancia cortada exposta? Não sabemos. Contudo, se comprar a melancia já aberta: coma-a o mais brevemente possível.
Todas as pessoas podem comer melancia?
Bem, retirando as pessoas que são alérgicas a este fruto, coloco um alerta amarelo para os diabéticos de plantão. A melancia é hipocalórica, tem muita água, mas a “Miss Fruta do Verão” tem um alto índice glicêmico (72) – o índice glicémico nada mais é do que a capacidade de um alimento elevar o nível de glicose no sangue. Isso faz com que os diabéticos tenham alguns cuidados extras ao comer a fruta para não terem picos de hiperglicemia. Assim sendo os diabéticos devem controlar o consumo de melancia.
Uma forma útil de comer fruta com alto índice glicémico é consumi-la juntamente com outros alimentos com alto teor de fibras, como, sementes (tipo linhaça, chia) ou frutos secos com pele, se possível, e sem sal (como amêndoas com pele (10g)). Por exemplo:
– Um sumo de melancia batido com as pevides da fruta e uma colher de chá cheia de sementes de linhaça germinada ou farelos de trigo/gérmen de trigo;
– Comer a melancia juntamente com outras frutas, como pera, ameixa (numa salada de frutas) e acrescentar uma colher de chá cheia de sementes de chia germinadas.
E depois de tantas informações acerca deste fruto, vamos finalizar com uma receita para refrescar as manhãs, tardes ou noites. Aproveite o verão e hidrate-se com esta fruta rica em propriedades benéficas para o nosso organismo!
Sumo de Melancia Drenante e Refrescante:
Ingredientes:
100gr de melancia (polpa, parte branca e pevides)
2 raminhos de hortelã-verde (1 colher de sopa cheia)
1 raminho de salsa (1 colher de sopa)
2 rodelas finas de lima (com casca)
Preparação: Bata todos os ingredientes no liquidificador e coe a mistura num coador de redes largas para não perder as fibras no momento de coar. Beba assim que preparado.
Preferencialmente: beba pela manhã em jejum na composição do pequeno-almoço, ou no lanche da manhã ou da tarde.
Recomendação: Se for diabético e tiver a glicemia controlada acrescente uma colher de chá de sementes de linhaça dourada durante a preparação, ou uma colher de sopa rasa de farelos de trigo após a confeção e mexa bem.
Fonte: Thaís Ramos, Nutricionista
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